Lula: “Bolsonaro segue sendo o maior aliado do coronavírus”
Além de se opor à cobrança de vacinação e testes para quem chegar ao Brasil, Bolsonaro se mostra contra a restrição de entrada de passageiros vindos da África, como recomenda a Anvisa
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Mesmo após 614 mil mortos, grande parte devido à falta de políticas de prevenção que deveriam ter sido adotadas por seu governo, Jair Bolsonaro insiste trabalhar a favor da Covid-19. No mesmo dia em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma nota técnica recomendando restrição para viajantes e voos vindos de países da África, o atual presidente descartou, nesta sexta-feira (26), a adoção da medida.
Bolsonaro se irritou com um de seus apoiadores, que no cercadinho da saída do Palácio da Alvorada, pediu para ele seguir o que a Anvisa recomenda. “Que loucura é essa? Fechou aeroporto o vírus não entra? Já está aqui dentro”, disse cinicamente, como não estivesse informado de que se trata de uma nova variante que tem preocupado autoridades de saúde do mundo todo (veja vídeo abaixo).
Bolsonaro também vem se manifestando contra outra medida que governos sérios têm adotado ao redor do mundo: a exigência do certificado de vacinação e de testes para os viajantes que chegarem ao país. Por isso, Lula criticou, também nesta sexta-feira, a insistência do ex-capitão em fazer de tudo para que a Covid-19 continue se espalhando pelo país.
“Bolsonaro segue sendo o maior aliado do coronavírus”, afirmou o ex-presidente no Twitter. “No começo da pandemia impediu o governo do Ceará de fechar fronteiras para se proteger da chegada da doença. Agora não quer exigir vacinação e testes de turistas estrangeiros, como o mundo inteiro tem feito”, completou.
Bolsonaro segue sendo o maior aliado do coronavírus. No começo da pandemia impediu o governo do Ceará de fechar fronteiras para se proteger da chegada da doença. Agora não quer exigir vacinação e testes de turistas estrangeiros, como o mundo inteiro tem feito.
— Lula (@LulaOficial) November 26, 2021
Ex-ministro da Saúde, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) também criticou a resistância de Bolsonaro ao chamado “passaporte da vacina”, que classificou como “um ataque à Saúde brasileira e ao esforço de todos os trabalhadores de Saúde que enfrentaram de frente a Covid-19″. Já a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou a resistência de Bolsonaro e seus seguidores negacionistas é sinal de que ä vida pouco importa para eles”.
Bolsonaro não querer exigir vacinação de turistas é um ataque a Saúde brasileira e ao esforço de todos os trabalhadores de Saúde que enfrentaram de frente a Covid-19. É um aceno do genocida a sua base: negacionista, mentirosa e anti-vacina.
— Alexandre Padilha (@padilhando) November 26, 2021
Qual a justificativa do governo Bolsonaro não querer passaporte de vacina para entrar no Brasil se há uma quarta onda da covid rolando na Europa? Essa turma negacionista não tem jeito, a vida pouco importa pra eles.
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) November 26, 2021
Possível resistência à vacina
A recomendação que a Anvisa emitiu nesta sexta-feira se deu por conta da identificação de uma nova variante, denominada por enquanto de B.1.1.529. Segundo especialistas, há risco de que as mutações presentes nessa cepa a tornem resistentes à vacina. Por isso, a agência recomendou restrição de entrada no país para pessoas que venham de África do Sul, país onde a variante foi identificada; Botsuana; Eswatini (ex-Suazilândia); Lesoto; Namíbia e Zimbábue.
Na nota, a Anvisa recomenda a suspensão de todos os voos e da entrada de estrangeiros vindos desses países e quarentena para brasileiros ou residentes legais que tiveram passagem por um desses países nos últimos 14 dias que antecedem a entrada no Brasil. Por não haver voos diretos desses países para o Brasil, a agência recomenda a restrição de entrada de viajantes dessas áreas também por qualquer outro meio de entrada, informou o UOL.
Mesmo assim, Bolsonaro, que já foi acusado de crimes contra a humanidade pela CPI da Covid, disse que não pretende fazer o que a Anvisa pede. Mais uma vez, caberá a outras autoridades do país lutar para adotar as medidas de proteção da população. O problema é que a resistência do atual presidente é um enorme obstáculo para a saúde pública brasileira. Estudo de Harvard já mostrou que a falta de uma ação coordenada nacionalmente facilita a disseminação do vírus no país.
No governo da destruição e da morte, a "boa notícia" é a chegada de uma nova onda. É um desastre que esse sujeito permaneça na presidência até janeiro de 2023.pic.twitter.com/LEe4mKi7Rk
— Natália Bonavides (@natbonavides) November 26, 2021
Bolsonaro diz para o povo “aprender a conviver com o vírus” da COVID, essa foi sua política genocida durante a pandemia. Com a chamada “imunidade de rebanho”, seu governo queria infectar o maior número de pessoas. O resultado está aí… mais de 614 mil mortes! #ForaBolsonaro pic.twitter.com/nNq7LSxHRd
— José Guimarães (@guimaraes13PT) November 26, 2021
Mesmo sabendo que a 4ª onda de covid é um fato, Bolsonaro se recusa a controlar fronteiras ou cobrar vacinação. Pra ele, pouco importa que 614 mil brasileiros já morreram e que muitos outros podem ter o mesmo fim. pic.twitter.com/J6Gh1x4hH3
— Henrique Fontana (@HenriqueFontana) November 26, 2021
Da Redação