Resistência camponesa alfabetiza 900 pessoas em Minas Gerais

Foram 10 meses de aulas, entre o método de alfabetização cubano ‘Sim, eu posso!’ e os ‘Círculos de Cultura de Paulo Freire’, que serviram para aperfeiçoar a leitura e a escrita de 900 pessoas

Agatha Azevedo

Programa "Sim, eu posso!"

“Você também sempre nos falava que essa ousadia só foi possível porque Fidel Castro e o Povo Cubano não tinham medo de resolver os problemas, por mais difíceis que fossem. E essa ousadia atravessou oceanos. O “Sim, eu posso!” alcançou 28 países. Alfabetizou mais de 8 milhões de pessoas. No Brasil, através dos esforços de alguns estados e do compromisso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, o programa foi desenvolvido e ainda se desenvolve nos estados do Maranhão, Bahia, Minas Gerais, Alagoas, Piauí e em várias outras experiências locais. Ah, Leonela! Você iria adorar ir a cada um desses lugares, escutar as histórias desse povo. As músicas, os poemas, os desenhos e as letras que se criaram. É o verdadeiro cultivo da liberdade que se experimenta ao conhecer e se apaixonar pelas letras.”

O trecho acima foi retirado da carta de Juliana Bonassa, do Coletivo de Cultura do MST, à Leonela Relys, responsável pela criação do método de alfabetização “Sim, eu posso!

Foram 10 meses de aulas, entre o método de alfabetização cubano ‘Sim, eu posso!’ e os ‘Círculos de Cultura de Paulo Freire’, que serviram para aperfeiçoar a leitura e a escrita de 900 pessoas em oito municípios de Minas Gerais.

Neste período, a Brigada Leonela Relys, composta em sua maioria por militantes do MST e de movimentos populares, desafiou-se e chegou em regiões onde o direito à educação foi tantas vezes negligenciado.

Desde então, os desafios foram muitos. Turmas distantes, falta de estrutura, deslocamento de militantes, como é o caso de muitos educadores e educadoras que mudaram de região em Minas Gerais para reviver a Jornada de Alfabetização da Revolução Cubana e cumprir a missão de ajudar na busca por conhecimento para tantos brasileiros.

Para a coordenadora do Núcleo de Teófilo Otoni, Maria José, foi com essa mística que projeto resistiu até o fim. Ela ressalta que apesar dos desafios ninguém desanimou: “Os princípios da educação popular, a alegria, solidariedade, resistência e luta, foram inspirações em toda essa jornada”.

E foi nesse clima de solidariedade e dever cumprido, que os oito municípios do projeto realizaram as suas formaturas locais com mística e alegria. Ao todo, mais de duas mil pessoas participam deste momento, entre formandos e formandas, familiares, equipe pedagógica e política do projeto.

“Foram momentos de muita emoção nas formaturas regionais, alguns alunos levaram até as identidades antigas e as identidades novas com as assinaturas dos nossos educandos que aprenderam a ler e escrever”, disse.

Em meio ao cenário complexo que virá no próximo ano, o MST se vê mais uma vez com a responsabilidade de continuar lutando para que a educação chegue para todos e todas, e para que os sujeitos que aprenderam a ler, também possam interpretar o mundo. E assim sendo, construí-lo e reconstruí-lo de uma maneira mais solidária e em harmonia com a natureza.

Por MST

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