Réu confesso, crime 21: Mais de um ano para criar comitê contra a Covid

O Comitê de Combate à Covid-19 só foi criado por Bolsonaro 378 dias depois de a OMS declarar que a doença era uma pandemia. E, mesmo assim, o grupo logo se revelou um teatro, tão ineficaz quanto a cloroquina

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Falta de vontade é pouco. O nome é sabotagem

Como bem se lembra o leitor que acompanha esta série Réu confesso, às vésperas de a CPI da Covid ser instalada, a Casa Civil da Presidência da República elaborou uma lista com 23 crimes que o governo Bolsonaro cometeu na pandemia e a despachou para diversos órgãos, ordenando que se encontrassem argumentos para defender o atual presidente. Poderia até ser divertido, não fosse a tragédia que envolve o episódio, imaginar a reação daqueles que receberam a missão de contestar o item 16 do documento: “O Governo atrasou na instalação do Comitê de Combate à Covid”.

Na verdade, “atrasou” é um termo muito leve para o que ocorreu. Lembremos as datas, que aparecem a seguir separadas por pontos, que representam um dia. 31 de dezembro de 2019: China alerta a OMS sobre a Covid-19. . . . . . . . . .10 de janeiro de 2020: primeira morte é confirmada na China . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 de fevereiro de 2020: primeiro caso é confirmado no Brasil . . . . . . . . . . . . . 11 de março de 2020: a Covid-19 é declarada uma pandemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 de março de 2021: ocorre primeira reunião do Comitê de Combate à Covid-19 no Brasil.

Sim, Jair Bolsonaro só criou o Comitê 378 dias, mais de um ano, depois de a OMS declarar a pandemia. Quando o fez, o Brasil já estava na segunda onda da Covid-19, somava mais de 300 mil mortes e a população começava a tomar conhecimento da estratégia assassina de espalhar o vírus para buscar a imunidade de rebanho sem vacina, para preservar a economia à custa de centenas de milhares de vidas.

Duas semanas antes, o presidente Lula havia feito o histórico discurso em São Bernardo do Campo após ser inocentado das acusações da Lava Jato, no qual disse que se fosse o presidente durante a pandemia criaria um comitê com cientistas, governadores e prefeitos para gerir a pandemia. Bolsonaro, porém, foi incapaz até mesmo de copiar uma ideia.

Na primeira reunião de seu comitê, havia apenas alguns poucos governadores aliados. O diálogo com os gestores estaduais acabou a cargo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). E na primeira entrevista após o encontro, Bolsonaro mostrou que fazia apenas teatro: insistiu no discurso de que era preciso investir no tratamento precoce, enquanto os brasileiros se desesperavam por vacina para todos.

Depois disso, o tal comitê nada apresentou de relevante para superar a crise em que Bolsonaro mergulhou o país. A única medida concreta saiu da reunião de Pacheco com o Fórum dos Governadores, que acertaram uma reunião com a ONU para aumentar a oferta de imunizantes no Brasil. Bolsonaro, mais uma vez, apenas simulou se preocupar com a vida dos brasileiros.

Da Redação

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