Deboche: Sem empregos, Bolsonaro promete benefício para quem “começar a trabalhar”

Pagamento de R$ 200 a mais para beneficiário do Auxílio Brasil que arrumar emprego foi prometido em agosto de 2021, e nunca implementado. Lei Orçamentária prevê auxílio de R$ 405 em 2023

Henrique Kawaminami/Site do PT

Bolsonaro destila ódio e preconceito contra os trabalhadores e o povo. Foto: Henrique Kawaminami/Site do PT

Depois de prometer que manteria o Auxílio Brasil de R$ 600 em 2023 e enviar ao Congresso Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) com previsão do benefício de R$ 405 no ano que vem, Bolsonaro volta a tripudiar dos mais pobres. No programa eleitoral gratuito desta quinta-feira (8), ele prometeu um pagamento extra de R$ 200 “para quem começar a trabalhar” entre os beneficiários do programa. Só pode ser deboche.

Como na popular frase “Lula subiu, gasolina baixou”, a “nova” proposta de Bolsonaro surge dez dias após Luiz Inácio Lula da Silva anunciar que, caso vença as eleições, promoverá a volta do Bolsa Família com R$ 600 de valor-base. Haverá ainda um adicional de R$ 150 por filho de até 6 anos para as famílias mais carentes, o que poderá beneficiar mais de nove milhões de crianças. E o que Lula promete, Lula cumpre. Já Bolsonaro…

O relator do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), disse ao Valor que via “como palavras ao vento” a promessa de Bolsonaro. “Ele já pode apresentar ao Congresso a fórmula para pagar o Auxílio Brasil de R$ 800 a partir de janeiro de 2023. Ou mesmo, a partir de agora. Esperar por quê? Quem tem fome, tem pressa”, ironizou o senador, citando a famosa frase do sociólogo Betinho.

“Você sabe o que é Aporofobia? Propaganda do Boso requenta promessa não cumprida, carregada de preconceito contra os pobres. Prometeu dar um benefício a mais para os que ‘começarem a trabalhar’! Como se estivesse sobrando trabalho e o pobre estivesse na preguiça”, criticou Tereza Campello em sequência de postagens no Twitter.

Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome do Governo Dilma Rousseff, Tereza mencionou estudos que comprovam que 70% dos adultos do Bolsa Família trabalham ou procuram emprego. Lembrou ainda que “Boso” fez essa promessa em agosto de 2021, quando criou o Auxílio Brasil, mas até hoje não a implementou.

A ex-ministra se referiu ao Auxílio Inclusão Produtiva Urbana, previsto na medida provisória (MP) que criou o Auxílio Brasil. Mas na base de dados do próprio Ministério da Cidadania não há qualquer informação sobre o auxílio. À Folha de São Paulo, uma fonte do governo disse reservadamente que o benefício foi incluído na lei “apenas para idealização da política”, pois havia incertezas sobre os recursos disponíveis.

“E mais uma vez Bolsonaro mentiu dizendo que o Bolsa Família proibia o povo de trabalhar. Mentira”, prosseguiu Tereza. “O critério para estar no Bolsa Família sempre foi renda. Sempre pode ter emprego com ou sem carteira.”

Uma das responsáveis por elaborar a parte do combate à fome do plano de governo de Lula, Tereza adiantou que o novo Bolsa Família será “revisto, ampliado e fortalecido, para que responda aos atuais desafios da fome e da pobreza”. “Vamos garantir os R$600 como valor permanente, e não um improviso eleitoral. A nova Bolsa resgatará segurança e estabilidade”, garantiu, afirmando que “Boso criou injustiças ao desconsiderar a composição familiar”.

Lula em Nova Iguaçu: “A escravidão acabou em 1888”

Durante comício em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense), nesta quinta-feira (8), Lula da Silva voltou a dizer que irá discutir a retomada dos direitos trabalhistas se vencer as eleições. “A escravidão acabou em 1888”, comentou Lula, ressaltando que trabalhadores e trabalhadoras precisam ter direito a descanso semanal remunerado, férias e compensação em caso de acidente.

O candidato ao terceiro mandato presidencial assegurou que vai modernizar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para prever novas formas de trabalho que garantam os direitos, por exemplo, de trabalhadores de aplicativos. Disse ainda que pretende retomar os reajustes do salário mínimo acima da inflação, prática abolida no desgoverno Bolsonaro.

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“Nós estávamos reivindicando um auxílio de R$ 600 para o povo pobre na pandemia. Ele queria R$ 200. E aí, quando faltavam três meses para as eleições, e o Lula na frente dele, ele resolveu dar R$ 600 outra vez”, lembrou o petista, lembrando que, se depender de Bolsonaro, a medida acaba em 31 de dezembro. “Só vai ter porque nós vamos ganhar e vamos deixar os R$ 600 para esse povo”, garantiu.

Em pouco mais de três anos e meio de Bolsonaro – que sempre disse que “é melhor trabalho sem direitos que direitos sem trabalho”, como se uma coisa excluísse a outra – a precarização se tornou a grande marca dele e do ministro-banqueiro Paulo Guedes.

Enquanto o número de desempregados continua na fronteira dos dois dígitos (9,9 milhões), o contingente de trabalhadores sem direitos garantidos pela CLT bateu novo recorde (39,3 milhões de pessoas) em julho. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também revela que os trabalhadores estão ganhando em média 2,9% menos do que ganhavam há um ano.

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A população desalentada, que desistiu de procurar trabalho após tentar por mais de dois anos, é de 4,2 milhões de pessoas. Ao fim do segundo mandato de Lula, em 2010, quando o Brasil alcançou a situação de pleno emprego pela primeira vez, o tempo de espera por uma vaga era de 5 meses, em média, nas principais capitais do país, prazo coberto pelo seguro-desemprego.

Durante os governos de Lula e Dilma Rousseff, entre 2003 e 2015, foram gerados mais de 20 milhões de postos formais de emprego, com carteira assinada. A Era lula chegou ao fim com taxa de desemprego de 5,7% (quando ele assumiu, era 11,2%). O índice de desemprego caiu 45% nos oito anos de seu governo.

O fortalecimento das leis trabalhistas, a política de valorização do salário mínimo, a inclusão educacional e as políticas sociais de transferência de renda, entre outras medidas, foram responsáveis por manter a economia aquecida. Dilma terminou seu primeiro mandato, em 2014, com desemprego em 4,3%, a menor da série histórica.

Aí, veio o golpe de 2016 e começou o pesadelo da classe trabalhadora brasileira. Em 2 de outubro, os trabalhadores poderão voltar a sonhar com dias melhores.

Da Redação, com agências

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