“O governo Lula é o maior legado da esquerda brasileira”, defende Edinho

Presidente do PT aponta centralidade de Lula, alerta contra fascismo e prega mobilização de base

Isabela Conzi

Edinho Silva convoca a militância a atuar nos territórios para fortalecer o partido rumo a 2026

Na noite de quinta-feira passada (2), A Fundação Perseu Abramo (FPA) e o PT realizaram a live nacional da Jornada Nova Primavera, reunindo virtualmente militantes de todo o país para debater a importância da formação política e da mobilização como ferramentas para enfrentar os desafios atuais.

Edinho Silva abriu sua fala reafirmando a importância da mobilização e da formação política em tempos de ameaças à democracia. Ele situou o atual momento como parte de um processo histórico que exige coragem, organização e consciência de classe.

“Nós estamos vivendo um processo decisivo do nosso projeto […] O governo do presidente Lula é o maior legado da história da esquerda brasileira e o maior legado da história do PT, da história dos movimentos sociais.”

Ele apontou o governo como trincheira democrática diante da ascensão do fascismo e da ultradireita, fenômenos que estavam “na origem do processo que precedeu a Segunda Guerra Mundial.”

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A ultradireita e a disputa política pós-2013

Ao abordar o avanço da ultradireita, Edinho resgatou o contexto de junho de 2013 para explicar como esse campo conseguiu construir uma base social organizada e mobilizada a partir de um vácuo deixado pela esquerda. “Nós não soubemos interpretar, não tivemos condições para fazer a disputa política daquelas manifestações e elas se tornaram de direita.”

Para ele, o golpe contra Dilma Rousseff e a eleição de Bolsonaro em 2018 foram desdobramentos de um processo internacional de crise capitalista, financeirização da economia e empobrecimento das maiorias. Por isso, vê a vitória de Lula em 2022 como um ponto de virada, que marcou a retomada da ofensiva política da esquerda.

Entregas do governo e justiça tributária

Em seguida, o presidente do PT detalhou as conquistas recentes do governo Lula, como a reorganização das políticas públicas, a retomada do PAC, o fortalecimento do SUS, a industrialização e a redução das desigualdades, sublinhando que o Brasil hoje apresenta a “menor taxa de desemprego da nossa história recente”.

Ele tratou também do assunto que domina todas as pautas nesse momento, o início da reforma da renda, aprovada na Câmara, que isenta do imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil e desonera quem recebe até R$ 7.350, aumentando alíquota dos super-ricos. “Nós começamos a dividir o peso da carga tributária […] e abrimos também o debate da tributação dos bancos, das big techs e dos bilionários.”

Para Edinho, esse é uma discussão de fundo sobre qual Brasil queremos construir: um país de privilégios ou de justiça fiscal e social?

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Reforma política e segurança pública

Mudando o foco para a estrutura do Estado, o presidente do PT criticou duramente o atual formato de emendas parlamentares, que esvazia o presidencialismo e dificulta a democracia direta. Para ele, é urgente inserir o orçamento participativo na Constituição e devolver ao povo o direito de decidir os rumos do país. “O momento que o Congresso executa R$ 52 bilhões do orçamento, nós estamos descaracterizando o presidencialismo.”

Edinho também tratou da importância de um modelo de segurança pública baseado no respeito à dignidade humana, na reinserção social e na disputa dos jovens com o crime, o que considera uma obrigação ética da esquerda, mais humanista. Para iniciar essa discussão, propôs a realização de um grande seminário nacional sobre segurança pública já em novembro, como parte da construção de uma alternativa à pauta repressiva da direita.

Ouça a íntegra do discurso de Edinho na Rádio PT:

Conexão com os trabalhadores

Entre os temas que considera centrais para um projeto popular de país, Edinho destacou o direito à creche, a valorização da economia solidária, o reconhecimento da nova classe trabalhadora e a tarifa zero. “Aproximadamente 22 milhões de trabalhadores no Brasil não usam transporte público porque não têm condições de pagar.”

Essas pautas, reforçou, conectam o PT com a realidade da população e devem estar no coração do programa do partido rumo a 2026.

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Nucleação partidária

Encerrando sua fala, Edinho fez um chamado à reorganização do PT pela base, destacando a importância da nucleação partidária como forma de ampliar o alcance, formar novas lideranças e disputar os temas do cotidiano. “Formação política e nucleação têm que andar de mãos dadas, para que a gente não só organize o nosso partido na base, mas dê condições para a nossa militância enfrentar o debate.”

Ele defede que essa estratégia será essencial para enfrentar os desafios à frente e garantir que, em 2026, o PT e o presidente Lula avancem no projeto de país que coloca o povo, a democracia e a justiça social como prioridades.

Da Redação

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