William De Lucca: Mesmo ameaçado, seguirei cada vez mais viado

“Pra que sejamos cidadãos com direitos plenos, para que nossos corpos não sejam mais alvos de lâmpadas, facas, balas, para que existir seja um direito e não uma batalha”

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William De Lucca

Hoje é dia de ter orgulho!

Orgulho porque somos proibidos de tê-lo. Orgulho porque, pra eles, deveríamos nos envergonhar. Orgulho porque quando a gente é marcado pra apanhar, pra ser humilhado, pra morrer, só o orgulho nos faz acordar e sair de casa pra enfrentar o mundo.

Eu tenho orgulho de ser gay. Viado, bicha, frango, goiaba, qualira. Tenho orgulho de ser tudo o que me dizem que é ofensivo, errado, pecado, crime, desvio.

Porque o orgulho é tudo o que eu tenho. Quando me negam direitos, quando me negam dignidade, quando me negam o essencial, ter orgulho é o que me resta para lembrar a eles que eu não aceito o que me impõe.

Hoje, eu tenho orgulho por Jean Wyllys, por Daniela Mercury, por João Nery, por João Silvério Trevisan. Hoje eu tenho orgulho por Madame Satã, por Rogéria, por Alexandre Ivo, por quem vive, viveu e morreu por ser LGBT quando viver assim não era possível.

Como canta Quebrada Queer, mesmo ameaçado, eu seguirei sendo cada vez mais viado. Porque eu existo, porque eu resisto, e resisitir com orgulho é minha forma de fazer política.

Pra que sejamos cidadãos com direitos plenos, para que nossos corpos não sejam mais alvos de lâmpadas, facas, balas, para que existir seja um direito e não uma batalha.

E pra isso a gente tem orgulho, a gente ocupa a mídia, ocupa o mercado de trabalho, ocupa os espaços que não querem que a gente ocupe. Agora, é hora de ocupar a política. É hora de ser ainda mais indesejado. É hora de ter mais orgulho de estar onde não querem que a gente esteja.

2020 está aí.

Nos aguardem.

William De Lucca é Jornalista e especialista em marketing digital. Atualmente, é ativista digital, lgbt e de direitos humanos e coordena o marketing do Sindicato dos Bancários de SP

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