Movimentos cobram que interdito deve valer para os dois lados

Grupos contrários a Lula desrespeitam acordo judicial em Curitiba, ultrapassando horários e as áreas estabelecidas para sua concentração

Giorgia Prates

Movimentos que defendem a liberdade do ex-presidente afirmam cumprir rigorosamente a resolução

Demorou um mês, mas aconteceu. No último final de semana (12 e 13 de maio), movimentos de direita infiltraram-se em um grupo de moradores do bairro Santa Cândida e aproximaram-se da Vigília Lula Livre em Curitiba. A ação desrespeita o acordo, mediado pelo Ministério Público do Paraná e pela Secretaria de Segurança Pública, na negociação do interdito proibitório referente ao acampamento dos movimentos sociais em frente à Superintendência da Polícia Federal do Paraná.

O acordo firmado no dia 16 de abril determinou as atividades que podem ser executadas no entorno da Polícia Federal, os locais e horários que os manifestantes podem ocupar. Desde então, a resolução vem sendo cumprida rigorosamente pelos movimentos que defendem a liberdade do ex-presidente, que transferiram o acampamento de local e realizam suas atividades no período estabelecido, entre 9h e 19h.

Nos últimos três dias, grupos contrários a Lula têm desrespeitado a decisão, não só ultrapassando as áreas estabelecidas para sua concentração, como promovendo panelaço e queima de fogos de artifício após o horário das 19h.

“A gente já está há mais de 30 dias aqui e, de repente, somente neste final de semana, começa um grupo, que foi incentivado por um assessor parlamentar que fez parte da base de governo do Beto Richa, a vir até aqui a vigília para tentar criar uma confusão. A gente tem muito claro que isso é uma tentativa de criar um fato político para tirar o foco dessa semana, que é na corrupção do governo Beto Richa com a Odebrecht”, comentou o presidente do PT de Curitiba, André Machado.

Machado e outras lideranças da vigília participaram, na tarde desta segunda-feira (14), de uma reunião com a Secretaria de Segurança Pública para cobrar providências sobre a situação.

“Eles reconhecem que a gente está aqui seguindo aquilo que foi acordado. A polícia que está aqui hoje é para garantir que não haja conflito, que é nosso interesse desde o princípio. Vamos continuar com o nosso movimento, protestando diariamente aqui, pelo que a gente acredita que é o correto”, disse.

O presidente do PT relembra que foram tomadas medidas para se enquadrar aos parâmetros acordados,. “Eles reclamaram que a gente estava fazendo barulho. A gente reduziu o uso de equipamentos de som e qualquer outra coisa que pudesse fazer barulho. Aí, ontem, eles protestam contra nosso “barulho” batendo panelas, usando carro de som, soltando fogos de artifício, e depois do horário que foi determinado pelo interdito”, acrescentou.

“Então hoje a polícia está aqui delimitando os espaços para a coisa transcorrer normalmente. Eles ficaram um ano na frente da Justiça Federal e a gente nunca foi lá hostilizar ninguém”, lembrou.

Apesar de ter evitado a aproximação dos movimentos de direita à vigília, inibindo o risco de conflito, a presença da Polícia Militar no local não impediu que fosse realizado foguetório após às 19h desta segunda-feira.

O ex-deputado federal Angelo Vanhoni, pediu sangue frio à vigília para não cair em provocação. “Sabemos que na sociedade curitibana, como de resto também no Brasil, uma boa parte das pessoas não pensa como nós. Tem algumas posições extremadas de alguns grupos, que partem para provocação e, até para agressões físicas. Nós não vamos cair em provocação”, disse.

“Para nós, o espaço público tem uma sacralidade. É onde o debate pode acontecer. Precisamos da rua para expor nossos argumentos e garantir esse espaço respeitando a resolução, é muito importante para nós. Não vamos romper esse acordo. Esse é o espaço para fazermos nosso protesto, e nós aceitamos esse espaço. Ele é suficiente para nós. Daqui, não só o Lula, mas o mundo está nos escutando. Quem tem que romper esse acordo, se algum dia for rompido, é o lado de lá”, concluiu.

Do Brasil de Fato

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