Prefeitura de SP recupera R$ 132 mi desviados por Maluf

Banco alemão com o qual ele realizou negócios com recursos desviados da Prefeitura desmente versão de que não tinha dinheiro em contas no exterior

PAULO M015

Maluf: dinheiro lavado no exterior e investido em empresa da família

Esquemas de desvio de dinheiro público da Prefeitura de São Paulo durante gestão do então prefeito e hoje deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) estão devolvendo US$ 51 milhões, cerca de R$ 132,6 milhões,  aos cofres da cidade.

A materialização desses valores desmente a versão do próprio deputado, propalada durante anos de investigações dos desvios, segundo a qual ele não tinha dinheiro registrado em contas bancárias no exterior.

O anúncio foi feito nessa quarta-feira (10) pelos promotores do município Sílvio Marques e José Carlos Blat e pelo próprio Deutsch Bank, com sede na cidade alemã de Frankfurt.

Segundo os promotores, Paulo Maluf já depositou US$ 10 milhões, aproximadamente R$ 26 milhões, nas contas do município, do total de  US$ 33 milhões (R$ 85,8 milhões) em desvios que constam da ação proposta pela Prefeitura.

A devolução dos demais US$ 23 milhões ( R$ 59,8 milhões) depende agora do desbloqueio de ações da empresa familiar Eucatex para conversão no dinheiro a ser restituído, de acordo com os procuradores.

Lavagem clássica – “Essa ação representa uma pequena parte do total desviado”, afirmou Marques em coletiva à imprensa. A estimativa é que R$ 5 bilhões devem ser devolvidos no âmbito de sete ações judiciais e duas civis públicas, além da multa por probidade que consta dos processos.

Esse dinheiro de origem ilícita, na definição dos promotores, passou por lavagem ao ser desviado para bancos estrangeiros, passear por várias operações financeiras nos Estados Unidos (EUA), Inglaterra, França e Ilhas Jersey, na Grã-Bretanha, e retornar ao Brasil legalmente, na forma de investimentos na empresa da família.

Essa movimentação é clássica nos procedimentos de lavagem de dinheiro ilícito, esclareceram. Do Deutsch Bank a Prefeitura de São Paulo recebeu valor aproximado de US$ 18 milhões (cerca de R$ 46,8 milhões) no mesmo dia, como indenização por danos materiais e materiais coletivos em troca de eximir-se de ação judicial.

A devolução é inédita. É a primeira vez que o MP registra uma operação bancária de restituição de dinheiro desviado dos cofres públicos no país. O próprio prefeito Paulo Haddad (PT) recebeu o recibo do depósito das mãos de representante do banco.

Outros cerca de R$ 5 milhões (quase US$ 2 milhões) teriam sido depositados pelo banco nas contas do estado de São Paulo. O banco alemão movimentou o dinheiro desviado durante os anos de 1993 a 1996, período da gestão Paulo Maluf, embora não tenha ele próprio sido autor dos desvios, explicaram os promotores.

Os desvios ocorreram nas obras de construção do túnel Ayrton Senna e da avenida Água Espraiada , atual avenida Roberto Marinho, até 1998, mesmo após o fim da administração Maluf.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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