Lula, na China, prega união de países em desenvolvimento

Presidente participou da posse de Dilma Rousseff como presidenta do Banco dos Brics e defendeu que países façam comércio em suas próprias moedas. Nesta sexta, ele se encontra com Xi Jinping

Ricardo Stuckert

Lula e Dilma, nova presidenta do NDB: banco é símbolo do poder de união dos países emergentes

Após participar, na quinta-feira (13), em Xangai, da posse de Dilma Rousseff como presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, também chamado de Banco dos Brics, e visitar empresas, Lula se reúne, nesta sexta (14), com o presidente da China, Xi Jinping, e assina importantes acordos entre os dois países.

Serão firmados cerca de 20 acordos em diversas áreas, como saúde, tecnologia, agricultura, combate à fome, internet e meio ambiente. Um deles prevê a construção conjunta do satélite CBERS-6, cuja tecnologia permitirá o monitoramento da Amazônia e outros biomas mesmo com nuvens, o que garantirá um combate ao desmatamento mais eficaz.

Para Lula, países em desenvolvimento devem se unir para, juntos e de forma soberana, alcançar seus objetivos comuns, como o combate à pobreza e à fome e o aumento da renda e da qualidade de vida de suas populações. E um exemplo claro de que essa união é possível é o NDB, criado em 2014 e agora comandado por Dilma.

“A decisão de criar este banco foi um marco na atuação conjunta dos países emergentes. As necessidades de financiamento não atendidas dos países em desenvolvimento eram e continuam enormes”, afirmou Lula ao discursar na cerimônia de posse da Dilma (assista abaixo). 

“Pela primeira vez, um banco de desenvolvimento de alcance global foi estabelecido sem a participação de países desenvolvidos em sua fase inicial. O Novo Banco de Desenvolvimento tem um grande potencial transformador, na medida em que liberta os países emergentes da submissão às instituições financeiras tradicionais, que pretendem nos governar, sem que tenham mandato para isso”, completou.

Lula defendeu ainda que o NDB possa ajudar os países emergentes a realizar suas trocas comerciais utilizando suas próprias moedas, e não apenas o dólar. “Todas as noites eu me pergunto por que os países estão obrigados a fazer seu comércio lastreado no dólar? Por que não podemos fazer na nossa moeda? Hoje, um país precisa correr atrás de dólar para poder exportar, quando poderiam exportar em sua própria moeda.”

Dilma, por sua vez, afirmou que o banco agora presidido por ela não servirá apenas aos países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Assumir a presidência do NDB é sem dúvida uma grande oportunidade para fazer mais não só pelos países Brics, mas para outros países emergentes e em desenvolvimento”, assegurou.

Reindustrialização e empregos

Ainda na quinta-feira, Lula visitou as empresas BYD, especializada em veículos elétricos; a Huawei, de tecnologia digital; e a China Communication Construction Company, maior empresa de construção civil do país asiático.

Ampliar as relações comerciais entre os dois países de forma a fortalecer a indústria nacional é um dos objetivos centrais de Lula com a visita. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que faz parte da comitiva que viajou à China, essa meta está sendo alcançada.

“Há um desejo muito grande da China em investir no Brasil, em todas as áreas. Nós tivemos reuniões com empresas voltadas para infraestrutura, construção de ferrovias, pontes, comunicação e rede 5G e do ramo automobilístico, em especial do carro elétrico, que é em todo mundo uma tendência de substituição da frota de combustível fóssil por carga elétrica em função da questão climática”, informou Haddad pelo Twitter.

O fluxo de importação e exportação Brasil-China é recorde ano após ano. Vamos reindustrializar o Brasil gerando empregos de qualidade com investimentos estrangeiros e nacionais”, completou o ministro.

A agenda de Lula nesta sexta-feira ocorre em Pequim. Além do encontro com Xi Jinping e das assinaturas dos acordos, o presidente se reunirá com Zhang Zhigang, presidente da State Grid, empresa estatal de energia elétrica; Zhao Leji, presidente da Assembleia Popular Nacional da China; o primeiro-ministro Li Qiang; e representantes da Federação de Sindicatos de Toda a China.

Da Redação

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast