“Deflação” artificial de Bolsonaro acaba junto com as eleições

Entre o primeiro e o segundo turno, o IPCA de outubro subiu 0,59%, aponta o IBGE. Alimentação, Saúde e Transportes puxaram a carestia que Bolsonaro tentou disfarçar

A inflação dos alimentos ajudou a derrubar a farsa da "deflação" criada por Guedes e Bolsonaro (Foto: Ichiro Guerra - Site do PT)

A realidade se impôs sobre os estelionatos eleitoreiros de Jair Bolsonaro e seu ministro desaparecido Paulo Guedes. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,59% em outubro, fazendo a “deflação” pontual e artificial ocorrida de julho a setembro se esvair entre o primeiro e o segundo turno das eleições. O indicador acumula alta de 4,70% no ano e de 6,47% nos últimos 12 meses.

Conforme os dados divulgados nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), todas as regiões pesquisadas apresentaram variação positiva em outubro. Dos nove grupos de produtos e serviços analisados, oito subiram.

A carestia de comidas e bebidas, que havia recuado em setembro, voltou a puxar a inflação oficial. No ano, o grupo acumula alta de 10,32%, mais que o dobro da variação do IPCA. Alimentação em casa vai a 11,78% e fora do domicílio, a 6,52%. Em 12 meses, a alta é de 11,21% – em casa chega a 12,70%, enquanto fora do domicílio vai a 7,30%.

A maior contribuição do mês, 0,16 ponto percentual (pp), veio justamente de Alimentação e bebidas (0,72%). Na sequência, vieram Saúde e cuidados pessoais (1,16%) e Transportes (0,58%), com impactos de 0,15 pp e 0,12 pp, respectivamente. Os três grupos responderam por 73% do IPCA de outubro.

“Há um claro contraste, porque Alimentação e Transportes, os dois grupos de maior peso, tiveram variação negativa em setembro e altas em outubro”, comenta o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

No entanto, a maior alta do mês foi do grupo Vestuário (1,22%). “Esse aumento tem acontecido desde a retomada do isolamento”, aponta Kislanov, ressaltando que, nos últimos 12 meses, a variação acumulada do setor foi de 18,48%, a maior entre os nove grupos que compõem o IPCA. O único grupo a apresentar queda em outubro foi Comunicação (-0,48%), que contribuiu com -0,03 pp.

Comer em casa ficou mais caro que na rua em outubro

A alta do grupo Alimentação e bebidas foi puxada pela alimentação no domicílio (0,80%). Os destaques foram batata-inglesa (23,36%) e tomate (17,63%), que contribuíram conjuntamente com 0,07 pp no índice do mês. Houve aumentos, ainda, na cebola (9,31%) e nas frutas (3,56%). No lado das quedas, destacam-se o leite longa vida (-6,32%), que mesmo assim acumula alta de 41,21% no ano.

A variação da alimentação fora do domicílio (0,49%) ficou próxima à do mês anterior (0,47%). Enquanto o lanche desacelerou de 0,74% em setembro para 0,30% em outubro, a refeição seguiu caminho inverso, passando de 0,34% para 0,61%.

Em Saúde e cuidados pessoais (1,16%), as maiores contribuições vieram de higiene pessoal (2,28%) e planos de saúde (1,43%), com impactos de 0,09 pp e 0,05 pp. Entre os itens de higiene pessoal, destacam-se perfumes (5,71%) e artigos de maquiagem (3,90%). O resultado dos planos de saúde é consequência dos reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para planos antigos.

Já os Transportes passaram de -1,98% em setembro para alta de 0,58% em outubro. O recuo dos combustíveis (-1,27%) foi menos intenso que no mês anterior (-8,50%). Gasolina (-1,56%), óleo diesel (-2,19%) e gás veicular (-1,21%) seguiram em queda, mas o etanol subiu 1,34%. Além disso, houve aumento expressivo nos preços das passagens aéreas (27,38%), maior contribuição individual no IPCA de outubro (0,16 pp).

Nesta segunda-feira (7), a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) revelou que o preço da gasolina subiu nos postos de abastecimento de todo o país pela quarta semana consecutiva. De 30 de outubro a 5 de novembro, o combustível teve alta de 1,4%, chegando ao preço médio de R$ 4,98 por litro. Considerando esse período de quatro semanas, o preço médio já acumula alta de 2,4%.

O novo aumento reforça a tendência de alta nos preços dos combustíveis aos consumidores, que vem desde meados do segundo turno. Apesar da pressão sobre a Petrobrás para não reajustar os preços nas refinarias, não houve meios de conter os reajustes da refinaria de Mataripe (BA), vendida pelo desgoverno Bolsonaro ao fundo árabe Mubadala. A gasolina subiu 2,42% na Bahia, o estado mais atendido pela refinaria.

O grupo Habitação (0,34%) desacelerou em relação a setembro (0,60%), devido à queda do gás de botijão (-0,67%), cujos preços haviam subido 0,92% no mês anterior, e à desaceleração da energia elétrica (0,30%) frente a setembro (0,78%). Mas o preço médio do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) de 13 quilos continua alto: R$ 109,86 por botijão.

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos e é referência para reajustes salariais na data-base das categorias, teve alta de 0,47% em outubro. No ano, o indicador acumula alta de 4,81% e nos últimos 12 meses, de 6,46%.

Da Redação, com Imprensa IBGE

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