Lula: “Temos que cuidar da floresta e do povo da Amazônia”

Em entrevista a rádio do Amazonas, Lula defende a Zona Franca de Manaus e diz ser possível promover o crescimento econômico e preservar o meio ambiente ao mesmo tempo

Ricardo Stuckert

Lula: "Desde que esse governo tomou posse, a gente vê que a política dele não é cuidar, é descuidar"

Em entrevista à rádio Difusora FM, do Amazonas, nesta quinta-feira (23), Lula afirmou que é possível promover o desenvolvimento econômico do estado sem devastar o meio ambiente nem atacar os povos indígenas.

“Nós temos que cuidar da Floresta Amazônica, temos que cuidar do povo da Amazônia, que precisa ter emprego, salário e qualidade de vida, e nós precisamos cuidar dos indígenas, que têm direito de viver dignamente e da forma como eles quiserem viver”, defendeu (assista à íntegra da entrevista no vídeo abaixo).

O primeiro passo para tornar essa meta realidade é tirar Jair Bolsonaro do governo. “Desde que esse governo tomou posse, a gente vê que a política dele não é cuidar, é descuidar. Não é preservar, é desmatar”, criticou. 

Não por acaso, foi em meio ao atual cenário que ocorreu o assassinato do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, expulso da Funai pelo atual governo. 

“O presidente da Funai é a cara do presidente da República, é a cara do desgoverno, porque não tem nenhum cuidado. O fato de o Bruno ter sido mandado embora pelas posições que ele tinha em defesa das nações indígenas é a demonstração maior de que esse governo não tem responsabilidade nenhuma.”

Retomar políticas abandonadas

Para promover o desenvolvimento regional sustentável, Lula disse que, se eleito nas próximas eleições, vai retomar as políticas que ele e Dilma Rousseff colocaram em prática, mas foram abandonadas.

“Nós vamos voltar a fazer aquilo que nós já vínhamos fazendo. Nós tínhamos diminuído o desmatamento na Amazônia em 80%, nós estávamos fazendo a maior demarcação de terras indígenas na história deste país, nós estávamos fazendo reservas florestais.”

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Ao mesmo tempo, projetos importantes para o desenvolvimento econômico, como pontes e rodovias, podem ser postos em prática, desde que feitos com responsabilidades, defendeu Lula.

“Se você levar em conta a preservação ambiental, fazer com que os animais possam transitar de um lado para o outro, fazendo espaços para isso, você pode até construir a estrada. Você pode construir a estrada, ter um sistema forte de fiscalização pago pelos próprios usuários da estrada. O que não dá é a gente ficar impedindo o desenvolvimento de determinadas regiões”, argumentou.

Outra medida importante é o fortalecimento da Zona Franca de Manaus, atualmente sob ataque do governo Bolsonaro. “A Zona Franca de Manaus tem que ser tratada de forma especial. (Se eu voltar a governar), vai ficar do jeito que estava, para que a gente possa atrair mais empresas, gerar mais empregos e melhorar a vida do povo do Amazonas”, afirmou.

Garimpo e mineração

A promoção do desenvolvimento econômico na região, disse Lula, não se dará pela maneira predatória com que o atual governo tem atuado, facilitando a invasão da floresta e de terras indígenas pelo garimpo, pela pesca comercial e pelo agronegócio.

“A gente precisa aprender a investir mais na riqueza da biodiversidade. A gente não precisa fazer mineração na Amazônia. Se tiver algum minério que seja imprescindível para o país, vamos discutir com a sociedade brasileira, com o povo da Amazônia, com o Congresso Nacional e vamos fazer uma coisa da maior seriedade, envolvendo a sociedade brasileira. Mas a gente não pode brincar de destruir a Amazônia por interesse de um empresário, de um minerador ou de um produtor rural”, defendeu. 

Segundo Lula, a Amazônia “é um patrimônio da humanidade que pertence ao Brasil” e pode ser estudado com a ajuda de outras nações, para que se descubra que riquezas ela pode gerar para a região, o Brasil e o mundo sem ser destruída. 

“Por isso eu fiz um acordo com a Alemanha e a Noruega, que o Bolsonaro recusou”, disse, referindo-se aos recursos que os dois países retiraram após as queimadas na floresta atingirem níveis recordes.

Da Redação

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