CPI da Covid inicia investigação dos crimes de Bolsonaro

Senado instala CPI, que define como primeiras ações a requisição de informações do governo federal e a audição dos quatro ministros da Saúde de Bolsonaro

Roberto Stuckert Filho

Senador Humberto Costa (PT), ao lado de Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues

A investigação, pelo Senado, dos crimes cometidos por Jair Bolsonaro e seus ministros durante a pandemia começou nesta terça-feira (27), com a instalação da CPI da Covid. Após tentativa frustrada do governo de barrar o início da Comissão Parlamentar de Inquérito, buscando impedir na Justiça a relatoria de Renan Calheiros (MDB-AL), os membros iniciaram os trabalhos e elegeram como presidente e vice-presidente, respectivamente, os senadores Omar Aziz (PSD-SP) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Embora os governistas busquem a todo instante transferir o foco a prefeitos e governadores, sobram evidências de que foi a gestão de Bolsonaro, marcada pela omissão e sabotagem às medidas preventivas, que fez do Brasil o país onde, atualmente, mais se morre por Covid-19. Como frisou o senador Rogério Carvalho (PT-SE), membro suplente da CPI, a comissão poderá “mostrar ao Brasil que a tese da imunidade de rebanho é o principal causador das (quase) 400 mil mortes” já registradas.

Rogério Carvalho se refere à estratégia de estimular a infecção de um grande número de pessoas, buscando uma imunização natural e não por vacinas. Como já comprovado por estudo da Universidade de São Paulo (USP), essa foi a opção de Bolsonaro, mesmo sendo alertado que, se agisse dessa forma, causaria a morte de centenas de milhares de brasileiros.

A realidade é que o governo federal sabe dos crimes que cometeu e teme ser ainda mais claramente desmascarado. Prova disso é o documento elaborado pela Casa Civil da Presidência da República, tornado público pelo site UOL, no qual são listados 23 crimes cometidos por Bolsonaro e seus ministros, entre os quais negligência na aquisição de vacinas, falta de ação para evitar tragédia de mortes no Amazonas, promoção de “tratamento precoce” sem evidências científicas, falta de insumos diversos e genocídio indígena.

A primeira proposta feita pelo relator Renan Calheiros, por sinal, foi justamente o requerimento de informações sobre esses pontos ao governo federal. Outra proposta, também aprovada pelos integrantes da CPI, foi a de ouvir os quatro ministros da Saúde do governo Bolsonaro, a começar por Luiz Henrique Mandetta, na próxima terça-feira (4).

Para o líder do Partido dos Trabalhadores no Senado, Paulo Rocha (PT-PA), os brasileiros “esperam por uma prestação de contas” sobre o que levou a essa “crise total” pela qual o país passa. Complementando a fala do colega, o senador Humberto Costa (PT-PE), membro titular da comissão, ressaltou que o papel de uma CPI é justamente o de esclarecer os fatos. “A CPI não é um tribunal, é tão somente um instrumento de investigação, que, ao final do trabalho encaminhará suas conclusões para o Ministério Público, as Assembleias Legislativas, Câmaras de Vereadores, Tribunais de Conta etc.”, lembrou.

Esclarecimentos também é o que espera o relator. “O Brasil precisa de muita luz, e isso não é uma mera metáfora. O papel da comissão é iluminar todos os compartimentes escuros do combate à pandemia. O Brasil, infelizmente, é um dos piores países no combate à pandemia. Essa comissão tem, doravante, o papel de esquadrinhar, como de apontar os responsáveis pelo quadro sepulcral”, disse Renan Calheiros.

Da Redação

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