Petistas criticam parlamentares do PSL que tentaram barrar prêmio Nise da Silveira

Alexandre Padilha disse não estranhar a postura dos parlamentares “porque são da base de um presidente que defende torturador nesse Plenário e defende a tortura”

Centro Cultural do Ministério da Saúde

Nise da Silveira

O vice-líder da Bancada do PT, deputado Alexandre Padilha (SP), afirmou em plenário nesta terça-feira (26) que não estranhava a postura de parlamentares do PSL, partido do governo Bolsonaro, se negarem a falar de Nise da Silveira, quando estava em votação proposta de criação do prêmio que leva o seu nome incentivar boas práticas e inclusão em saúde mental. “Não me estranha porque são da base de um presidente que defende torturador nesse Plenário e defende a tortura, não tem ideia do que foi o papel de Nise da Silveira nos manicômios brasileiros para acabar com as torturas que existiam nos usuários que eram classificados como transtorno mental”, explicou.

Não é estranho não falar de Nise da Silveira, segundo Padilha, porque se trata de parlamentares de um partido de apoio a um presidente que diz que mulher não tem vocação de poder. “Não falaram de Nise da Silveira porque ela foi uma das mulheres que desafiou a psiquiatria brasileira, que naquele momento era tomada por homens que negavam a destruição da identidade pessoal dos pacientes que viviam em manicômios. E por isso, com seu jeito, se juntando e mobilizando outras mulheres que estavam no manicômio, enfermeiras e auxiliares de enfermagem, transformou por dentro o manicômio no Brasil, e é um dos ícones da reforma psiquiátrica brasileira e da defesa dos direitos humanos dos usuários”, enfatizou.

Ainda na avaliação do deputado petista, não estranha porque o governo Bolsonaro tem uma nota técnica, feita pelo Ministério da Saúde, defendendo a volta do eletrochoque no Brasil, e que os financiamentos e os recursos do Ministério da Saúde sejam direcionados a essa prática.

Alexandre Padilha citou que, como professor universitário, mostrou o filme Nise da Silveira para seus alunos de graduação e pós-graduação. “Vários deles choraram durante o filme porque Nise da Silveira é uma inspiração para todos eles, para que a gente construa uma medicina e um cuidado da saúde mental que defenda os direitos humanos e os direitos dos usuários”, observou.

Direito à saúde

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) destacou que o prêmio recupera um debate fundamental sobre o direito à saúde. “Ao incluirmos aqui o tema da saúde mental, nós observamos e analisamos o ser humano como um todo. Homens, mulheres, crianças, idosos, nunca houve como no tempo presente um diagnóstico tão grave, tão sério de adoecimento psíquico, fruto sem dúvida de condições de trabalho, competição e vida que dificultam enormemente a vida das pessoas”, argumentou.

O prêmio recupera também para a nossa história, segundo Rosário, o nome de Nise da Silveira. “Uma inspiração humanitária, uma mulher que à frente do seu tempo conseguiu definir a terapia ocupacional e a arte como um caminho não da cura pura e simples, como talvez alguém pense que se dê a cura, mas com a melhoria das relações humanas e a desinstitucionalização de pessoas segregadas, colocadas dentro de manicômios, esquecidas”, explicou.

O prêmio

Depois de muito debate e discussão, o plenário aprovou o substitutivo da Mesa Diretora ao Projeto de Resolução (PRC 331/18), que institui o prêmio Nise da Silveira de Boas Práticas e Inclusão em Saúde Mental, a ser concedido, anualmente, pela Câmara dos Deputados a cinco personalidades, pessoas físicas ou jurídicas, que se destacarem em ações de promoção da saúde mental. Em seguida, a matéria foi promulgada.

Por PT na Câmara

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