Em cinco meses, programa de tratamento a usuários de crack realizou 28 mil atendimentos

Usuários que aderiram à iniciativa reduziram o consumo de crack em até 50%, segundo a Prefeitura de São Paulo

BracosAbertos1Criado em janeiro deste ano pela Prefeitura de São Paulo, o programa de resgate social dos usuários de crack “De Braços Abertos” contabiliza mais de 28 mil atendimentos de saúde no período. a iniciativa é resultado de um longo diálogo entre o governo municipal e os moradores da região da Nova Luz, popularmente conhecida como Cracolândia. Além de trabalho remunerado e alimentação, aqueles que aderem ao programa têm direito a vaga em um dos hotéis da região. Segundo dados da prefeitura, houve uma redução no consumo de crack entre os beneficiários, em média, de 50% a 70%.

De 10 a 15 pedras por dia, o consumo foi à média de 5. Para as equipes municipais de saúde, a redução foi consequência do resgate social e da inserção de atividades que organizam uma rotina diária. Os consumos ainda constatados ocorreram no período noturno, período em que os beneficiários estão afastados do trabalho.

Até o momento, 422 pessoas se cadastraram. São 273 homens e 149 mulheres que se reintegraram à sociedade. Do grupo, 12 beneficiários já estão trabalhando fora do programa, 18 atuam nas frentes de trabalho em órgãos municipais, 228 fazem a varrição de ruas e 66 participam do projeto de capacitação em jardinagem Fábrica Verde. Além disso, 16 das 28 crianças integrantes do projeto foram inseridas em creches, e, outros três beneficiários ingressaram em cursos no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

“Essa experiência tem gerado bons resultados, como apontam os números divulgados”, avalia a secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, Luciana Temer.

Ela credita o sucesso do programa à mudança de paradigma adotado pela prefeitura, no enfrentamento da questão do uso do crack. “Abandonando o princípio da repressão e internação por acolhimento, trabalho, assistência social e de saúde, ajudamos o dependente no processo de reintegração social”, explicou.

O programa cria condições para que o usuário pense em buscar tratamento, vislumbrando outras possibilidades além da droga. “Para quem está de fora pode parecer um equívoco remunerar ou deixar o dinheiro na mão do usuário, mas essa iniciativa, trabalho com remuneração, recupera um pouco a dignidade, a auto estima da pessoa e permite enxergar um fio de luz no fim do túnel”, disse um dos pacientes em tratamento.

Acompanhado pelo prefeito Fernando Haddad, o príncipe Harry visitou a Cracolândia, na quinta-feira (26). Ele conversou com os moradores da região, alguns beneficiários do programa. O projeto é um trabalho amplo municipal que envolve as secretarias de Saúde, de Assistência e Desenvolvimento Social, do Trabalho e Empreendedorismo, de Segurança Urbana, de Desenvolvimento Urbano e Direitos Humanos e Cidadania.

Por Camila Denes, da Agência PT de Notícias

 

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