Vitória da esquerda no México é marco para toda América Latina

Eleição de Andrés Manuel López Obrador põe fim a um longo domínio da direita na política do país. Trajetória do novo presidente guarda muitas semelhanças com a de Lula

Edgard Garrido/Reuters

O presidente eleito mexicano Andrés Manuel López Obrador

Mesmo fora da Copa após a derrota para o Brasil, os mexicanos tem muito a comemorar. O Instituto Eleitoral do México confirmou nesta segunda (2) que o país será governado pela esquerda progressista pela primeira vez. A vitória do presidente Andrés Manuel López Obrador, do Morena (Movimento Regeneração Nacional), representa um marco histórico para a política da segunda maior economia do continente. E para toda a América Latina.

A trajetória do novo presidente mexicano guarda muitas semelhanças com a de Lula. Como nosso ex-presidente, Obrador tem ampla experiência como líder social. Concorreu à presidência duas vezes antes de ser eleito. Desta vez, ganhou com uma ampla margem: 53%, contra 23% do segundo colocado e 15% do candidato governista. Sua vitória põe fim a um domínio de quase 90 anos da direita e centro-direita na política mexicana.

É o prenúncio de uma nova primavera da esquerda no continente? O ex-chanceler Celso Amorim acredita que sim, mas faz um alerta para a reação imperialista que deve aumentar a pressão sobre o Brasil e a América Latina. “A visita do vice-presidente Pence foi só o prelúdio. E a luta por Lula Livre, Lula candidato é mais do que nunca vital”, disse ele em entrevista ao Brasil 247.

O PT, em nota assinada pela presidenta Gleisi Hoffmann e pela Secretária Nacional de Relações Internacionais do partido, Monica Valente, saudou os mexicanos e reforçou a importância da eleição de Obrador que tanto vai contribuir para uma América Latina livre e soberana.

Nas redes sociais, a presidenta Dilma Rousseff manifestou sua torcida pelo candidato. “Será uma vitória não apenas do México, mas de toda a América Latina”, escreveu. A senadora e presidenta nacional do PT Gleisi Hoffmann também se manifestou. “Na bola, hoje somos todos Brasil. Na América Latina, somos todos irmãos.” Também felicitaram AMLO o senador Lindbergh Farias e o deputado Paulo Pimenta Benedita da Silva.

Seus principais desafios são o combate à corrupção, à estagnação resultante das políticas neoliberais anteriores e à violência dos cartéis de drogas. O partido também levou a prefeitura da Cidade do México, que equivale a uma secretaria de estado na organização política do país. Com a vitória de Claudia Sheinbaum, é a primeira vez que uma mulher é eleita prefeita da capital mexicana, a mais populosa de todo o continente.

Em tempos de Trump, a guinada progressista também começa a ressoar no norte do continente. Em movimento inédito, uma mulher latina de 28 anos venceu derrotou um veterano do Partido Democrata nas prévias para deputada em Nova York. Alexandria Ocasio-Cortez é aliada do socialista Bernie Sanders e defende uma plataforma abertamente de esquerda, com acesso integral à saúde, controle de armas, aumento de salário mínimo e banimento dos presídios privatizados.

Por Thais Reis, da Agência PT de Notícias

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