Haddad quer lei de incentivo para rádios comunitárias em SP
Em encontro com jornalistas, Haddad propôs que parte do orçamento de publicidade seja destinado a esses veículos, com o intuito de democratizar comunicação
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O prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) quer criar uma lei de incentivo à comunicação e às rádios comunitárias. A ideia do projeto é destinar parte do orçamento de publicidade às rádios comunitárias da cidade. Hoje, segundo Haddad, a prefeitura tem um orçamento de R$ 100 milhões destinado à publicidade.
O prefeito se reuniu com representantes rádios comunitárias de várias regiões de São Paulo na sede da Prefeitura, no Viaduto do Chá, na manhã da sexta-feira (15).
“Temos que criar um plano plano pró-diversidade e liberdade da comunicação. O liberalismo é contra o oligopólio (midiático)”, afirmou ele.
A ideia é de que os próprios representantes das rádios façam a minuta do projeto, que só então passaria pela equipe jurídica da prefeitura e seria encaminhado como Projeto de Lei.
A ideia é que a lei seja feita aos moldes da “Lei de Fomento às Periferias”, cujo objetivo é financiar a produção cultural nos bairros mais afastados da cidade.
“Temos a crença de que a cultura é um antídoto contra o fascismo. Estamos em um momento muito delicado. Há uma onda de conservadora que não para de crescer desde 2013. Estão mais sedentos que nunca em promover a agenda da intolerância”, diz ele.
“Esse café (como prefeito) tinha que ocorrer. A comunicação comunitária é uma contrapartida à grande mídia”, afirma Anderson, do Jornal Empoderado e da Rádio Resistência.
Para ele, a população está mal informada, ou melhor: informada do jeito errado. Ele afirma ter escutado em seu bairro que a presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) era a responsável pelo problema da merenda no Estado de São Paulo, que é, na realidade, responsabilidade do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
“Há um bloqueio midiático gigante”, afirma Ana Flávia Marx, do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé. Haddad também reclamou da cobertura parcial da mídia.
O prefeito contou que recentemente, deu uma entrevista a uma jornalista da TV Globo em frente ao novo Hospital de Parelheiros, em construção, onde foram investidos R$ 200 milhões, mas a Globo não transmitiu a reportagem, por exemplo.
Os jornalistas reconheceram a importância do encontro. Sheila, da rádio comunitária de Guaianazes, afirmou que foi a primeira vez que um prefeito chamou as rádios comunitárias para uma conversa.
João Bravin, do diretório municipal do PT São Paulo, destacou que as rádios foram inviabilizadas com as restrições de publicidade impostas. Para o prefeito, o apoio governamental é uma maneira de viabilizar novamente esses meios de comunicação.
Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias