Justiça suspende reintegração de posse no Quilombo Campo Grande

No local, vivem cerca de 450 famílias, mais de 2 mil pessoas, que produzem alimentos como milho, feijão e mandioca

MST

Quilombo Campo Grande

A Justiça suspendeu, na última sexta-feira (30), a reintegração de posse da antiga usina Ariadnópolis, no sul do estado de Minas Gerais. No local, vivem cerca de 450 famílias, mais de 2 mil pessoas. O caso tem se arrastado por várias semanas, com a luta dos moradores contra a reintegração de posse que determinava a retirada de pessoas que, 20 anos atrás, passaram a morar e plantar naquelas terras.

Há algumas semanas, uma liminar de despejo assinada pelo juiz Walter Zwicker Esbaille Junior, da Vara Agrária de Minas Gerais, colocou em alerta o assentamento Quilombo Campo Grande, no município de Campo do Meio (MG). Conhecida como Fazenda Ariadnópolis, a área é disputada desde 1998 pelo MST, que defende sua destinação para a reforma agrária.

“Contamos com muitas manifestações de solidariedade, de resistência, da presença de muitos amigos e muito trabalho. Sabemos que é uma vitória parcial, mas estamos comemorando muito, pois em tempos como esses que estamos vivendo, cada vitória tem que ser comemorada com muita força”, afirma Tuira Tule, coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Sem terra (MST) na regional do Sul de Minas Gerais.

Segundo ela, “essa vitória foi fruto de muitas mãos, foi uma verdadeira vitória da classe trabalhadora, que esteve aqui nas terras do quilombo, que mandou mais de mil cartas para o juiz da vara agrária, mais de 500 cartas ao desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, apoio das diversas igrejas, parceiros aqui da região, do estado e de todo Brasil, apoios de artistas, de comunicadores, além do apoio através da Catarse (plataforma de financiamento coletivo) com 537 pessoas contribuindo”. Para a dirigente, essa decisão “comprova a legitimidade de nosso projeto de reforma agrária popular”.

A Ação Reintegratória de Posse nº 0024.11.188.917-6 foi requerida em 2011 pela massa falida da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), antiga administradora da Usina Ariadnópolis Açúcar e Álcool S/A. Parado na Justiça por cinco anos, o processo ganhou força após a homologação, em 2016, do plano de recuperação judicial da Capia, dezesseis anos após a falência da empresa ter sido decretada.

Por CUT

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