Lula, em Maceió: “Vamos fazer em quatro anos o que a elite não fez em 400”

“Quando a gente fizer o orçamento da União, não vamos pensar nos de cima, o orçamento vai começar pelos de baixo”, disse Lula, em ato com lideranças. “E vamos colocar os ricos no imposto de renda”

foto: Ricardo Stuckert

Lula, em visita ao estado de Alagoas: "Vamos fazer a economia voltar a crescer, gerar emprego formal"

Saudado por uma multidão que lotou o Centro de Convenções em Maceió (AL), Lula encerrou o ato público nesta sexta-feira (17), ao lado de lideranças do PT e de partidos aliados. Além de Lula, o ato contou com discursos do ex-governador Geraldo Alckmin, da presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, do senador Renan Calheiros, do ex-governador Renan Filho e do atual governador de Alagoas, Paulo Dantas. Em tom emocionado, Lula conclamou os nordestinos a participarem do projeto de reconstrução representado pelo movimento Todos Juntos pelo Brasil.

“Quando um homem ou uma mulher tem uma causa, eles têm uma motivação”, revelou Lula. “Eu quero voltar porque tenho certeza, a fé que tenho em Deus que, em quatro anos, a gente vai fazer o povo brasileiro voltar a ser feliz outra vez. Vamos fazer a economia voltar a crescer, gerar emprego formal. O povo trabalhador tem direito a carteira assinada, com férias, descanso semanal remunerado, segurança social. É o que falta nesse país”, apontou.

Lula reafirmou que o compromisso de seu projeto é com o povo mais humilde, historicamente ignorado pela classe rica. “Quero provar outra vez, quero fazer em quatro anos o que a elite brasileira não fez em 400”, avisou Lula. O petista  afirmou que a mudança é possível mas depende de vontade política.

“Precisamos de um Congresso forte, porque vamos mudar e a mudança é simples. Vamos colocar o povo pobre no orçamento da prefeitura, do Estado, da União”, explicou Lula. “Quando a gente coloca o pobre no orçamento, ele começa a receber dinheiro, vira consumidor, o comércio vende, a fábrica começa a produzir. Vai gerando emprego, cada emprego gera um salário, e assim esse país vai para frente”. 

“E vamos colocar os ricos no imposto de renda, para que paguem sobre lucros e dividendos”, assegurou o petista.

Combate à fome

“Quero voltar para provar que o povo não precisa ficar no açougue esperando osso ou carcaça de frango. O povo pode voltar a comer carne de qualidade, coxa e sobrecoxa de frango, a comer peito, não pé e pescoço. Quero ver vocês comendo um churrasquinho com a família no final de semana”, confessou Lula.

“Saí de Caetés com sete anos”, recordou o líder petista. “Minha mãe saiu com oito filhos agarrados no rabo da saia dela num pau-de-arara. Fomos para São Paulo para não morrer de fome. Isso faz 70 anos e agora eu vejo uma notícia no jornal que hoje tem 30 milhões de pessoas passando fome, que São Paulo tem 8 mil pessoas dormindo na rua. Fazia tempo que eu não via nesse país uma mulher com criança pedindo esmola, comida. A gente tinha acabado com isso no Brasil. As pessoas estavam comendo, trabalhando’, lamentou. 

Com Lula, o povo era prioridade

Lula destacou que nas gestões do PT o povo era prioridade. ”Como é que esse país conseguiu construir 1 milhão, 290 mil cisternas para as casas? 190 mil para a pequena produção? Como geramos 22 milhões de empregos?”, indagou Lula, lembrando ainda do maior programa habitacional da história do Brasil, o Minha Casa, Minha Vida.

“O que o povo precisa é de casa, não de nome. As pessoas que ganham até dois salários mínimos têm de ter subsídio do governo.  Hoje não conseguem sequer pagar R$ 200 de prestação”.

“Como foi possível a gente fazer 19 universidades novas e 173 campus? Sair de 140 escolas técnicas para mais de 500? Sair de 3,5 milhões de estudantes universitários para 8 milhões? Como foi possível uma universidade que era só de gente branca, dois anos atrás teve 51% de negros e pardos? Fazer com que meninos e meninas da periferia, de escola pública, aqui de Maceió, meninos negros, conseguissem entrar na universidade?”, insistiu, demonstrando o pulso necessário para governar o país.

Estado forte

“Um governo nosso tem de dizer para vocês, “eu quero um Estado forte”. O BNDES tem que ser forte para alavancar o desenvolvimento. O Banco do Brasil, para alavancar a agricultura, a Caixa Econômica, para financiar casa para o povo pobre desse país”, esclareceu Lula

Lula reafirmou ainda o importante papel da agricultura familiar na produção de alimentos. “Não é o exportador de commodities que planta o tomate que a gente come, o pepino, o alface, a cebola, a baterrada. Isso é produzido por quase 4,5 milhões de pequenas propriedades rurais, de até cem hectares”.

Combustíveis

Lula voltou a condenar a desastrosa política de preços dos combustíveis de Bolsonaro e o responsabilizou pela crise. “Enganaram a sociedade brasileira, dizendo que era necessário privatizar a BR porque tinha o monopólio e, portanto, o preço não podia baixar. Venderam a BR. Sabe o que acontece? Tem 392 empresas importando combustível dos EUA com o preço em dólar”, criticou. “Eu já disse, o preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha vai ser em real”, advertiu. 

