Fuga de investidores e desemprego em alta, mas Guedes e equipe deliram

Executivo do banco Crédit-Suisse diz que a instabilidade política e o fraco PIB do país em 2020 tornam o Brasil pouco atraente para investimentos externos. Enquanto o desemprego dispara, o governo compara situação com os EUA. “O copo está meio cheio”, diz secretário do Ministério da Economia, sem mencionar o “apagão de dados” do mercado de trabalho

Bruno Caramori

O Brasil sob o comando de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes é um pesadelo para investidores estrangeiros, para os trabalhadores, os pobres, micro e pequenos empresários. Enquanto o ministro da Economia promete dinheiro para as grandes empresas e delira, sonhando com cassinos no Rio de Janeiro para atrair turistas endinheirados e prometendo vender aeroportos na bacia das almas, o país vive a fuga de recursos e o desemprego dispara. Em abril, foram fechadas 860.503 vagas com carteira assinada no país.

As empresas estão quebrando no país por conta da falta de iniciativas da equipe econômica. Mas Guedes só pensa em salvar as grandes companhias, ao mesmo tempo em que o desemprego explode e amplia-se a desigualdade. O governo negacionista finge não ver a realidade. Nesta quarta-feira, 27, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, disse que o governo pretende reavaliar o programa de empréstimos para cobrir a folha de pagamento das empresas e evitar o aumento do desemprego.

Mas não definiu prazos e nem estima em quanto tempo virá uma resposta. Tudo depende de uma decisão do ministro e do presidente. Alienado como o presidente, Bianco teve a coragem de dizer que o Brasil está em melhor situação que os Estados Unidos, onde os pedidos de seguro-desemprego levaram 38 milhões de americanos a bater às portas do governo e solicitar o benefício. “O copo está meio cheio, estamos preservando emprego e renda”, delirou o secretário.

A ex-ministra do Desenvolvimento Social Tereza Campello alerta: desemprego está em alta e país vive desde 2018 um “apagão de dados” sobre o mercado de trabalho

Bianco sofisma. Diz que, no Brasil, o emprego tem sido mantido, mas, por causa da crise, a geração de postos tem sido inferior. É uma mentira. O país enfrenta um “apagão de dados”, como denunciou a ex-ministra Tereza Campello. “No Brasil, os números do seguro-desemprego no portal do governo federal não são atualizados desde 2018”, adverte a economista, que comandou o Ministério do Desenvolvimento Social no governo Dilma.

Capital externo desconfiado

Os investimentos externos estão em fuga, embora o Posto Ipiranga diga que o Brasil continua a ser atrativo para estrangeiros. Não é o que a realidade mostra. A resposta do governo à pandemia e a crise aprofundada pelos ataques do presidente às instituições e à própria democracia estão afastando investimentos. A avaliação geral é que o país terá dificuldade para a retomada da economia, mesmo com cenário externo favorável. O capital desconfia do Brasil.

Nesta quarta-feira, 27, o economista  Sylvio Castro, executivo-chefe de investimentos da filial do Crédit-Suisse no Brasil, surge no ‘Valor’ apontando que o país deixou de ser atraente por conta do risco político representado pela presença de Jair Bolsonaro no comando do país e do PIB raquítico, que já vinha se desenhando antes mesmo da pandemia do coronavírus. Isso é perceptível pela revelação feita pelo Banco Central sobre o recuo do investimento direto no Brasil, que somou apenas US$ 234 milhões em abril. Este é o menor valor desde 1995, fechando abaixo do US$ 1,5 bilhão projetado pelo BC.

A combinação da ausência de planos de combate à pandemia e da “delicada situação fiscal” do país tende a levar o Brasil a enfrentar uma recuperação lenta de sua economia. A avaliação é do economista Fernando Veloso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas. Em entrevista ao ‘Valor’, ele se diz preocupado com o risco de uma piora do ambiente de negócios no país.

Da Redação

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