Moro minimiza fuzilamento de músico e diz que “é algo que pode acontecer”

Ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PSL) classificou a morte de Evaldo Rosa, com 80 tiros, por militares do Exército como um “incidente”

Lula Marques

Sérgio Moro

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, minimizou o fuzilamento do músico Evaldo Rosa, que foi morto após militares do Exército terem feito 80 disparos contra o seu carro, no domingo (7), no Rio de Janeiro. Para o ex-juiz, o crime trata-se de um “incidente” e “é algo que pode acontecer”, declarou Moro durante o programa Conversa com Bial, da Rede Globo. Jair Bolsonaro (PSL), por sua vez, que adora tuitar inutilidades não fez nenhum comentário sobre o crime.

Ao chamar o fuzilamento de incidente, o ministro revela seu desprezo pela vida de um trabalhador que foi vítima de um crime. O músico levava consigo a mulher, o filho, o sogro e uma amiga da família. Iam para um chá de bebê no bairro de Guadalupe, zona oeste do RJ, quando o fuzilamento teve início.

Testemunhas disseram que não houve nenhuma tentativa de parar o veículo, nenhum sinal de que os militares quisessem averiguar qualquer coisa. Mesmo com os familiares de Evaldo saindo do veículo e pedindo para parar, os disparos continuaram. Quando a ação parou, os militares simplesmente deixaram o local sem prestar socorro às vítimas. A primeira manifestação do Comando Militar do Leste acabou substituída hora depois por uma nota dizendo que tudo estava sendo apurado e que depoimentos de militares e testemunhas seriam tomados pela Delegacia de Polícia Judiciária Militar.

Impunidade para agentes do estado

O fuzilamento do músico por militares levantou mais uma vez o temor de que o pacote de leis de Moro leve à impunidade a esse tipo de ação. Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos de São Paulo (Condepe), o projeto do ex-juiz pode, inclusive, incentivar as práticas criminosas dos agentes do estado.

“A proposta do ministro de ampliar as excludentes de ilicitude legitima as execuções e extermínios praticados por policiais, seguranças, militares do exército. O medo, a surpresa, a iminência de conflito armado e a violenta emoção, segundo a proposta, servirão para atenuar ou excluir a responsabilização penal de policiais, ou qualquer pessoa que cometa assassinato alegando legítima defesa. Uma verdadeira lei do abate de pobres. Policiais poderão matar a vontade, justificando que suas vítimas estavam em ‘atitude suspeita’. Adolescentes e jovens negros serão as principais vítimas, como já ocorre atualmente, mas em proporções ainda maiores”, criticou Alves.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Sul 21

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