Seminário do PT, CUT e Instituto Lula discute a população LGBT e o mundo do trabalho

A atividade acontece na Semana da Diversidade, em que ocorrem a Marcha do Orgulho Trans, a Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais e a Parada do Orgulho LGBT

“Como é que a gente garante que a população LGBT tenha condições de trabalho dignas?”, foi esta preocupação, verbalizada por Janaína Oliveira, secretária nacional LGBT do Partido dos Trabalhadores, que norteou as discussões do seminário ‘LGBT e o mundo do trabalho’, que aconteceu nos dias 21 e 22 de junho, na capital paulistana.

Organizado pela Secretaria LGBT do PT, pelo Coletivo LGBT da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pelo Instituto Lula, o encontro reuniu mais de 120 participantes na sede do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), na semana em que ocorrem a 2ª Marcha do Orgulho Trans, a XVII Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais e a 23ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo.

“Nós entendemos que precisávamos discutir o mercado de trabalho, primeiro para pensar uma legislação que garantisse os nossos direitos, porque a gente entende que o poder Executivo, em um cenário que vem sendo cada vez mais conservador, tem tido um papel muito mais excludente do que inclusivo”, relata Janaína.

Para ela, a Reforma Trabalhista afeta de maneira ainda mais frontal a população LGBT, que já vivia um cenário de precariedade no mundo do trabalho, realidade que só aumenta desde o golpe de 2016, impondo a necessidade de atualização das reivindicações dos movimentos sociais, entidades e organizações de luta.

“O seminário foi muito importante e impulsionou uma série de reflexões. Pensamos, por exemplo, que precisamos de mais pesquisas sobre o tema e queremos que a CUT tenha resoluções para que os sindicatos atuem na defesa dos direitos trabalhistas das pessoas LGBT”, declara a Secretária.

Para Marcos Freire, que é coordenador do Coletivo LGBT da CUT de São Paulo, a realização do seminário cumpriu um importante papel. “Pensar nestas questões é fundamental no atual momento, pelo conservadorismo, mas também pelo desemprego, que eu acho que é uma questão para a qual o movimento ainda não se atentou tanto”, analisa ele.
“Foi importante para pensar inserção e permanência no mercado de trabalho, além da questão da discriminação cotidiana. Evidentemente estamos falando de um processo de longo prazo”, completa Freire.

Na avaliação coletiva, o desafio de pensar direitos da população LGBT se torna muito maior no governo Bolsonaro. “Ele incentiva o ódio e esse estímulo tem feito com que indivíduos que acreditam que a violência é a resolução para os problemas sociais sintam que podem reproduzir o discurso do próprio presidente, com a tranquilidade de não sofrer sanções por isso”, avalia Janaína. “O mais grave é acharem que as armas são a solução para os problemas do país. Nunca foram e não vão ser. As armas são um problema para o país. Somos contra”, conclui.

Bel Sá, secretária estadual LGBT do PT-SP, declara que este cenário reafirma a importância de lutar pela liberdade do ex-presidente Lula. “Temos levado a luta pela liberdade do Lula para todos os atos. Lula é um preso político, que foi encarcerado para que um governo como esse viesse a tomar conta do poder, então temos que ir para as ruas todos os dias exigir a sua liberdade”, avalia ela.

Neste domingo (23), o Bloco Lula Livre da Parada do Orgulho LGBT irá se reunir às 10h no MASP, em frente ao trio de abertura. “O bloco é na verdade um ato político. A Parada hoje é muito voltada para o mercado, ela é mais festa do que luta. Nós vamos lá falar sobre a prisão do Lula, sobre a Reforma da Previdência, os cortes na educação e a destruição das políticas públicas, porque estas são todas questões que afetam a população LGBT”, encerra Bel.

50 anos de Stonewall

Em 2019, o tema da 23ª Parada do Orgulho LGBT são os 50 anos da chamada “Revolta de Stonewall”. Até o ano de 1962 era crime ser LGBT nos Estados Unidos. Ao longo da década era raro bares e estabelecimentos que recebiam pessoas da comunidade LGBT, mas existia um bar, o Stonewall Inn, que era frequentado por gays, lésbicas, transexuais, bissexuais, travestis e drag queens. Ele frequentemente recebia “batidas policiais” que humilhavam, batiam e prendiam funcionários e clientes, além de fechar o local.

Então, em 28 de junho de 1969, a comunidade LGBT cansada desse tratamento se rebelou. Quando a polícia chegava ao bar as luzes eram acesas, a música desligada e as saídas fechadas, os clientes eram colocados em fila para conferirem seus documentos e separar os que usavam trajes considerados femininos para que policiais mulheres verificassem o gênero. Mas nesse dia os clientes se recusaram a se identificar, foi então que a revolta começou. O primeiro grito de “Poder Gay” veio seguido do coro da canção “We Shall Overcome” (Nós vamos vencer) e logo uma multidão se juntou e resistiu aos abusos da polícia.

A partir daí, ao longo dos dias, multidões cada vez maiores se reuniam durante as noites para resistir contra as leis e a violência LGBTfóbica do estado americano. Esse movimento deu início a criação de marchas por todo o mundo.

Agenda

22 de junho – Caminhada das Mulheres Lésbicas e Bissexuais, MASP, 14h às 21h

23 de junho – Parada do Orgulho LGBT, Avenida Paulista (concentração no vão do MASP), 10h às 18h

Da Redação da Agência PT de Notícias

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