Omisso e entreguista, Bolsonaro culpa a guerra pela inflação

Chefe do Executivo encontra outro motivo para se esquivar, mais uma vez, de responsabilidades. “A crise no Brasil se chama Bolsonaro e seu desgoverno”, rebate Gleisi Hoffmann

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Incompetente e desqualificado, Bolsonaro tenta se livrar mais uma vez de sua responsabilidade pela crise

Primeiro foi a “herança maldita”. Depois, a pandemia. Agora, é a guerra. Em sua busca cada vez mais desesperada por terceirizar a culpa pela derrocada econômica brasileira, Jair Bolsonaro, que no início do “mandato” disse à direita ianque que tinha “muito a destruir”, transfere para o conflito no Leste Europeu sua responsabilidade pela inflação descontrolada, o desemprego crônico, o crescente empobrecimento e a volta da fome.

No entanto, não foi Vladimir Putin quem bombardeou o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) no primeiro dia de desgoverno e perseguiu a agricultura familiar diuturnamente. Nem foi Volodymyr Zelensky quem manteve a maldita política de Preço de Paridade de Importação (PPI) adotada pela Petrobras ainda sob Michel Temer e trocou por três vezes o presidente da estatal sob o pretexto mentiroso de que a dolarização dos combustíveis iria acabar.

Nenhum dos dois tampouco insistiu na ideia descabida do “melhor emprego sem direitos que direitos sem emprego” que aprofundou a desregulação do mercado de trabalho, o desemprego e a queda de renda iniciadas pela “reforma trabalhista” de 2017. Putin e Zelensky também não moveram a irresponsável campanha negacionista durante a crise sanitária que atacou o Estado Democrático de Direito e agravou ainda mais uma economia já em deterioração com o falso contraponto entre o “fique em casa que a economia a gente vê depois” e a preservação de vidas.

Tudo isso é legado de um desqualificado que na campanha de 2018 se orgulhava de “não saber nada de economia” e nomeou o “posto Ipiranga” como czar da economia nacional, aglomerando cinco pastas em um superministério. Em meio ao laissez-faire (deixe fazer) do neoliberalismo de fachada de Paulo Guedes, que delegou ao “mercado” a atribuição intrínseca ao Estado de organizar as atividades produtivas e induzir ao desenvolvimento com justiça social, todos os setores econômicos se contraem desde 2019, e hoje a única “indústria” a prosperar no Brasil é a de fake news.

“Gente, não vamos mudar de assunto. A crise no Brasil se chama Bolsonaro e seu desgoverno”, resumiu a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, em postagem dupla no Twitter. “É diante desse desgoverno, e por sua trajetória de vida, que o melhor presidente que o Brasil já teve é hoje a única esperança do povo para reconstruir o país, resgatar a soberania, defender a democracia e os direitos”, finalizou a deputada federal paranaense.

Cara de pau diante das próprias vítimas

Bolsonaro lançou no ar a nova farsa/cortina de fumaça nesta quarta-feira (4). “O que nós tememos, obviamente, é o prolongamento dessa guerra que sinaliza com mais inflação para o mundo, e vem da energia, vem dos combustíveis”, disse a representantes da Frente Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Pediu “mais resiliência, garra e determinação” logo aos pequenos negócios, também vítimas de seu desgoverno.

Entre março e junho de 2020, na primeira onda da pandemia, 716 mil empresas fecharam as portas no país, conforme a Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Do total de negócios que não voltariam a abrir as portas, 99,8% eram de pequeno porte. Segundo o Sebrae, entre os 2,7 milhões de pequenos negócios que continuaram abertos, apenas 12,7% tiveram acesso ao crédito emergencial destinado ao pagamento de salários.

Resultado nefasto da ação deliberada de Paulo Guedes, que na infame reunião ministerial divulgada em abril de 2020 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou que o país iria “ganhar dinheiro usando recursos públicos para salvar grandes companhias e perder dinheiro salvando empresas pequenininhas”.

O “czar da economia” então liberou efetivamente US$ 5 bilhões em créditos para pequenas e médias empresas, contra US$ 7 bilhões do mesmo período no ano anterior, reduzindo o volume e piorando as condições de crédito. Por outro lado, concedeu R$ 1,2 trilhão ao sistema financeiro – em torno de 240 vezes mais que o valor concedido aos pequenos negócios – e os bancos exibiram lucros recordes meses depois.

“Nessa guerra lá fora queriam que eu tomasse partido, meu partido é o Brasil. Temos negócios com a Rússia, somos neutros e continuamos recebendo fertilizantes deles. Imaginem o nosso agronegócio sem fertilizante. Cairia a produtividade”, prosseguiu descaradamente o homem que paralisou obras e atividades e arrendou fábricas de fertilizantes da Petrobras, tornando o país totalmente dependente de importações.

Em 2021, o Brasil gastou US$ 15,2 bilhões (R$ 80 bilhões) em importações de adubos e fertilizantes químicos, praticamente o dobro do gasto no ano anterior. O país adquiriu no exterior 41,5 milhões de toneladas de fertilizantes – incremento de 22% – a um preço médio de US$ 364,34 por tonelada, 56% acima dos valores pagos em 2020.

A Federação Única de Petroleiros (FUP), que denunciou o descalabro, revelou que os fertilizantes foram o produto mais importado entre os itens da categoria “indústria de transformação” em 2021. Os dados são da balança comercial brasileira, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Em 2006, no Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o país importava 58% da demanda por fertilizantes de seus agricultores e já produzia 42%, conforme levantamento do Sindicato Nacional das Indústrias de Matérias-Primas de Fertilizantes (Sinprifert).

Para abastecer o crescente setor do agronegócio e também a agricultura familiar, a Petrobras passou a investir na ampliação do setor de Fertilizantes Nitrogenados. O movimento foi interrompido após o lawfare promovido pela lava jato. Em 2016, sob o usurpador Michel Temer, o Brasil passou a importar 73% dos fertilizantes que consumia.

Agora, o ministro das Relações Exteriores de Bolsonaro, Carlos França, teve que pedir ao secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, licença especial para que o Brasil compre fertilizantes do Irã, que sofre sanções dos EUA desde 1979. E não, a Rússia não é grande fornecedor desse insumo ao Brasil – essa é mais uma mentira de Bolsonaro. Argentina, China, Ucrânia e Lituânia são nossos principais parceiros.

Enquanto Bolsonaro mente, a população sofre. E os elementos externos da deterioração econômica brasileiro, embora reais, são como enfrentar um temporal quando se está gripado. A tempestade perfeita que se forma – com fuga de capitais, juros altos, crédito encarecido, estagnação econômica, dólar apreciado alimentando a inflação e mais desemprego e queda de renda – atingirá em cheio um país já debilitado por anos de desgoverno.

Da Redação

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