Maio das Trabalhadoras | O que querem as profissionais de Saúde?

Técnicas de enfermagem, auxiliares de limpeza, administrativo, psicólogas, assistentes sociais, gestoras, as trabalhadoras da Saúde compõem um conjunto complexo de atuação e sofrem a desvalorização na pele. Conversamos com Célia Regina Costa, diretora do SindSaúde-SP.

Imagina ser uma categoria historicamente feminina, estratégica para salvar vidas, e não ter sequer o direito de ter um processo de negociação decente sobre os próprios salários. Este é um dos pesos da desigualdade de gênero que aflige as trabalhadoras da saúde, principalmente no setor público.

Este é o Especial “Pelo que lutam as trabalhadoras”, iniciativa do projeto Elas Por Elas para a semana que celebra o 1 de maio, dia do trabalho. Diante dos desafios contemporâneos, conversamos com mulheres dirigentes de diversas categorias para difundir e compartilhar as demandas específicas das mulheres da classe trabalhadora.

Uma das maiores  dificuldades é o processo de negociação. Porque, na realidade, tanto governo e população têm a visão de que nós, mulheres, educamos e cuidamos, esses trabalhos não são valorizados.

Célia Regina Costa é diretora do Sindicato trabalhadores públicos da saúde  no Estado de São Paulo (SindSaúdeSP) e compõe a direção nacional da CUT. Filiada ao Partidos dos Trabalhadores desde os anos 90, ela atua no DZ de Vila Mariana, com as demandas de mulheres, sindicais e racial. Já foi presidenta do SindSaúde, dirigente da CUT de São Paulo, e também da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Seguridade Social. 

 

1) Quais são as principais reivindicações das mulheres que são da área da saúde?

Somos trabalhadoras da saúde, extremamente defensoras do Sistema Único de Saúde (SUS), a nossa luta ao longo dos anos tem sido pela valorização de todos os trabalhadores e trabalhadoras da área saúde . Somos muito desvalorizadas, queremos plano de carreira; salários mais justos; abertura de concursos públicos; que possamos ser realmente conhecidas como trabalhadoras e não somente como funcionárias públicas . Somos de uma área essencial! 

2)  Quais as principais dificuldades de ser mulher dentro da categoria? (situações que acontecem no local de trabalho, específicas do setor)

Uma vez uma companheira falou algo interessante, que nunca mais saiu da minha cabeça: ‘Por que será que o governo não negocia em São Paulo com o setor público? Por sermos mulheres’. Tanto na saúde quanto na educação, somos a maioria mulheres. Na área da saúde, somos 75% composta por mulheres, psicólogas, assistentes sociais, auxiliares, técnicas de enfermagem, enfermeiras, médicas, entre outras. 

Uma das maiores  dificuldades é o processo de negociação. Porque, na realidade, tanto governo e população têm a visão de que nós, mulheres, educamos e cuidamos, esses trabalhos não são valorizados.

A outra dificuldade são as mulheres mães. As mulheres trabalham 24 horas por dia, sem a devida valorização. Essa é uma dificuldade que nós temos. Isso tem sido mais pesado, com assédio moral. Outra dificuldade é que pouquíssimas mulheres estão em cargos estratégicos, órgãos públicos ou secretarias da saúde. 

3) Quais são as perspectivas de organização e conquistas para 2022 e no próximo período?

Estamos vivendo um período de transição, não sabemos para onde iremos. Temos esperança de termos um outro nível de debate no próximo governo populista e popular para a melhoria da nossa categoria .  Que possamos ser reconhecidas, como uma área importante e estratégica para a sociedade brasileira, pois somos nós que atendemos a população com qualidade. Exigimos salários justos e condições  dignas de trabalho .

Sobre o Especial Maio das Trabalhadoras

Esta matéria faz parte do Especial 1 de maio, “Pelo que lutam as mulheres trabalhadoras”Nele, conversamos com metalúrgicas, domésticas, têxteis, pescadoras, quebradeiras de coco, enfermeiras, servidoras, professoras e diversas outras categorias para repercutir as pautas das mulheres nas mais diversas trincheiras do mundo do trabalho atualmente. Acesse aqui a tag e confira todas as matérias.

Ao longo da semana, publicamos duas entrevistas por dia com o objetivo de dar visibilidade não só para as demandas específicas das trabalhadoras de cada setor, mas também contar uma breve história de militância de cada uma das companheiras que atuam em defesa dos direitos de sua categoria.

E, claro, mais do que nunca, dar espaço para que elas contem o que esperam de 2022 e das perspectivas de reconstrução de um país em que ainda é possível sonhar e concretizar um mundo mais justo e solidário.

Ana Clara Ferrari e Dandara Maria Barbosa, Agência Todas

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