Lula: “Não acredito em modelo econômico que não coloque o pobre no orçamento”

Em entrevista a rádio, Lula diz que trabalha em um plano de reconstrução nacional e que o Brasil pode voltar a promover a inclusão social

Apesar da situação crítica em que Jair Bolsonaro colocou as brasileiras e os brasileiros, Lula se diz otimista em relação à capacidade de o país se reerguer. “Eu estou muito otimista com a perspectiva de a gente recuperar a democracia para o Brasil, de a gente voltar a fazer políticas de inclusão social, de voltar a fazer o povo sorrir porque vê seu filho indo para a escola, comendo, sendo tratado com o mínimo de dignidade e respeito”, disse o ex-presidente nesta quarta-feira (20), em entrevista à rádio A Tarde, de Salvador (assista à íntegra no fim da matéria).

Para isso, Lula afirmou ser fundamental, neste momento, discutir os problemas sociais brasileiros. “Não é o momento de priorizar as eleições. (…) O momento é de a gente discutir os problemas sociais. Tem mais de 19 milhões de pessoas passando fome crônica, 116 milhões de pessoas com algum problema de insegurança alimentar, 14 milhões de desempregados e 34 milhões que estão vivendo de bico”, ressaltou.

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Lula disse que tem conversado com lideranças políticas e sociais do Brasil inteiro e trabalhado em um plano de reconstrução do Brasil. “Nós precisamos apresentar para a sociedade brasileira que tipo de política de desenvolvimento nós queremos fazer para que o país possa retornar àquilo que ele já foi. É plenamente possível fazer algo mais civilizado, pensar nas pessoas mais humildes. Eu, por exemplo, não acredito em nenhum modelo econômico que não coloque o pobre dentro do orçamento”, afirmou (veja logo abaixo).

“Eu provei que o pobre não é problema, é solução. Quando ele participa no bolo do orçamento, vira um consumidor, um cidadão de primeira classe, sobe um degrau na escala social. Foi isso que fizemos e deu certo”, prosseguiu Lula. “Nunca podemos esquecer que este país foi a sexta economia do mundo, que fomos capazes de gerar 22 milhões de empregos com carteira de trabalho assinada, que conseguimos 74% de aumento real no salário mínimo. É possível fazer um outro país, e é este país que estou me propondo, com outros milhões de brasileiros, a ajudar a construir”, completou.

Auxílio emergencial

Lula também rejeitou qualquer estratégia de penalizar a população com vistas às eleições de 2022. “Estou vendo o Bolsonaro dizer que vai dar um auxílio emergencial de R$ 400. E tem gente dizendo que não podemos aceitar porque é um auxílio eleitoral. Eu não penso assim. Eu penso que o PT, faz mais de cinco meses, pediu um auxílio emergencial de R$ 600. E (antes) mandou uma proposta para a Câmara de um novo Bolsa Família de R$ 600. Então, nós queremos que o Bolsonaro dê um auxílio emergencial de R$ 600. Ele vai querer tirar proveito disso? É problema dele. Se alguém acha que vai ganhar o povo porque vai dar um auxílio emergencial, paciência. Eu acho que o povo merece os R$ 600 e acho que ele tem que dar. Não podemos querer que o povo fique na miséria por conta das eleições de 2022”, defendeu.

Na avaliação do ex-presidente, Bolsonaro não governa o país e recorre, para se manter no poder, “à mais horrenda velha política”. “O Brasil está sendo governado pelo ministro da Economia, que às vezes parece uma coisa alucinante, não tem um rumo, não cumpre as metas que ele mesmo estabeleceu. (…) Bolsonaro era um velho falando mal da velha política e dizendo que ia construir a nova política. E o que está acontecendo no Brasil hoje? Temos uma novidade que é o orçamento secreto. Nunca existiu na história do Brasil um orçamento do relator, que envolve R$ 20 bilhões. Essa é a nova política? Eles estão praticando a mais horrenda velha política da história deste país, com a maior desfaçatez.”

Por fim, Lula disse que o destino do país, caberá ao povo decidir. “O que vai decidir o destino deste país não é a vontade do Lula, do Bolsonaro, do Ciro, do Mandetta ou de não sei quem. Quem vai decidir o destino do país é o povo brasileiro. É ele quem vai dizer cansamos de beltrano e vamos eleger fulano, que vai tomar posse e governar. Se governar bem, pode ser candidato à reeleição, se governar mal, tá fora. E o Bolsonaro está governando mal, ou nem está governando. O povo vai decidir.”  

Da Redação

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