Dia das mães marcado pela crise, desemprego e falta de perspectivas

Mais de 11 milhões de mulheres brasileiras são responsáveis pelo sustento de suas famílias.

A pandemia escancarou e intensificou a realidade da desigualdade de gênero, salarial, falta de ocupação em cargos mais elevados, a precarização do trabalho feminino e os problemas que as mulheres enfrentam em jornadas duplas e triplas de trabalho. Além da busca pelo sustento fora, a maioria das mães brasileiras trabalham no serviço cotidiano da casa, administração, limpeza, cuidado com filhos, trabalho este desvalorizado, não remunerado e que sobrecarrega suas vidas, com a pandemia essas responsabilidades privadas estão contínuas, ocupando 24h de seus dias. Após um ano da crise que tem afetado o país em diversas esferas, econômica, social, política e sanitária (e aqui é sempre bom lembrar que demais fatores de crise no país vinham em uma crescente e se intensificaram com a pandemia), cerca de 8,5 milhões de mulheres ficaram desempregadas. Metade das mulheres brasileiras ficaram responsáveis pelo cuidado de alguém, o que afastou muitas do trabalho público e potencializou ainda mais a vulnerabilidade das mães brasileiras. Vivemos hoje um retrocesso de 30 anos na luta das mulheres por espaço no mercado de trabalho.

Não há o que comemorar neste dia das mães, a segunda data comemorativa que gera mais renda ao comércio, que com a crise tem tido prejuízos, assim como os setores de serviços domésticos, o cuidado, justamente o mercado de trabalho em que estão a maioria das mães trabalhadoras. São mais de 11 milhões mães solo, provedoras da família, sendo que 57% dessas mães vivem abaixo da linha da pobreza, a situação se agrava ainda mais para mães negras que somam 58% das desempregadas, segundo a pesquisa da SOF – Sempre Vida Organização Feminista.

“Para a mulher preta, o ‘corre’ sempre foi o mesmo. A gente sempre está com as crias, buscando pão e leite, precisando sobreviver. A pandemia só intensificou a situação”, explica a artesã pernambucana, Mariane Batista.

Um estudo da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) mostrou que quase 84% das mães sentiram maior sobrecarga em cuidar dos filhos durante a pandemia. Entre aquelas responsáveis por crianças, idosos ou pessoas com deficiência, três em cada quatro afirmaram que aumentou a necessidade de monitoramento e companhia para um terceiro, segundo a SOF. Além dos direitos já violados por tantas tarefas, a falta de direitos básicos de descanso e comida estão provocando esgotamento, problemas psicológicos e situação de miséria, com ela o medo de não ter comida na mesa da família.

“A gente já vivia em uma sociedade que, ao privatizar a responsabilidade do cuidado com as mulheres, principalmente no interior de suas casas, não dá conta do cuidado de todas as pessoas. A pandemia potencializou isso”, afirma a socióloga Tica Moreno.

A sobrecarga gerou ansiedade, um sintoma relatado por 26,76% das mães entrevistadas pela UFMS e 25,18% das mães apresentaram sintomas depressivos. Os fatores associados são, ficar desempregada durante a pandemia e sentir-se mais sobrecarregada no cuidado com os filhos.

“Se minha mãe está em casa, posso acessá-la o tempo todo”, diz o filho de Maria de 9 anos.

De acordo com a pesquisa da SOF , a maioria das mulheres afirma que a pandemia colocou a sustentação da casa em risco. No caso das mães, somente 10% das entrevistadas pela Noz e o CineMaterna não tiveram alteração na vida profissional, enquanto 28% delas perderam até 75% da renda familiar.

“Cheguei ao último dia do ano e vejo uma mãe irritada a décima potência, uma frustrada, uma companheira distante, uma cidadã querendo morar numa ilha deserta”, afirma a empreendedora Alice.

A falta de politicas públicas direcionadas a esta grande camada da sociedade dificulta ainda mais esta realidade, sem amparo do estado as mães brasileiras hoje estão sofrendo o descaso e a falta de perspectiva. A bancada de oposição na Câmara Federal de Deputados, sob liderança do PT, venceu a batalha do auxilio emergencial de R$600,00, com um olhar especial as mães solo, que receberam o dobro R$1,200, porém, a diminuição do auxilio em 2020 para menos da metade, R$375,00, está deixando milhares de mães sem perspectivas, amedrontadas pelo fantasma de outrora, a fome. O governo Bolsonaro é o grande responsável por tudo isso, se redimindo da função de estado em auxiliar famílias prejudicadas, obrigando mães solo brasileiras a viver sob estado de alerta, desespero e abandono.

Em contrapartida, a Secretaria Nacional de Mulheres do PT reforça a campanha PT Solidário, em especial com direcionamento de amor e alimento para esse dia das mães, reforçando a importância das mulheres para o desenvolvimento da sociedade e das famílias brasileiras e direcionando uma campanha de solidariedade, denunciando os desmontes deste governo genocida, lutando nos parlamentos para responsabilizar o estado e criar políticas de suporte as pessoas que estão precisando neste momento tão delicado de nossa história.

“É um dia das mães de luta, marcado pelo luto de famílias, que afeta em especial as mulheres, as mulheres mães, as mulheres periféricas. Neste dia das mães o maior presente é vacina no braço, comida na mesa, Fora Bolsonaro e esperança no coração”, conclui Anne Moura, Secretaria de Mulheres do PT.

 

Anaterra Viana, Agência Todas.

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