Nilto Tatto destaca fiasco do governo Bolsonaro na COP-25

Na Conferência Mundial sobre o Clima, Brasil ganhou pela primeira vez o prêmio “Fóssil do ano”, por retrocessos e desmontes nas políticas de proteção ao meio ambiente

Gabriel Paiva

Nilto Tatto

O deputado Nilto Tatto (PT-SP) afirmou na tribuna da Câmara, nesta segunda-feira (16), que o Brasil passou vergonha na 25ª Conferência Mundial sobre o Clima, encerrada nesse domingo (15), em Madri. “O Brasil ganhou, pela primeira vez, o ‘Prêmio Fóssil’ pelo conjunto da obra: o desmonte de todo o sistema ambiental que resultou no aumento de queimadas e desmatamento”, lamentou. Ele citou ainda o assassinato de dois indígenas e ambientalistas brasileiros, devido a conflitos fundiários, ocorridos na semana da conferência.

“Nós não temos hoje Ministério do Meio Ambiente, nós não temos mais a expertise no Itamaraty para fazer esse debate do ponto de vista de política de Estado nas negociações internacionais”, completou o parlamentar que integrou a comitiva da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, na Conferência.

Nilto Tatto explicou que foi muito difícil para os parlamentares brasileiros, em especial para ele, que tem 40 anos de militância na área ambiental. “Pela primeira vez, em 25 edições desse evento, no âmbito da ONU, 200 países, o Brasil não teve um espaço, não teve um estande. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para poder ter um momento com a delegação brasileira — cientistas, parlamentares, ambientalistas —, teve que ir ao estande das ONGs, ficou 10 minutos, falou durante 3 minutos, foi embora e não ouviu”, protestou. Foi um fiasco a participação do governo Bolsonaro no evento em Madri.

Mudanças Climáticas

 

Essa conferência, na avaliação do deputado do PT paulista, talvez tenha sido a pior de todas. “E o Brasil foi decisivo para que ela não avançasse em relação àquilo que os cientistas estão pedindo: mais compromisso por parte dos dirigentes em relação à pauta das mudanças climáticas”. Tatto explicou que era para avançar além do que foi acordado na Conferência de Paris, em 2015. “Precisaríamos avançar mais do ponto de vista do debate internacional, mas o Brasil não ajudou. Pelo contrário, contribuiu para que não saíssem grandes avanços”, criticou.

Na avaliação do deputado, o Brasil se comportou como um “mercador, como alguém que sequestra suas florestas e depois pede dinheiro para não botar fogo nessa floresta”, citou Nilto Tatto, para exemplificar a falta de uma política para a diplomacia brasileira.

Retrocesso ambiental

 

Tatto disse ainda que os parlamentares que participaram da Conferência, de diversos partidos políticos, inclusive alguns da base do governo, da Frente Parlamentar da Agropecuária, perceberam claramente que o Congresso Nacional precisa tomar uma atitude para segurar essa pauta de retrocesso na área ambiental.

“Nós, parlamentares, precisamos barrar os retrocessos na área que vai para cima dos direitos dos sem-terra, dos indígenas, dos quilombolas. Se nós não cuidarmos daquilo com que nos comprometemos no Acordo de Paris, e avançarmos na agenda ambiental, na agenda de pensarmos a transição ecológica em todas as cadeias produtivas, se deixarmos solto aquilo que o governo Bolsonaro vem fazendo, e fecharmos os olhos, pelo fato de não termos Ministério do Meio Ambiente hoje, de termos um antiministro ocupando a cadeira, vai ser muito ruim para o Brasil, inclusive para os produtos que o Brasil exporta, porque esses países não vão querer importar de quem desmata, de quem não cuida dos direitos humanos”, alertou.

Além do deputado Nilto Tatto, participaram da Conferência do Clima representando a Câmara, os deputados Rodrigo Agostinho (PSB-SP) – presidente da Comissão de Meio Ambiente –, Camilo Capiberibe (PSB-AP), Zé Silva (Solidariedade-MG), Joenia Wapichana (Rede-RR), Paulo Bengtson (PTB-PA), Neri Geller (PP-MT), Zé Vitor (PL-MG) e Edilázio Júnior (PSD-MA).

Por PT na Câmara

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