Escola Sem Partido é “bobagem conservadora”, diz Karnal

Historiador explicou, em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura, que a proposta vem de “uma direita delirante e absurdamente estúpida”

Leandro Karnal durante entrevista ao "Roda Viva" (foto: reprodução)

Durante entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura, nesta segunda-feira (4), o historiador Leandro Karnal criticou a proposta da Escola Sem Partido, que está em discussão no Congresso Nacional, em assembleias legislativas e em câmaras de vereadores pelo País.

Para o historiador, a proposta se trata de “uma asneira sem tamanho e uma bobagem conservadora”. Na avaliação de Karnal, a proposta, ao contrário do que dizem seus defensores, também é cheia de ideologias.

“É coisa de gente que não é formada na área e decidem ter uma ideia absurda de substituir uma ideologia em sala de aula por outra ideologia, que é uma ideologia conservadora”.

O historiador explicou que toda opinião é política, inclusive o Escola Sem Partido, e que os jovens têm a sua própria opinião. Para ele, é uma crença fantasiosa que a  educação nas escolas “formem líderes sindicais”.

“Eu gostaria de uma escola que suscitasse o debate. De uma escola que colocasse para o aluno um texto do Stuart Mill ao lado de um texto de (Karl) Marx, e que o aluno debatesse os dois textos”, explicou.

Karnal também criticou a demonização da política. Segundo ele, esta é a pior herança da ditadura militar (1964-1985). “Se o professor for militante de um partido de esquerda ou de centro, também faz parte do processo. Não é ruim. A demonização da política é a pior herança da ditadura militar. Além de matar seres humanos, ainda provocou na educação um dano que vai se arrastar por mais algumas décadas”, finalizou.

Proposta
O Escola Sem Partido é uma proposta criada por políticos e personalidades conservadoras para que os professores da rede pública sejam impedidos de dar opiniões políticas em sala de aula. Há projetos correndo na Câmara dos Deputados, em assembleias legislativas e em câmaras municipais. Um dos projetos prevê a prisão de professores.

Leandro Karnal

Alexandre Frota, Mendonça Filho e Marcello Reis, líder do Revoltados Online

 

O deputado Izalci Lucas (PSDB-DF) é autor do Projeto de Lei 867/2015, que defende a “neutralidade política e ideológica” nas salas de aula. Outro defensor é o ator Alexandre Frota, que, inclusive, teve uma reunião com o ministro interino da Educação, Mendonça Filho, para debater o assunto.

 

Abaixo, o programa na íntegra:

 

Por Bruno Hoffmann, da Agência PT de Notícias

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