Congressistas dos EUA pedem esclarecimento sobre cooperação com a Lava Jato

Em matéria especial da BBC News Brasil, parlamentares se dizem “preocupados” com o envolvimento de agentes do Departamento de Justiça dos Estados Unidos em procedimentos investigativos e judiciais recentes no Brasil

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Operação Lava Jato comprometeu Justiça e economia

Um grupo de 20 congressistas norte-americanos pediu que as autoridades do país tornem públicas informações sobre como os órgãos de investigação dos EUA cooperaram com a Operação Lava Jato, no Brasil. De acordo com matéria especial da BBC News Brasil publicada nesta segunda-feira (7), os pedidos dos parlamentares fizeram o pedido por meio de carta ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ). A carta é assinada por destacados parlamentares do Partido Democrata.

“Há muito tempo estou preocupada com a Lava Jato e suas consequências para a democracia brasileira – particularmente com o que parece ter sido um esforço politizado e falho para prender o ex-presidente Lula e mantê-lo fora das urnas em 2018. Se o DoJ desempenhou algum papel na erosão da democracia brasileira, devemos agir e garantir a responsabilização para que isso nunca se repita”, afirmou à BBC News Brasil a deputada democrata Susan Wild, da Pensilvânia, uma das signatárias da carta ao DoJ.

De acordo com a BBC, “no texto (da carta) os parlamentares se dizem ‘preocupados’ com o envolvimento de agentes do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) em procedimentos investigativos e judiciais recentes no Brasil, que geraram controvérsia substancial e são vistos por muitos no país como uma ameaça à democracia e ao Estado de Direito”.

A percepção se tornou mais clara a partir da decisão do Supremo Tribunal Federal do Brasil que anulou todos os julgamentos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Lava Jato após apontar parcialidade do então juiz federal Sergio Moro no caso. Em farta documentação, o envolvimento do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) e do FBI foi explicitado pela defesa do ex-presidente Lula e por diversos veículos da mídia brasileira e internacional.

Também segundo a BBC, “os parlamentares dos EUA temem que as ações de agentes investigativos americanos possam ser vistas como interferência na política nacional brasileira, já que a operação Lava Jato levou ao impedimento da candidatura presidencial de Lula em 2018 e alçou Sergio Moro a Ministro da Justiça do atual presidente, Jair Bolsonaro”.

A deputada democrata Susan Wild, segundo a BBC, diz esperar “informações completas antes de tirar quaisquer conclusões” sobre o papel de agentes do FBI, o órgão investigativo dos EUA, ou do DoJ, mas nota que “os Estados Unidos devem estar atentos à sensibilidade de seus atos tanto no Brasil quanto em outros lugares da América Latina, dado o histórico de interferência dos EUA na região”.

O histórico de intervenções dos Estados Unidos na América Latina e no Brasil, especialmente o apoio à ditadura militar brasileira, pesou na preocupação dos parlamentares. “Os Estados Unidos têm uma história sombria de intervenção na política interna da América Latina e precisamos compreender totalmente a extensão do envolvimento dos EUA (com a Lava Jato) para evitar que uma eventual implicação inaceitável aconteça no futuro”, afirmou à BBC News Brasil o deputado Raúl Grijalva, do Arizona, que também assinou a carta.

“À medida que o Brasil se aproxima da eleição presidencial de 2022, acredito ser crucial que os membros do Congresso dos EUA deixem claro que a era de interferência acabou – o povo brasileiro deve ser livre para escolher seus próprios governos”, resumiu Wild, segundo a BBC. Os congressistas americanos afirmaram ao DoJ que aguardam esclarecimentos até o dia 31 de julho.

Da Redação, com BBC News Brasil

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