Quase metade dos brasileiros precisa fazer bico para complementar renda
Levantamento da Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) aponta que atividades extras são feitas por 45% dos entrevistados em 128 municípios do país
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Em um país onde o presidente encarece, sucessivamente, o preço dos alimentos, dos combustíveis, do gás de cozinha, da conta de luz, de água e empurrou o país para o Mapa da Fome, quase metade dos brasileiros e brasileiras recorre a bicos para complementar a renda e sobreviver.
A opção pelo trabalho informal no governo de Bolsonaro é a saída para 45% das pessoas entrevistadas no enfrentamento à carestia, à precarização do trabalho, ao desemprego e à crise econômica que o país vivencia. O levantamento foi realizado em 128 municípios do país pela empresa Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC) e encomendado pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS).
O estudo revela ainda que nos últimos 12 meses, 34% dos entrevistados consideram que aumentou a população em situação de rua no país e 29% afirmam ter visto mais pessoas trabalhando nas ruas.
Os entrevistados (74%) também afirmaram que observaram ter aumentado o número de pessoas em situação de fome e pobreza. Com Bolsonaro, o Brasil contabiliza 33 milhões de pessoas passando fome e em situação de insegurança alimentar.
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Bicos
A grande maioria dos bicos realizados são relacionados a serviços. Pelo menos 33% disseram complementar a renda com serviços de manutenção, de beleza, de segurança, de motorista, de entregas por aplicativos ou ainda com trabalhos domésticos de faxina, de babá, de aulas particulares e de cuidados com idosos e com animais.
Outros 28% informaram que levantaram recursos para driblar dificuldades econômicas vendendo mercadorias, incluindo alimentos preparados em casa, objetos artesanais confeccionados manualmente, roupas e artigos usados, cosméticos e produtos de beleza ou produtos em geral, voltados para o comércio ambulante.
O estudo mostrou ainda que a opção por bicos é mais frequente em famílias com renda de até um salário mínimo.
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Preconceitos
Em um governo que promove o discurso de ódio e preconceito, a percepção do povo é exatamente a de sofrerem diversas discriminações como racial, de identidade de gênero ou orientação sexual.
A pesquisa aponta que do total de entrevistados, 74% relatam locais onde brancos e negros são atendidos de forma diferente. Entre as mulheres, 47% afirmaram que já enfrentaram algum tipo de assédio, sendo que 29% delas relataram situações em espaço público, 27% no transporte público e 23% em bares ou restaurantes. Esses percentuais atingem recordes na Região Sudeste, chegando respectivamente a 37%, 35% e 27%.
Além disso, 58% disseram que já sofreram ou viram alguém sofrer discriminação em função de sua identidade de gênero ou orientação sexual. Novamente o espaço público se destaca como local onde esses episódios acontecem com mais frequência, tendo sido citado por 30% dos entrevistados.
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Aumento da pobreza e da vulnerabilidade
Uma nota divulgada pelo Instituto destaca que os resultados da pesquisa apontam para um quadro preocupante em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, em especial o ODS 10, que fixa dez metas para a redução das desigualdades dentro dos países e também entre eles.
“Os dados revelam que a maioria expressiva da população brasileira consegue perceber o aumento da pobreza no país, além de observar uma grande vulnerabilidade em relação às minorias sociais, como negros, mulheres e pessoas LGBTQIA+”, diz a entidade.
Criado em 2007, o ICS concentra seus esforços em iniciativas alinhadas às agendas globais de desenvolvimento sustentável, como os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015.
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Da Redação, com informações do UOL