Policiais militares criticam o ‘kit catástrofe’ de Sérgio Moro e Bolsonaro

Coronel Adilson Paes, da Polícia Militar de São Paulo, e Elisandro Lotin de Souza, sargento da PM de Santa Catarina, criticam decisões do governo na Segurança Pública

O acilante juiz Moro: para cada réu, um critério diferente

Em reportagem publicada na Vice Brasil nesta terça-feira (12), o coronel Adilson Paes, da Polícia Militar de São Paulo, e Elisandro Lotin de Souza, sargento da Polícia Militar de Santa Catarina, falaram sobre os riscos que a flexibilização da posse/porte de arma e tolerância maior para os casos de legítima defesa dos policiais pode causar na sociedade brasileira.

A análise dos dois PMs não é nada otimista. Para o Coronel Paes, a “legítima defesa” sugerida por Sérgio Moro é abstrata e genérica. Ele acrescenta ainda que o texto do ministro da Justiça “proporcionaria uma carta branca para que o policial ou qualquer pessoa mate.”

O coronel Paes acrescenta ainda sobre o peso de uma arma na mão. “Usei arma por 30 anos. O fato de você portar arma infla o seu ego, você acha que é algo mais. E por você achar que você é algo mais, os seus limites são mais curtos. Você vai ter uma escalada maior para fazer a opção mais severa possível porque você está imbuído de um poder.”

E pontua quem ganha com esta política bélica de Jair Bolsonaro.“Quem ganha é empresa de segurança, comerciante de segurança, empresa de tiro, como estandes e escolas e na outra ponta da linha as empresas funerárias. Medo e insegurança viraram commodities, dá dinheiro”, explica Paes.

Elisandro Lotin de Souza tem um discurso na mesma linha. “Se arma fosse sinônimo de proteção e segurança não tínhamos 500 policiais mortos por ano, porque todos eles estavam armados”. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2017 367 foram assassinados no país, uma média de um por dia.

O sargento comenta ainda sobre o caráter racista das abordagens policiais e sobre o maior alvo de homicídios policiais no Brasil: o homem negro. “Vai tomar 50 tiros.”

O sargento catarinense finaliza. “Ele [Sérgio Moro] vai aumentar o número de presos e o sistema prisional é o maior fornecedor de mão de obra para o crime organizado. Eles vão bater e voltar e não se discutiu o sistema prisional.”

Ambos questionam as medidas adotadas pelo governo Bolsonaro na Segurança Pública e discutem ainda a falta de diálogo sobre o aumento dos salários dos policiais e também a melhorias nas estruturas das polícias. O discurso do “bandido bom é bandido morto”, defendido pelo atual mandatário do país e corroborado por parte da população pode trazer mais mortes e mais violência.

Da Redação da Agência PT de Notícias com informações da Vice Brasil 

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