José Guimarães critica Reforma da Previdência de Bolsonaro

“Não há uma linha na proposta para cobrar a dívida dos devedores, os bancos e as empresas estatais, que devem mais de R$456 bilhões à Previdência”

Gabriel Paiva

José Guimarães

O deputado José Guimarães (PT-CE) criticou pelas redes sociais a proposta de Reforma da Previdência entregue pessoalmente pelo presidente Bolsonaro ao Congresso nesta quarta-feira (20). Segundo ele, essa reforma é injusta e cruel porque não acaba com os privilégios e nem cobra as dívidas bilionárias dos devedores da Previdência, mas, ao mesmo tempo, retira direitos da população mais pobre do país.

“[A reforma] não trata da questão do teto salarial, que é uma questão central para o déficit da Previdência, não ataca os sonegadores, aqueles que costumeiramente devem e não contribuem para a Previdência, não há uma linha na proposta para cobrar a dívida dos devedores, os bancos e as empresas estatais, que devem mais de R$ 456 bilhões à Previdência”, atacou.

Segundo ele, a proposta elaborada pelo ministro da Economia Paulo Guedes e entregue pessoalmente pelo presidente Bolsonaro aos presidentes da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, senador David Alcolumbre (DEM-AP), quer arrecadar “1 trilhão de reais em dez anos” – segundo informou o ministro da Economia – retirando direitos do povo brasileiro.

“Aí o Ministro Guedes chega e diz ’em 10 anos eu vou arrecadar 1 trilhão de reais’. Mas arrecadar de onde? Impedindo as aposentadorias, aumentando a idade de aposentadoria da mulher de 55 para 62 anos, que é uma perversidade, até é uma questão de gênero, eu nunca vi um troço desses, e aumentar a do homem para 65 anos, estabelecendo a contribuição obrigatória de 40 anos. É uma proposta que em seu cerne não ataca o principal problema do déficit da Previdência, que são exatamente os privilégios”, observou.

De acordo com José Guimarães, a Reforma da Previdência de Bolsonaro deve enfrentar uma forte resistência no Congresso. Como exemplo dessa dificuldade, o petista disse que a base do governo “está desarticulada e sem comando” e que “isso ficou claro com a votação do decreto de sigilo de documentos ontem (19) aqui na Câmara”. “Ou seja, é um governo tonto, sem rumo, que analisa e trata o País de mais de 200 milhões de habitantes no sentido de fazer uma reforma para retirar os direitos dos de baixo”, criticou.

Mobilização

O parlamentar destacou ainda que para obter sucesso na derrubada da proposta do governo Bolsonaro, é fundamental a mobilização da sociedade nas ruas contra a Reforma.

“Nós, da Bancada do PT, da oposição, vamos trabalhar muito. Quais as ações que nós precisamos desenvolver nesse momento? A primeira delas é unir as oposições aqui na Casa para discutir o mérito da reforma e construirmos uma ação que leve à derrota do governo aqui dentro. As mobilizações sociais, os movimentos sociais, as centrais sindicais que, aliás, iniciam uma jornada hoje, em vários pontos do Brasil já se iniciam grandes mobilizações. Se a gente casar a mobilização de rua com a ação articulada da Oposição aqui na Câmara, o governo terá muita dificuldade para aprovar esta reforma”, adiantou Guimarães.

Fragilidade política

Em entrevista à TV Câmara, o parlamentar ressaltou que é preciso aproveitar o atual momento de fragilidade política do governo Bolsonaro para derrotar a Reforma da Previdência. “Eu nunca vi um presidente vir à Casa e ter meia dúzia de deputados. Isso mostra a incapacidade política do governo de articular aqui na Câmara. O governo não tem centro político, não tem diálogo e não tem como construir uma base parlamentar que dê conta de uma matéria tão polêmica, tão grandiosa como é a Reforma da Previdência”, ressaltou.

Por PT na Câmara

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