Flávio Bolsonaro ‘lavou’ R$ 638 mil em compra de imóveis, diz MP-RJ

Para investigadores, o filho de Jair pagou o valor em dinheiro vivo, fruto do esquema de rachadinha comandado por Fabrício Queiroz no gabinete da Assembleia Legislativa

Geraldo Magela/Agência Senado

O senador Flávio Bolsonaro (sem partido) e sua mulher, Fernanda, compraram em dinheiro vivo, de forma ilegal, dois imóveis no valor de R$ 638 mil, localizados em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro (RJ). Segundo o Ministério Público (MP-RJ), o então deputado estadual teria usado o dinheiro proveniente da ‘rachadinha’ na compra dos dois imóveis e, com isso, ‘lavado’ os recursos do esquema ilegal. O filho de Jair Bolsonaro teria coagido servidores de seu gabinete na Assembleia Legislativa do RJ (Alerj) a devolver parte de seus salários a ele.

De acordo com a investigação, no dia 27 de novembro de 2012, Flávio e Fernanda compraram dois imóveis em Copacabana no valor de R$ 310 mil, segundo a escritura. O pagamento foi feito em duas etapas: um sinal de R$ 100 mil pago em cheque no dia 6 de novembro, e mais dois cheques, que somam R$ 210 mil, no dia da compra. Glenn Dillard, responsável pelo imóvel, foi ao banco no dia 27 e depositou os cheques e mais R$ 638.400,00 em dinheiro vivo ao mesmo tempo. A agência das transações fica a 450 metros do cartório onde a escritura foi assinada, que, por sua vez, fica a 50 metros da Alerj.

Segundo os promotores do caso, Flávio e sua mulher não venderam nenhum imóvel naquele ano e, portanto, não tinham disponibilidade financeira para o negócio. Ou seja, a origem desses recursos seria o esquema de ‘rachadinha’ na Alerj, comandado pelo então assessor Fabrício Queiroz. As informações foram reveladas pela Folha de S. Paulo, baseadas no pedido de busca e apreensão feito pelo MP-RJ, cumprido nesta quarta-feira (19).

Ainda segundo a Folha, pouco mais de um ano depois Flávio vendeu os imóveis e declarou um lucro de R$ 813 mil, mas pelas contas do MP o rendimento foi de R$ 176,6 mil.

R$ 2 milhões e 483 depósitos

 

O pedido de busca e apreensão ocorreu após um relatório do Ministério Público que revelou que Queiroz recebeu R$ 2 milhões de outros 13 assessores do gabinete de Flávio na Alerj. Os dados divulgados pela imprensa foram apurados a partir das quebras de sigilo bancário do ex-assessor. Entre 2007 e 2018, foram realizados 483 depósitos na conta de Queiroz vindos de outros assessores subordinados ao filho de Jair Bolsonaro.

O relatório também aponta que um cabo da Polícia Militar pagou despesas pessoais da família de Flávio Bolsonaro. Dono da empresa de vigilância Santa Clara Serviços, Diego Sodré de Castro Ambrósio quitou com recursos próprios um boleto bancário de R$ 16.564,81 emitido em nome de Fernanda Bolsonaro, mulher do atual senador.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Folha de S. Paulo

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