Polícia do RJ coloca em prática plano de “abate” anunciado por Witzel

Três homens foram baleados em Manguinhos, na zona norte da capital carioca, dois deles morreram. Os disparos, segundo testemunhas partiram de snipers

Arquivo pessoal

Segundo testemunhas, trabalhadores foram alvejados por tiros vindos da Cidade da Polícia

Com o discurso de ódio alinhado ao de Jair Bolsonaro, o governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel prometeu em sua campanha “abater” suspeitos que estivessem com fuzis. Ele ainda sugeriu a presença de snipers em pontos estratégicos em comunidades do estado para executar pessoas. Em falas polêmicas, como as de seu par no planalto, ele já afirmou: “A polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e… fogo.

Em apenas um mês à frente do governo do estado do Rio de Janeiro, os planos de Witzel começam a ser aplicados, e na prática quem está morrendo com as ações policiais é a população negra e pobre da capital carioca.

Três moradores — que não portavam fuzis — da comunidade de Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro foram baleados com tiros de fuzil disparados, segundo moradores, da Cidade da Polícia, vizinha ao local. Dois deles morreram.

O primeiro caso aconteceu no dia 25 de janeiro. Carlos Eduardo dos Santos Lontra, de 27 anos, foi baleado na barriga. Segundo parentes da vítima, o jovem que trabalhava há mais de três anos numa empresa de reciclagem estava voltando para casa depois de um dia de trabalho.

O segundo e o terceiro caso aconteceram no dia 29 de janeiro. Por volta das 17h, um jovem ajudante de pedreiro de 22 anos, que não teve a identidade revelada, foi baleado nas costas quando comprava uma água de coco para o filho com poucos meses de vida. Em entrevista ao jornal carioca Extra, a vítima afirmou. “Nasci de novo. Estava conversando com um amigo e me virei para pegar a água de coco na hora em que fui atingido. Se tivesse ficado parado, ia ser atingido de frente. Não tinha tiroteio. A favela estava cheia, tinha muita criança na rua. O tiro veio da Cidade da Polícia. Todas as pessoas que estavam lá viram”. A bala entrou pelas costas e saiu pela barriga, mas não acertou nenhum órgão vital.

No mesmo dia 29 de janeiro, cerca de duas horas depois do primeiro disparo, outro morador não teve a mesma sorte. O porteiro Rômulo Oliveira da Silva, de 37 anos, levou um tiro no peito no mesmo lugar da comunidade de Manguinhos, a região conhecida como Coreia. Segundo familiares da vítima, ele passava de moto em direção ao borracheiro.

Nos três casos, testemunhas afirmam que os disparos foram feitos da Cidade da Polícia, que fica a uma distância de 250 metros da comunidade de Manguinhos.

Chacina no centro do Rio

Outro caso que dá o tom da política de Wilson Witzel em consonância com Bolsonaro é o massacre nos morros da Coroa, Fallet e Fogueteiro e dos Prazeres, em Santa Teresa e no Catumbi, centro da capital carioca. Uma operação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) deixou 13 mortos em poucas horas desta sexta-feira (8).  A mãe de dois mortos afirmou ao jornal Extra que os filhos foram assassinados dentro de casa, enquanto dormiam.

A Ponte Jornalismo, referência nos Direitos Humanos, entrevistou moradores da comunidade que foram categóricos em dizer que foi uma execução.

Repercussão na mídia internacional

Uma reportagem da Associated Press (AP), publicada na sexta-feira (8), associa as mortes com Jair Bolsonaro. Em um trecho, a agência afirma. “O novo presidente de extrema-direita do Brasil, Jair Bolsonaro, fez campanha com promessas de ser enérgico em relação ao aumento da criminalidade e disse que policiais que matam criminosos deveriam receber medalhas, não ser processados.”

Da Redação da Agência PT de Notícias com informações do Extra

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