Guedes não engana. E ‘Financial Times’ alerta: “Paralisia política de Bolsonaro prejudica o país”

O mais influente jornal financeiro do mundo, leitura obrigatória para investidores estrangeiros, diz que a situação brasileira é preocupante porque o “presidente está travado em disputas políticas destrutivas com as instituições do Estado”

O ministro da Economia, Paulo Guedes, vende otimismo. Na terça-feira, 16 de junho, disse que o “futuro do Brasil é brilhante”. Mas a realidade é assustadora: a crise econômica brasileira está sendo agravada pela omissão do governo no combate à pandemia do novo coronavírus.

E quem diz isso não são apenas economistas contrários à agenda neoliberal do ministro, ou parlamentares da oposição. É ninguém menos que o jornal ‘Financial Times, o principal porta-voz do mercado financeiro. O diário britânico alerta: “a paralisia política de Jair Bolsonaro prejudica a resposta à pandemia que atingiu duramente o país”.

O ministro promete atrair investidores e um céu de brigadeiro para a economia brasileira. Mas não tem plano para tirar o país do buraco e está perdendo colaboradores, o que demonstra que nem a sua equipe econômica põe fé no taco do ex-garoto de Chicago. Diante do fracasso, Guedes tirou novos coelhinhos da cartola. Anunciou que vai retomar a privatização da Eletrobras, dos Correios, do Porto de Santos e do Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), além de abrir o capital da Caixa Seguridade. Tudo isso seria vendido ainda este ano.

Guedes pode iludir parte da elite brasileira, ansiosa em manter seus ganhos em meio à miséria crescente e à gritante desigualdade nacional, mas não pode esconder o que está acontecendo no Brasil aos olhos do mundo. O país ruma ao desastre. E o fracasso tem nome e sobrenome. O ‘Financial Times’ alerta que Jair Bolsonaro, “o presidente de extrema-direita”, segue “travado em disputas políticas destrutivas com instituições do Estado”, o que o impedem de agir contra a pandemia e pela retomada da economia.

Números escancaram o fracasso

O texto é assinado pelos correspondentes Bryan Harris e Andres Schipani e prevê dificuldades crescentes do país, por conta da má condução do país pelo governo Bolsonaro, que agravou um quadro econômico que já vem fragilizado pela recessão.  Agora, o país é um ponto de acesso global para o Covid-19, com quase 1 milhão de infecções confirmadas e um número de mortos diário superior a 1.000.

“O Banco Mundial prevê que a economia brasileira encolherá 8% este ano, à medida que a grande paralisação pesa sobre as empresas e os consumidores”, diz o texto. “A economista Monica de Bolle disse que a contração pode chegar a 10%. Dentro da América do Sul, apenas o Peru deve ser atingido com mais força”, compara a reportagem. 

“Particularmente premente é a questão do desemprego em um país onde apenas um terço da população tem acesso à poupança”, ressalta o texto. A taxa oficial de desemprego no primeiro trimestre de 2020 foi de 12,2%, equivalente a quase 13 milhões de pessoas. Analistas dizem que pode subir para quase 19% este ano, com a pandemia pressionando ainda mais uma economia debilitada.

Indicadores sociais ruins

O jornal fala das queixas das pequenas e microempresas para obter crédito nas instituições financeiras. “Apesar de empregar mais da metade da população trabalhadora, há muito queixam-se de não conseguir acessar o crédito para suportar o impacto da paralisação econômica”, informa. Menos da metade dos 6 milhões de pequenos negócios que pediram ajuda financeira aos bancos receberam financiamento, aumentando o risco de uma onda de falências.

“As dificuldades são ainda mais complicadas pelo vasto setor informal, que recebe cerca de 40 milhões de trabalhadores, que não são incluídos nas estatísticas oficiais de desemprego, mas são os que mais sofrem com a paralisação econômica”, destaca a reportagem. O jornal informa que programas de renda básica estão sendo discutidos mas diz que não há uma definição de onde virá o dinheiro para custear o projeto.

E conclui: os esforços de reforma do governo fracassaram, golpeados primeiro por guerras políticas entre Bolsonaro e o Congresso e, depois, pelo impacto do vírus. O jornal inglês relata que as tensões entre Bolsonaro e as instituições do Estado continuarão a minar a resposta econômica à crise. E que, por isso, a economia o Brasil retornará mais lentamente do que outros países porque a pandemia agravou os problemas políticos.

Da Redação

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast