Deputada denuncia Bolsonaro no STF por ameaça a jornalista

A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) protocolou uma denúncia contra o presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Diante da nova ameaça de “encher de porrada” a boca de um jornalista, a parlamentar afirmou que Bolsonaro “é um delinquente contumaz”

Lula Marques

Deputada Natália Benevides (PT-RN)

A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) protocolou uma denuncia contra o presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é acusado pelo crime de constrangimento ilegal, após ter ameaçado um jornalista. Mas pelas recorrentes agressões à liberdade de imprensa, a parlamentar disse que Bolsonaro “é um delinquente contumaz”.

A denúncia da deputada petista reage a ameaça feita por Bolsonaro a um jornalista no final de semana. “Estou com vontade de encher a tua boca na porrada, tá?”, respondeu ao ser questionado sobre os depósitos feitos por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro. Não é a primeira agressão à imprensa patrocinada pelo presidente.

“Bolsonaro perde as estribeiras quando indagado sobre depósitos de Queiroz pra primeira-dama Michelle e ameaça jornalista”, afirmou a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidenta do partido. “Esse é o presidente do Brasil, não suporta a democracia e a liberdade de imprensa e é agressivo quando confrontado com a verdade”, advertiu Gleisi.

Indignado com a postura de Bolsonaro, o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), voltou a cobrar a abertura do pedido de impeachment. “Fora Bolsonaro! É inadmissível esse comportamento, especialmente de um presidente. Bolsonaro não consegue explicar as suspeitas de corrupção que recaem sobre toda sua família e parte para a agressão”, afirmou.

 

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) cobrou “compostura” de Bolsonaro. “Mais uma vez o presidente Jair Bolsonaro choca o país com seu comportamento grosseiro”, afirmou a entidade no Twitter. A ABI se solidarizou com o profissional atingido e reafirmou que a pergunta feita ao presidente era pertinente e de interesse público.

“Lamentável ver a volta do perfil autoritário que tanta apreensão causa nos democratas”, apontou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz. Para ele, “o presidente vinha muito bem nas últimas semanas. Com sua moderação estava contribuindo para a pacificação do debate público”. Santa Cruz também prestou solidariedade ao jornalista ofendido.

O retorno de Bolsonaro ao seu estado natural também teve repercussão negativa da mídia internacional. “Perguntas sobre Queiroz continuam a perseguir a família Bolsonaro em uma investigação que parece incomodar o presidente e prejudicar sua promessa de não tolerar a corrupção”, alertou a Sky News.

Para o inglês de The Guardian, “Bolsonaro, que assumiu o poder em 2018 prometendo erradicar a corrupção, ainda não explicou adequadamente os pagamentos e reagiu de forma irritada quando questionado sobre eles no domingo”. A CNN norte-americana destacou que Bolsonaro fugiu de responder a pergunta do repórter.

Herança da ditadura

Em ato no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira, 24, Bolsonaro voltou a provoca a imprensa, chamando os jornalistas de “bundões”. O comportamento de Bolsonaro faz parte de sua herança ditatorial que, além da ofensa pública, usava a censura e a tortura para cercear a liberdade de imprensa. Xingar jornalistas, ainda, é a versão mais branda e contida do atual presidente.

Cheques para Michelle

A quebra do sigilo bancário de Fabrício Queiroz mostrou um total de R$ 72 mil repassados, em cheques, a Michelle Bolsonaro entre 2011 e 2016. As informações foram reveladas pela revista “Crusóe”, no início do mês. Além disso, o jornal “Folha de S. Paulo” informou que Márcia Aguiar, mulher de Queiroz, repassou R$ 17 mil para Michelle em 2011.

Em 2018, quando foi revelado um repasse inicial de R$ 24 mil de Queiroz para Michelle, Bolsonaro havia alegado que o ex-assessor havia feito depósitos para pagar uma dívida de R$ 40 mil, valor inferior ao total repassado. Diante das novas revelações, a violência contra uma jornalista foi a única “explicação” que o presidente ofereceu ao Brasil.

Da Redação, com PT na Câmara e PT no Senado

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