“Esticar a corda” é deixar 300 mil brasileiros morrerem

Em meio ao agravamento da pandemia, Bolsonaro volta a causar aglomeração e ameaçar a democracia, tratando Forças Armadas como “nosso Exército”

Site do PT

Com o país perto de ultrapassar a trágica marca de 300 mil mortos por Covid-19 ainda nesta semana, Jair Bolsonaro volta a arriscar a vida do povo brasileiro com aglomeração e a ameaçar o Estado Democrático de Direito. No domingo (20), diante de centenas de apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que “tiranos” cerceiam a liberdade da população e ameaçou usar as Forças Armadas em nome da “democracia”.

“Alguns tiranetes ou tiranos tolhem a liberdade de muitos de vocês”, delirou. “Pode ter certeza, o nosso Exército é o verde oliva e é vocês também. Contem com as Forças Armadas pela democracia e pela liberdade”, disse, apontando ainda que “estão esticando a corda, faço qualquer coisa pelo meu povo. Esse qualquer coisa é o que está na nossa Constituição, nossa democracia e nosso direito de ir e vir”.

Não é a primeira vez que Bolsonaro “estica a corda”, utilizando as Forças Armadas como um grupo particular de subalternos para distorcer a realidade e ameaçar a democracia. Em abril de 2020, ele havia dito que “acabou a época da patifaria” e que “não queremos negociar nada”.

O ataque do líder de extrema direita provocou reação indignada da presidenta Nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann. Diante da gravidade das insinuações de Bolsonaro, ela cobrou um posicionamento claro dos militares.

“Bolsonaro retoma escalada autoritária, pressionado pelo caos que ele mesmo causou ao país, sem mostrar saída para a crise”, denunciou Gleisi, no domingo, pelo Twitter. “[Bolsonaro] voltou ameaçar com militares. Estes tem de se pronunciar, sob pena de conivência com a ameaça à democracia”, cobrou a deputada. “E nós, subirmos o tom para pressionar Congresso a impichá-lo”.

Escalada do vírus

As ameaças de Bolsonaro coincidem com a perda de sua popularidade e a escalada feroz do vírus. Nas últimas semanas, o Brasil vem batendo sucessivos recordes de infecções e de mortes em decorrência da doença. No domingo, a média móvel de mortes bateu outro recorde e atingiu 2.255 óbitos. Em 24 horas, foram registradas 1.259 vítimas fatais. Na semana anterior, no dia 15, o número oscilava em torno de 1.855 óbitos.

Agora, o país acumula 11.996.442 casos e 294.115 vítimas fatais.  Segundo o consórcio de veículos de imprensa, 20 estados e o Distrito Federal estão com alta de mortes por Covid-19. Apenas Amazonas e Roraima apresentam queda. Em termos de novos casos, a média móvel nos últimos 7 dias foi de 73.344 novos diagnósticos por dia.

Aumento de internações de jovens e crianças

A abrangência das contaminações tem assustado especialistas, que notaram um aumento vertiginoso de contaminações e internações entre jovens e crianças. Segundo a plataforma de pesquisadores da USP e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) InfoTracker, houve um crescimento médio de 24% nas internações de crianças e adolescentes com Covid-19, em relação aos últimos meses. Segundo pesquisadores, o crescimento reflete um quadro de descontrole do vírus.

Na semana passada, por exemplo, o governo do DF confirmou um crescimento de 2.800% de jovens com menos de 24 anos hospitalizados na capital federal.

“Assim como aconteceu em Manaus recentemente, acontecerá em todo o País um aumento de casos graves em pessoas mais jovens entre 20 e 39 anos, com aumento de mortalidade entre essa faixa etária”, alertou o pesquisador da Fiocruz, Fernando Bozza, em entrevista à CNN. “Hoje é possível ver também que há mais jovens internados nas UTIs em todo o Brasil, reflexo direto destas novas variantes em circulação e que parecem, de fato, levar a casos mais graves”.

Mentiras e baixa vacinação

No discurso de domingo, Bolsonaro voltou a mentir, afirmando que o governo está empenhado na compra de imunizantes contra a Covid-19 desde o ano passado. Reportagem da Folha de S. Paulo informa, no entanto, que o governo vem atrasando a compra de vacinas, citando a demora na aquisição dos medicamentos da Pfizer e da Janssen e que contratos com as duas empresas foram assinados apenas na última sexta (19).

Segundo o governo, os contratos preveem a aquisição de 138 milhões de doses das duas empresas. A compra chega com mais de seis meses de atraso da  oferta feita em agosto de 2020. Enquanto isso, a vacinação caminha lentamente, com apenas 5,5% da população imunizada.

Da Redação, com informações de Folha, Rede Brasil Atual e CNN

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