Humberto relembra capacidade de “construir consensos” de Eduardo Campos

Para o líder do PT no Senado, Eduardo Campos, se estivesse vivo, cumprira, hoje, o papel de tentar unir a sociedade, superar a crise e construir um Brasil melhor

Na conjuntura tão polarizada, onde tantas vezes a divergência resvala para a intolerância, faz falta ao País um quadro político como o ex-governador Eduardo Campos (PSB), morto há um ano, em um acidente de avião, quando disputava a presidência da República. “Se vivo ele estivesse, qualquer que fosse a sua posição — presidente ou sem mandato — ele estaria hoje cumprindo o papel de tentar unir a sociedade, superar a crise e construir um Brasil melhor”, avalia o senador
Humberto Costa (PE), líder do PT, na homenagem prestada pelo Senado a Campos, na manhã desta quinta-feira (13).

“Em nome do Partido dos Trabalhadores, em meu nome, em nome do ex-presidente Lula, quero expressar o sentimento de reconhecimento, de gratidão e, acima de tudo, o sentimento da compreensão do papel que Eduardo cumpriu e que, certamente, seu legado vai continuar a cumprir no nosso País”, afirmou o senador, para quem a sessão solene e as honras prestadas pelo Senado a Eduardo Campos foram “acima de tudo, um ato de justiça”.

Contemporâneo e muitas vezes companheiro de atuação de Eduardo Campos na política pernambucana, Humberto recordou o ex-governador como “alguém que conseguiu, ao longo da sua trajetória, construir pontes e produzir consensos”. Herdeiro e profundamente vinculado ao líder socialista e ex-governador Miguel Arraes, seu avô, Campos “teve a oportunidade de produzir um grande projeto que uniu Pernambuco”, recordou Humberto, quando chegou à chefia do Executivo de seu estado, em 2007.

“Sempre nós dissemos que, sem Lula, Pernambuco não teria avançado o quanto avançou. Mas, sem Eduardo, nós não teríamos aproveitado essa oportunidade que o Governo Federal nos deu. Ele foi capaz de apresentar projetos arrojados, de unir o empresariado, de unir os políticos, de unir a sociedade, para fazer uma grande gestão em que a parceria foi o tom principal”, destacou o líder petista, para quem o ex-governador provou na prática que é possível mexer nas estruturas do Estado para atender a população — ou, como dizia Eduardo campos, “fazer a máquina moer” para os que mais precisam.

A relação do PT de Pernambuco com Arraes e seu herdeiro político vem de longe, desde o retorno do ex-governador do exílio, após a Anistia de 1979, época em que o Partido dos Trabalhadores dava os primeiros passos de sua organização. Dez anos depois, quando Lula chegou ao segundo turno da primeira eleição direta para a Presidência após a redemocratização, Arraes e Eduardo Campos, então filiados ao PMDB, foram fundamentais para o expressivo resultado eleitoral do candidato petista em Pernambuco, recordou Humberto, que no ano seguinte seria eleito, assim como Eduardo Campos, para a Assembleia Legislativa de seu estado, onde integraram o mesmo bloco parlamentar.

O senador petista destacou o papel desempenhado por Eduardo Campos no primeiro governo Lula, quando exerceu o cargo de ministro da Ciência e Tecnologia, quando não apenas reverteu as reservas de mitos cientistas e muitos técnicos, receosos de ver um político à frente da pasta, como levou o Ministério a um patamar importante. “Dialogou com a comunidade científica, construiu ações fundamentais, entre elas aquela que se tornou mais conhecida, uma das mais importantes de discutirmos, uma legislação que pudesse tratar de pesquisa científica em relação a células-tronco. E aí o Brasil avançou bastante nessa área”, relatou Humberto.

Por Cyntia Campos, do PT no Senado

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