“Por que eu vou ficar dependendo do preço internacional se eu tenho petróleo, gás, combustível?”, questionou.  “Esse presidente é um fanfarrão, um charlatão, um cidadão que não sabe falar a verdade. Conta sete, oito mentiras por dia”.

“A gente não pode eleger um cara que não sabe governar, só privatizar”, disse, referindo-se a Bolsonaro. “Essa gente não presta, não adianta querer vender a Petrobras”.

Contra o obscurantismo bolsonarista

Lula se posicionou mais uma vez contra o obscurantismo representado por Bolsonaro. “Esse país precisa voltar a falar de amor, de fraternidade, de solidariedade. Precisa garantir que o povo viva dignamente. Não podemos ter um presidente que prefere incentivar a compra de armas, em vez de livros. É isso o que ele faz, estimula o ódio, a desavença, a discórdia. Nunca se reuniu com os governadores, nem do Nordeste, nem do Sudeste. Nunca se reuniu com prefeito, nunca fez uma caminhada, só faz motociata. Anda de jet ski quando as pessoas estão morrendo de fome”, condenou.

“Não vai ser urna eletrônica que vai derrotá-lo, o Lula, vai ser o povo brasileiro. A gente quer voltar a viver em paz, criar nossa família, educar nossos filhos. Que tenham a possibilidade de viver dignamente, sem violência, sem mentira, sem ódio”, ressaltou. 

“Essa gente pensa que vai assustar a gente. Se pensam que vamos ter medo de bravata, de miliciano, de golpe, “não vou passar faixa”, vamos tomar a faixa democraticamente. Ele vai ter que aprender que a democracia é maior do que ele, que a vontade do povo brasileiro é maior do que as pessoas que estão com ele”.

Alckmin

O ex-governador Geraldo Alckmin afirmou que eleição é escolha e comparação. E que cabe ao povo brasileiro fazer a escolha certa. “Estamos aqui para uma outra escolha e comparação. Infelizmente, o Brasil, que no tempo do presidente Lula, estava como um grande protagonista no cenário mundial. O Bozo tirou o o Brasil do mapa do mundo e, infelizmente, colocou no Mapa da Fome”, atacou.

“O Brasil tem pressa, e vamos trabalhar muito para o senhor voltar o mais rápido possível para salvar a democracia brasileira”, disse, dirigindo-se a Lula. “Para o Brasil voltar a crescer. O salário mínimo, no tempo do Lula, cresceu 74%. Criou 22 milhões de empregos com carteira assinada”, detalhou Alckmin.

“Rogo a Deus para que uma luz se acenda na consciência de cada brasileiro, para que daqui a dois meses e meio haja uma grande festa: a vitória do povo brasileiro. E a vitória do povo brasileiro tem nome: é Lula presidente”.

Mudança

A presidente Nacional do PT Gleisi Hoffmann lembrou que é pela política que se transforma a realidade de um país. “Estamos aqui hoje por um grande movimento, juntos e juntas pelo Brasil”, disse a petista. ‘Um movimento que une sete partidos políticos em nível nacional e vários outros em regiões do Brasil, as centrais sindicais, os movimentos populares e progressistas, que acreditam que é possível fazer diferente. Um movimento daqueles que construíram na democracia”.

Gleisi reforçou que é hora de vencer o fascismo, a barbárie, o retrocesso. “Não é possível nós termos alguém sentado na cadeira da Presidência da República da qualidade do Bolsonaro. É um erro de percurso, esse homem não entende da vida do povo, não sabe o que dizer sobre a fome que afeta o povo brasileiro, a baixa renda, o desemprego, o preço dos combustíveis”.

“O Brasil não merece”, sentenciou  Gleisi. “Ele compactua com o crime, com o que há de errado. Ele incentiva armas. Não podemos deixar o Brasil continuar com esse homem, que incentiva o crime na Amazônia, o garimpo ilegal, o desmatamento, o genocídio indígena. Um homem que tem as mãos sujas de sangue de Dom [Phillips] e Bruno [Pereira], que foram assassinados barbaramente. É por isso que estamos aqui”.

Projeto de reconstrução

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que o estado de Alagoas está pronto para contribuir com o projeto de reconstrução nacional encabeçado por Lula e Alckmin. “Temos, do ponto de vista nacional, de ajudar na mobilização democrática e criar condições para que esse estado de coisas não  continue a dominar o Brasil”, discursou Renan.

“Esse país tinha avançado como nunca na sua história”, lembrou Renan. “Foi no período dos dois governos do presidente Lula que nossa economia mais cresceu. Gerou emprego, prosperidade, melhorou a vida das pessoas e garantiu direitos que até então não tinham sido garantidos”, observou.

Renan, relator da histórica CPI da Covid, que apurou os desmandos de Bolsonaro durante a pandemia, lamentou a conduta criminosa do extremista de direita. “O Brasil tem 2,7% da população do mundo e contribuiu com 11% das mortes por Covid no planeta”, apontou Renan.

“Esse foi o preço que nós pagamos pela irresponsabilidade de Bolsonaro e pelo fato de fazer com que a nação compreendesse que a maneira de curar a Covid era pela transmissão de rebanho. Deu no que deu: quase 700 mil pessoas morreram no nosso país. E muitas dessas vidas, a CPI demonstrou, poderiam ter sido salvas se tivéssemos no Palácio do Planalto um governo digno desse nome”.

Da Redação

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