Érika kokay, Juliana Cardoso e outras 4 parlamentares são vítimas de violência política de gênero

Decisão de encaminhar pedido de cassação de mandato para seis parlamentares de esquerda, mostra que perseguição às mulheres ainda vigora na Câmara

Divukgação

Deputadas petistas Érika Kokay e Juliana Cardoso enfrentam pedido de cassação

No último dia 31 de maio, em uma manobra que evidencia uma clara violência política de gênero, passou a tramitar no Conselho de ética da Câmara dos Deputados o pedido do partido de Bolsonaro, pela cassação do mandato de seis deputadas de esquerda. São elas: Érika Kokay (PT-DF) e Juliana Cardoso (PT-SP), Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Célia Xakriabá (PSOL-MG), Fernanda Melchionna (PSOL-RS).

A representação contra as deputadas federais choca, pois foi aceita em 24h, após o pedido do partido de oposição. A argumentação da extrema direita é de que as parlamentares ofenderam o deputado Zé Trovão (PL-SC), durante a votação do catastrófico marco temporal, que ocorreu na semana passada, e foi aprovado por 283 votos a favor e 155 contrários, o projeto de lei (PL 490/07) restringe a demarcação de terras indígenas, exigindo a comprovação de que aqueles povos indígenas já habitavam o local para demarcação antes de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição federal atual.

A secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura, acredita que o gesto de Câmara representa, além de uma violência política de gênero, uma grave agressão aos direitos políticos das parlamentares: “Antes de tudo quero expressar meu apoio irrestrito às companheiras que estão sendo injustiçadas por essa decisão, em especial minhas companheiras de partido Juliana e Érika. Elas, assim como as demais deputadas, estavam defendendo a vida de milhares de homens, mulheres e crianças indígenas. A rapidez com que o pedido foi pautado explicita uma clara ameaça às mulheres que exercem seus mandatos com foco na redução de desigualdades e na defesa do povo. Não vão nos calar!”, afirmou Anne.

A deputada petista do Distrito Federal, Érika Kokay, divulgou uma resposta à representação que pede a cassação do seu mandato:

“Foi com serenidade, consciência absolutamente tranquila, mas com indignação que reagi à representação do PL pedindo a cassação do meu mandato no Conselho de Ética da Câmara Federal por denunciar o genocídio indígena que representa o projeto do novo Marco Temporal.

O partido de Bolsonaro, ex-presidente que chegou a ser denunciado pela ONU por crimes contra os povos indígenas, afirmou que eu – na honrosa companhia de outras cinco deputadas de luta: Juliana Cardoso (PT/SP), Célia Xacriabá (PSOL/MG), Sâmia Bonfim (PSOL/SP), Talíria Petrone (PSOL/RJ) e Fernanda Melchionna (PSOL/RS) – teria ofendido parlamentares a favor da proposta após a aprovação da sua urgência no Plenário da Câmara na noite de 24/05/2023.

Ora, a ofensa foi mesmo feita, mas não por nós, e sim ao povo brasileiro, que viu direitos históricos e consagrados na Constituição serem rasgados em nome da ganância e do poder econômico. A representação do PL é uma nítida e ineficaz tentativa de nos intimidar e tem um forte componente sexista. Não irão conseguir. Nós não vamos recuar e seguiremos ainda mais fortes na defesa dos direitos dos povos indígenas e de todo o povo brasileiro.”

O que é violência política de gênero

A lei 14.192/2021 estabelece normas para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher, nos espaços e atividades relacionados ao exercício de seus direitos políticos e de suas funções públicas. A norma considera violência política contra a mulher toda ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir, obstaculizar ou restringir os direitos políticos da mulher.”

A lei ainda reforça que serão garantidos os direitos de participação política da mulher, vedadas a discriminação e a desigualdade de tratamento em virtude de sexo ou de raça no acesso às instâncias de representação política e no exercício de funções públicas. Segundo a norma, constituem igualmente atos de violência política contra a mulher qualquer distinção, exclusão ou restrição no reconhecimento, gozo ou exercício de seus direitos e de suas liberdades políticas fundamentais, em virtude do sexo.

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania destaca ainda que não somente as mulheres que concorrem a cargos públicos estão sujeitas a este tipo de violência, mas, também, as eleitas. “Inclui-se nesta concepção de violência política de gênero as eleitas, as candidatas aos cargos eletivos, as ocupantes de cargos públicos, as dirigentes de conselhos de classe, de empresas estatais e das entidades de representação política. Em suma: atos sistêmicos de violência com o objetivo de excluir a mulher do espaço político. É uma das causas da sub-representação.”

Da Redação do Elas por Elas, com informações do UOL, Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e Planalto 

 

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