A estagnação de Guedes: inflação e endividamento travaram compras em maio

Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE aponta estagnação no setor. Em 12 meses, o resultado é negativo. Carestia faz a receita crescer bem mais que o volume de vendas

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As famílias brasileiras cortam gastos

Endividadas, empobrecidas e pressionadas por uma carestia generalizada que mantém a inflação em dois dígitos desde setembro de 2021, as famílias brasileiras não foram às compras em maio. No máximo, adquiriram absolutamente o necessário. É o que mostra a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os números são tão medíocres quanto a “política econômica” de Jair Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes. Em maio, o volume de vendas do comércio varejista variou 0,1%, frente a abril, completando cinco meses de um avanço que mal compensou as perdas anteriores. Em comparação a maio de 2021, o desempenho do comércio varejista caiu (-0,2%). Nos últimos 12 meses, a queda é maior (-0,4%).

“Este resultado mostra um cenário de estabilidade na passagem de abril para maio. Mas, apesar de vir de quatro resultados positivos, as taxas foram decrescentes”, ressalva o gerente da PMC, Cristiano Santos. “Observamos uma retomada no comércio varejista, mas que vem de uma base baixa, dezembro, e sempre fazendo um acúmulo menos intenso ao longo desses meses.”

Entre as oito atividades pesquisadas, seis tiveram taxas positivas. A alta mais intensa foi a de Livros, jornais, revistas e papelaria (5,5%). Em termos de influência, destaque para os setores de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (3,6%), e Tecidos, vestiário e calçados (3,5%). Móveis e eletrodomésticos (-3,0%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,2%) foram os destaques negativos.

O gerente da PMC destaca que, no setor de artigos farmacêuticos, o crescimento do volume foi ancorado na indústria farmacêutica, e menos no segmento de perfumaria. “Esse já é o segundo mês consecutivo de alta, e coincide com os reajustes do setor, nos meses de abril e maio”, explica Santos.

“Móveis e eletrodomésticos é uma atividade que não superou o patamar pré-pandemia, pois ao longo de 2021 teve perdas consideráveis”, analisa Santos. “Durante a pandemia, esses itens tiveram um ganho importante devido às substituições que as pessoas fizeram por estarem mais em casa. Após a demanda extraordinária, os produtos passaram a ter menos importância no orçamento das famílias, sobretudo eletrodomésticos.”

Inflação dos alimentos baixou vendas nos supermercados

A inflação de dois dígitos causou uma disparidade entre receita (aumento de 0,4%) e volume de vendas (0,1%). Conforme o IBGE, essa diferença sinaliza a inflação no varejo em geral, com impacto inflacionário mais intenso em alguns setores – como o dos combustíveis e lubrificantes, dolarizados pela política de Preço de Paridade de Importação (PPI) adotada sob Michel Temer e mantida por Bolsonaro.

“O setor de combustíveis e lubrificantes vem, há alguns meses, com indicadores de receita muito maiores do que os de volumes. De abril para maio, a receita do setor subiu 3,5%, enquanto o volume cresceu 2,1%”, enumera Santos.

Na atividade de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, a receita cresceu 5,0% e o volume 3,6%, devido aos reajustes de preços. “Mas o maior exemplo é o setor de supermercados, que de abril para maio cresceu 1% no volume e 4,1% em receita – ou seja, quatro vezes mais, sinalizando sobretudo a inflação dos alimentos”, completa o gerente da PMC.

No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, veículos e materiais de construção, as duas atividades também sofrem impacto da inflação. Veículos e motos, partes e peças apresentou variação negativa (-0,2%), enquanto Material de Construção teve queda de 1,1% na passagem de abril para maio de 2022.

“O cenário de todos os indicadores do varejo é de perda de ritmo”, aponta o pesquisador do IBGE. “O indicador da margem sai de 2,4% em janeiro para 0,1% na passagem de abril para maio. O acumulado do comércio varejista cresce de 1,6% em março para 2,3% em abril e depois cai para 1,8% em maio, reduzindo a velocidade de crescimento no ano.”

O acumulado em 12 meses (-0,4%), afirma Santos, é o primeiro resultado negativo desde setembro de 2017. “Nesse indicador, passamos por toda a pandemia com resultados positivos ou nulo, como em maio, junho e julho de 2020. Mas não havia ocorrido taxa negativa”, finaliza o gerente da PMC.

Reunidos com Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira (12), em Brasília, dirigentes da Confederação Nacional do Comercio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) entregaram ao pré-candidato a Agenda Institucional do Sistema Comércio, com propostas do setor. Pesquisas recentes da entidade revelaram o progressivo empobrecimento de trabalhadores e trabalhadoras do país, cujos salários não acompanham a inflação de dois dígitos de Bolsonaro e seu “posto Ipiranga”.

Da Redação

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