Sempre às segundas, lideranças espirituais confortam Lula no PR

Lideranças religiosas de diversas vertentes têm oferecido apoio espiritual ao ex-presidente na sede da Polícia Federal em Curitiba

Ricardo Stuckert

Lula nos braços do povo

O ex-presidente Lula recebe todas as segundas-feiras visita de lideranças espirituais na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde é mantido como preso político há 79 dias. Já passaram por lá amigos de longa data como o teólogo Leonardo Boff, frei Betto e frei Sérgio Antônio Görgen; o padre Júlio Lancelotti e os monges Barros e Sato.

Eles são conforto espiritual a Lula e fortalecem as ações de resistência aos apoiadores do ex-presidente que estão acampados e fazendo atos nas proximidades da PF desde 7 de abril, dia que Lula  cumprir a decisão judicial.

Nesta segunda-feira (25), quem visita Lula é o pastor evangélico Ariovaldo Ramos, liderança do movimento Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, de São Paulo. O pastor não se furta a denunciar a arbitrariedade da justiça contra o ex-presidente em todos os locais por onde passa.

“Defendemos a liberdade de um homem que foi condenado sem provas e agora está sendo obrigado a permanecer no cárcere”, diz ele. A visita ao Presidente será às 16h, após o pastor faz uma coletiva a imprensa e leva uma mensagem aos apoiadores e militantes do Lula na Vigília Lula Livre.

O teólogo Leonardo Boff foi o primeiro a visitar o Lula, no dia 7 de maio. Antes, no dia 19 de abril, numa manhã de calor escaldante, ficou horas sentado ao lado da guarita de segurança da PF, mas não foi autorizado pela Justiça a entrar.Quando, finalmente foi autorizado a entrar, Boff saiu dizendo que ‘Lula está bem e lendo muito. Livros de romances e sobre espiritualidade’.

“Ele disse que vai voltar para fazer as mudanças que vão garantir uma vida melhor para os excluídos. Está muito feliz com as manifestações dos acampados e disse que ouve o ‘bom dia e o boa noite’, entoados diariamente nas imediações do prédio da PF”.

No dia 14 de maio foi a vez do Monge Marcelo Barros, de Pernambuco, visitar o ex-presidente. Ele também saiu dizendo que Lula está bem de saúde, sereno e firme no projeto de vida que é servir ao povo brasileiro.

Lula falou ao monge sobre a importância das visitas de líderes espirituais para ele aprender a lidar com a indignação que sente quando se informa sobre o que está acontecendo no Brasil. “O presidente revelou que precisava saber como lidar cada dia com uma indignação imensa contra os bandidos responsáveis por essa armação política da qual é vítima, sem dar lugar ao ódio”, contou o monge Marcelo Barros.

No dia 21 de maio, o padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, visitou Lula e, na saída, foi portado de uma mensagem do ex-presidente que pediu para ninguém desistir da luta.

“Lula pediu que eu levasse uma mensagem para os moradores de rua, para os catadores e para os que estão no Largo do Paissandu acampados”, disse padre Júlio se referindo ao incêndio causado por um curto-circuito que provocou o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, onde viviam famílias de sem teto.

“Que ninguém desista da luta, porque nós temos que enfrentar todos os desafios que vêm pela frente”.

Já no dia 28 de maio, o monge budista Sato disse aos militantes na saída da visita ao ex-presidente que Lula está “indignado, mas tranquilo, aguardando que a Justiça seja feita. Qual o crime que eu cometi? É crime defender um Brasil para os brasileiros?”, questionou Lula ao líder religioso.

Quando visitou o presidente Lula, no dia 4 de junho, frei Betto relatou uma conversa que teve com Lula sobre as eleições presidenciais e a frase mais marcante que reproduziu aos militantes foi: “Como me retirar de uma disputa eleitoral se as pesquisas comprovam que, sozinho, tenho mais votos que a soma de todos os concorrentes?”.

Para o frei Sérgio Antônio Görgen, que visitou Lula no dia 18, a primeira impressão é que o ex-presidente sobrevive, e bem, com astral alto, numa pequena sala, com uma cama simples, um criado mudo pequeno, uma mesa cheia de livros e papéis que lê, anota e escreve.

“Nossa prosa foi solta e desorganizada, uma conversa de amigos, falamos de tudo. Aí, ele fez um ar sério e disse estar fazendo um grande esforço para não alimentar nenhum tipo de ódio, apesar da injustiça que está sofrendo”.

Segundo o frei, Lula expressou o amor pelo povo brasileiro. “Isso, de fato, lhe move e dá forças para enfrentar e suportar o que está passando, quem sofre com o desemprego, com a destruição da indústria nacional e com a volta da fome”

Com relação à Petrobras, Lula demonstrou sua preocupação, comentando que o povo precisa reagir, “senão, vão destruir tudo”, disse o frei se referindo ao desmonte da estatal que vem sendo preparada para ser vendida a preço de banana pelos golpistas liderados pelo ilegítimo Michel Temer.

Da CUT

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