Mercadante diz que ao rejeitar a vacina chinesa, Bolsonaro volta a flertar com o impeachment

Ex-ministro e presidente da Fundação Perseu Abramo condena a conduta do presidente da República, que comemorou nesta terça-feira a morte de um paciente que testava medicamento chinês. “A vacina vai levar o Bolsonaro ao caminho do impeachment. Ele não pode continuar prejudicar o povo brasileiro, celebrando a morte”, aponta. Paciente teria cometido suicídio, de acordo com o IML, afastando a hipótese de efeito colateral. Anvisa suspendeu os testes da Coronavac, desenvolvida pelo Butantan em parceria com laboratório chinês

Foto: Eduardo Aiache

Mercadante: "da mesma forma que a pressão social derrotou o governo Bolsonaro e conseguiu aprovar o novo Fundeb, precisamos de uma ampla mobilização para derrotar esse novo ataque à educação pública"

Ex-ministro da Educação e presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante condenou veementemente a conduta do presidente Jair Bolsonaro diante da decisão da Anvisa de suspender os testes da vacina chinesa contra a Covid-19. Ele avalia que o líder da extrema-direita deveria ser alvo de um novo processo de impeachment, diante da conduta irresponsável diante da crise sanitária. “A vacina vai levar o Bolsonaro ao caminho do impeachment”, advertiu o economista. “Ele não pode continuar prejudicar o povo brasileiro, celebrando a morte”.

Bolsonaro politizou a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que decidiu suspender os testes da Coronavac. “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória (sic) queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la”, escreveu Bolsonaro nas redes sociais. “O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, escreveu o presidente, falando de si mesmo na terceira pessoa.

Para Mercadante, ao adotar tal postura, Bolsonaro rompeu o limite instransponível da humanidade, da civilidade e da preservação da vida. “É gravíssimo, especialmente, quando falamos de um homem público, que deveria ter isso como valor maior da sua gestão proteger o povo brasileiro dessa pandemia, derrotar a Covid, apoiar todas as iniciativas, torcer para que não fosse nenhum episódio que impactasse a testagem, que ele nem tem a noção do que é, como a questão da cloroquina já provou”, disse, durante entrevista ao site Diário do Centro do Mundo.

Mercadante avalia que Bolsonaro erra ao tentar tirar proveito político porque a Anvisa suspendeu a análise clínica de uma vacina, que todos os resultados vêm demonstrando que é segura e exitosa. “Ele está construindo uma narrativa para o impeachment nesse episódio da vacina. Ele claramente vem obstruindo e prejudicando que o Brasil tenha a vacina.  Nós somos 220 milhões de pessoas, algumas vacinas exigem duas doses, ou seja, nós vamos precisar de 440 milhões de vacinas e o tempo para produzir é extremamente escasso”, avalia.

“Do meu ponto de vista, ele cometeu crime de responsabilidade”, aponta Mercadante. O ex-ministro tratou ainda do preço vacina chinesa. “O preço das vacinas é muito diferenciado e essa vacina é das mais baratas, porque a China transfere tecnologia e não cobra royalties, alinhada com as recomendações da Organização Mundial da Saúde. E o presidente vem celebrar que nós não temos um instrumento de defesa da vida do povo brasileiro”, disse.

Ele voltou a classificar a pandemia do novo coronavírus como dramática, com prejuízos econômicos e sociais graves, e cobrou as providências do governo para o enfrentamento da crise. “São cerca de 40 milhões de pessoas, o maior índice de desemprego da nossa história, o PIB brasileiro caindo, o Brasil perdendo no ranking internacional, chegamos a ser a sexta economia e estamos virando a 12ª e nada disso preocupa o presidente”, pontuou.

Da Redação

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