Elite deve parar de ser hipócrita com economia, diz empresário

Para Carlos Pastoriza, presidente da Abimaq, é necessário que se reforme a tributação, cobrando menos imposto do trabalhador e mais dos mais ricos

Presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, acredita que essa não é a pior crise que o país viveu: “O que mais está nos preocupando nesta recessão é a instabilidade política, porque de crise nós já estamos calejados”.

Pastoriza é representante do setor da indústria de base, empresas que fabricam maquinaria pesada, e um dos mais impactados pela desaceleração. O setor de máquinas e equipamentos caiu 35% em janeiro de 2016 em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da própria Abimaq. Isso ocorreu porque, em um cenário de crise, as empresas cortaram investimentos, que se traduzem justamente em novas máquinas e equipamentos.

Mas, ao contrário de parte da elite econômica do país, ele não vende um pessimismo sem soluções. Para ele, o Brasil sairá da crise depois de superar alguns desafios.

“A pré-condição para que haja uma recuperação da economia é que se solucione a crise política”, afirma ele. Segundo Pastoriza, a oposição, com o intuito de derrubar a presidenta Dilma Rousseff (PT), acabou prejudicando todo o país. “Os projetos são usados como arma de chantagem e o Brasil ficou em segundo plano”, opina. Para ele, é necessária uma trégua para que o governo possa atuar em uma agenda que possibilite a volta para um ambiente estável, em que o empresário volte a ter confiança.

A boa notícia, segundo Pastoriza, é que a desvalorização recente do real frente ao dólar vai estimular as exportações, que já começam a subir, e desestimular a importação, favorecendo os produtos nacionais no mercado interno. Pastoriza esteve em viagem ao Chile com a presidenta Dilma Rousseff na última sexta-feira 25 de fevereiro. Segundo ele, no setor de máquinas, o cenário de exportações para o país latino-americano é bastante positivo.

Em março de 2014, o dólar girava em torno dos R$ 2,32. Hoje, a moeda americana está cotada em R$ 3,90. “Quando o real ficou muito valorizado, o produto importado ficou muito barato”, lembra o empresário. Com isso, a indústria brasileira parou de produzir, e começou a importar produtos e revende-los. Agora, com o real desvalorizado, o produto nacional ganha competitividade tanto no mercado externo quanto interno. Dados divulgados na terça-feira, 1º de março, mostram que as exportações em fevereiro cresceram 4,6%, enquanto as importações caíram 35%, gerando um superávit de R$ 3 bilhões na balança comercial. Foi o melhor valor para o mês desde 1989.

Elite hipócrita

Para Pastoriza, o ajuste fiscal é importante para que, com uma dívida menor, o governo possa reduzir os juros e assim, estimular a economia. Juros mais baixos estão entre as propostas do PT para a retomada econômica e possibilitam economia do governo com o pagamento dos juros da dívida (que em 2015 totalizou R$ 501 bilhões). Além disso, estimulam todo o setor produtivo, já que os empresários conseguem dinheiro mais barato para investir. Hoje, compensa mais deixar o dinheiro aplicado em títulos públicos do que iniciar um novo investimento em produção.

“O nosso sistema tributário é desenhado para aumentar a disparidade de renda”

“A elite brasileira precisa parar de ser hipócrita”, afirma o empresário, que se considera como membro da elite. Para ele, é necessário que se reforme a tributação no país, cobrando menos imposto do trabalhador e mais dos mais ricos. Enquanto isso, essa mesma elite pede corte de gastos do governo, mas não se propõe a ela mesma contribuir para o aumento de receitas.  “O nosso sistema tributário é desenhado para aumentar a disparidade de renda”, afirma ele.  O PT apresentou ao Planalto propostas para reformar o Imposto de Renda e aumentar a tributação sobre lucros e dividendos, por exemplo.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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