Mais fome: à deriva, país sofre com alta mundial no preço dos alimentos

Com política de segurança alimentar destruída por Bolsonaro e 20 milhões de famintos, Brasil enfrentará aumento global de até 20%, segundo a FAO. Agência alerta: sanções contra a Rússia agravarão escassez

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Com sanções econômicas, os preços dos alimentos, que já estavam pressionados, podem subir entre 8% e 20%

Com o agravamento dos efeitos do conflito na Ucrânia, a política suicida de Jair Bolsonaro, responsável pelo desmonte de políticas públicas que garantiam a segurança alimentar dos brasileiros, resultará em mais desabastecimento e fome no Brasil, que hoje agoniza com quase 20 milhões de famintos. Como se não bastasse a pressão inflacionária resultante do irresponsável aumento dos combustíveis, com as restrições de importações de grãos e insumos por países produtores, os preços dos alimentos, que já estavam pressionados, podem subir entre 8% e 20% na escala global, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Na sexta-feira (11), a agência alertou em comunicado que os estoques reguladores de grãos, que respondem por 29% da demanda mundial anual, estão no nível mais baixo dos últimos oito anos.

No Brasil, onde Bolsonaro acabou com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – que, pela regulação de estoques, garantia o abastecimento e baixa variação nos preços dos alimentos -, as sanções econômicas terão efeito devastador. Para se ter uma ideia do tamanho da crise, em janeiro, portanto, antes do conflito na Europa, a FAO anunciou que o preço médio dos alimentos atingiu, em 2021, o maior valor em uma década.

De acordo com a agência, o Índice de Preços de Alimentos da FAO foi 28,1% maior do que 2020. O indicador cobre cinco produtos: cereais (arroz, milho, trigo e outros), óleos vegetais (soja, canola, girassol e outros), produtos lácteos (leite em pó, queijo, manteiga), carnes (bovina, frango, suína, ovina) e açúcar.

Sanções contra a Rússia

Para a FAO, não está claro se a Ucrânia poderá manter colheitas se a guerra se prolongar, ao mesmo tempo em que as perspectivas para as exportações russas no próximo ano continuam incertas. A agência lembrou que a Rússia é o maior exportador mundial de trigo, enquanto a Ucrânia é o quinto maior.

Juntos, os dois países fornecem 19% da oferta mundial de cevada, 14% do trigo e 4% do milho, o que equivale a mais de um terço das exportações globais de cereais.

Segundo a FAO, os portos russos no Mar Negro ainda estão operando e não são esperadas grandes interrupções na produção agrícola no curto prazo. “No entanto, as sanções financeiras contra a Rússia causaram uma depreciação importante que, se continuada, pode prejudicar a produtividade e o crescimento e, em última análise, elevar ainda mais os custos de produção agrícola”, aponta a agência no comunicado de imprensa.

Aumento da fome

“As prováveis ​​interrupções nas atividades agrícolas desses dois principais exportadores de commodities básicas podem aumentar seriamente a insegurança alimentar em nível global”, disse o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, em comunicado.

Ainda segundo o diretor, para evitar um agravamento da fome no mundo, países devem expandir as redes de segurança social para proteger as populações mais vulneráveis. “Em todo o mundo, muito mais pessoas podem ser empurradas para a pobreza e a fome por causa do conflito, e devemos fornecer a elas programas de proteção social oportunos e bem direcionados”, declarou Dongyu.

Alerta sobre efeitos do Protecionismo

Preocupado com as sanções econômicas e o consequente aumento do protecionismo por países produtores, o diretor da FAO recomenda que governos globais devem considerar seus efeitos potenciais nos mercados internacionais “antes de decretar quaisquer medidas para garantir o abastecimento de alimentos”.

“Reduções nas tarifas de importação ou o uso de restrições à exportação podem ajudar a resolver os desafios de segurança alimentar de cada país no curto prazo, mas aumentariam os preços nos mercados globais”, advertiu.

Dongyuy defendeu ainda o fortalecimento da transparência e o diálogo do mercado externo. “Mais transparência e informações sobre as condições do mercado global podem ajudar governos e investidores a tomar decisões informadas quando os mercados de commodities agrícolas estão voláteis”, insistiu.

O diretor da FAO reforçou que atividades de produção e comercialização devem ser protegidas para atender demandas domésticas e globais. “As cadeias de suprimentos devem continuar em movimento, o que significa proteger colheitas, gado, infraestrutura de processamento de alimentos e todos os sistemas logísticos”.

Da Redação, com FAO e CUT

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