Petistas criticam “laranjal no governo” e manutenção de ministro

Parte do dinheiro público foi direcionado a quatro candidatas do PSL mineiro apenas para preencher a cota feminina

Daniel Pxeira

Parlamentares da Bancada do PT na Câmara apontaram nesta terça-feira (19), em manifestações pelo Twitter, a incoerência do governo Bolsonaro em demitir apenas o Secretário-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, por acusações de liberar recursos públicos para campanhas de candidatas laranjas, enquanto mantém no posto o ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antônio, também acusado pela mesma prática.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, nesta terça-feira (19), a professora aposentada e candidata nas últimas eleições à deputada estadual pelo PSL de Minas Gerais Cleuzenir Barbosa, disse que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, sabia do esquema de lavagem de dinheiro de recursos do fundo partidário usando candidaturas de mulheres. “Era o seguinte: nós mulheres iríamos lavar o dinheiro para eles. Esse era o esquema. O dinheiro viria para mim e retornaria para eles”, afirmou em entrevista à Folha.

Álvaro Antônio era o comandante da sigla em Minas e responsável pela montagem das chapas. Parte do dinheiro público foi direcionado a quatro candidatas do PSL mineiro apenas para preencher a cota feminina de 30% das candidaturas e de verba eleitoral. O dinheiro enviado a elas foi parar na conta de empresas de assessores, parentes ou sócios de ex-assessores do atual ministro do Turismo.

Cleuzenir, que pediu asilo político a Portugal, diz que saiu do Brasil por medo. “Me mudei exclusivamente por causa dessa situação. Peço para as mulheres que denunciem. Não fiquem caladas, se exponham, sim. Eu vou entrar com pedido de proteção à vítima. Esse povo é perigoso. Hoje eu sei, eles são uma quadrilha de bandidos”, disse ao jornal.

Nas redes sociais circula um vídeo onde o então candidato a presidente Jair Bolsonaro apresenta Cleuzenir como candidata à deputada estadual do PSL de Minas e ainda pede o voto dos eleitores mineiros. Em sua página no Facebook, Cleuzenir também postou foto ao lado de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), cobrou de autoridades do governo e do judiciário a investigação do caso dos “laranjas” do PSL. “Algumas perguntas que as autoridades – alô (Sérgio Moro), alô (Raquel) Dodge, alô Deltan Dallagnol – têm obrigação de fazer a Bebbiano: O que ele sabe sobre o esquema de laranjas do PSL? Bolsonaro estava informado sobre o esquema? Quem mais do PSL e da campanha estava ciente?”, indagou.

Já o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) ironizou a atitude de Bolsonaro de demitir Gustavo Bebianno pelo envolvimento no escândalo. “O laranjal só foi podado de um lado. Bebianno cai e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro, fica. Dependendo do tipo as laranjas valem? ”, disse.

O deputado Pedro Uczai (PT-SC) também questionou a falta de critérios de Bolsonaro para demitir auxiliares envolvidos em corrupção. “A jornalista Delis Ortiz fez a pergunta certa sobre o laranjal do PSL ao porta-voz da Presidência da República. O Laranjal é o mesmo (Gustavo Bebianno e Marcelo Álvaro Antônio), mas o tratamento foi diferente. Qual a razão?”, indagou.

A deputada Margarida Salomão (PT-MG) escreveu que demitir Bebianno não resolve os problemas do “laranjal” do PSL. “Se Bolsonaro achava que resolveria seus problemas afastando Bebianno, ele foi de uma infantilidade sem tamanho. Sobre os ombros do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, pesam os mesmos indícios de fraude eleitoral e desvio de recursos dos quais Bebianno é acusado”, apontou.

Para o deputado Waldenor Pereira (PT-BA), “o ‘laranjal do Jair’ anda tão frutífero que, mesmo podando de um lado, se vê ao longe os outros ramos crescendo pelo governo”. “Sumiram com o Queiroz, demitiram o Bebianno, mas se esqueceram do Álvaro Antônio, não foi? Olha ele aqui!”, frisou.

Na avaliação do deputado Alencar Santana Braga (PT-SP), é preciso esclarecer se Bolsonaro sabia e até que ponto foi beneficiado por ele. “O ‘laranja’ vai pra casa. O suposto operador de Bolsonaro e seu partido, o tal do Bebianno, foi demitido. Mas até onde o Bolsonaro sabia? E até onde o Presidente foi beneficiado com o ‘pomar de laranja’ plantados por seu agora ex-homem de confiança?”, questionou.

Sobre os escândalos envolvendo os laranjas do PSL, o deputado Paulão (PT-AL) questionou se haverá investigação. “Uma vergonha. Cadê o Moro, o Dallagnol e a PF? A corrupção do partido do Capitão”, afirmou.

O deputado Bohn Gass‏ (PT-RS) também cobrou explicações sobre os vários escândalos envolvendo a família Bolsonaro. “Gustavo Bebianno, Fabrício Queiroz, Nathália Queiroz, milícias… Quanto tempo o governo Bolsonaro resistirá aos seus fantasmas?”, perguntou.

Em relação ao vídeo gravado por Bolsonaro elogiando Bebianno, após tê-lo chamado de mentiroso, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) questionou a coerência do presidente. “Depois de chamar Bebianno de mentiroso e desmoralizá-lo publicamente, Bolsonaro, com a maior cara de pau, deseja boa sorte ao amigão após demiti-lo. Estamos diante de um governo de pinóquios ambulantes desfilando por um Laranjal farto”, comparou.

O deputado Rogério Correia (PT-MG) ressaltou que vai pedir apuração do “Laranjal” do PSL. “Indo a Brasília e pensando: as caras da Procuradora (Geral da República) Raquel (Dodge) e do Ministro (Sérgio) Moro não ficam vermelhas de vergonha com 1/3 dos ministros do Governo Bolsonaro envolvidos em suspeitas de corrupção e nada de inquérito aberto? Hoje entro com a 3ª indicação para o “Ministro” (Moro) apurar o laranjal”, adiantou.

Já o deputado Henrique Fontana (PT-RS) tuitou que o caso da demissão de Bebianno demonstra que o atual governo é incapaz de administrar o País. “A demissão do ministro Bebianno, um dos mais próximos de Bolsonaro é apenas a ponta do iceberg dos conflitos de um governo que com apenas 45 dias se mostra uma rede de intrigas, traições e vaidades totalmente incapaz para governar o Brasil. Pobre povo brasileiro”, lamentou.

O deputado Jorge Solla (PT-BA) declarou que não acredita na inocência de Bolsonaro nos escândalos envolvendo auxiliares tão próximos. “Após ‘punir’ Bebianno por laranjal, se Bozo fosse coerente, pedia demissão e saía. O Laranjal estava dentro de seu próprio gabinete, nomeou como laranja a filha de Queiroz, que ganhava 10 mil e nunca foi trabalhar. E os 24 mil depositados por Queiroz na conta da primeira-dama?”, perguntou.

Por PT na Câmara

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