Réu confesso, crime 13: Politização, mais uma cortina de fumaça

Para não assumir suas responsabilidades na pandemia, Bolsonaro distorce a realidade e tenta apresentar governadores e países, especialmente a China, como inimigos

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Uso político da diplomacia é investigado na CPI da Covid

Na busca pela imunidade de rebanho sem vacinação, Jair Bolsonaro lançou mão de diversas estratégias para encobrir seus reais objetivos. Como já mostrado nesta série Réu confesso, o atual presidente criou várias cortinas de fumaça para estimular a propagação do vírus, uma vez que não podia simplesmente que tinha o objetivo de adoecer as pessoas propositadamente.

Assim, negou a gravidade da pandemia, apresentou a cloroquina como fórmula mágica e negou um auxílio emergencial digno aos trabalhadores. Outra estratégia foi a politização da pandemia, item 11 da lista de crimes do Executivo na pandemia, elaborada pela própria Casa Civil da Presidência da República.

Há vários exemplos de politização. Quando governadores tomaram medidas para proteger a população, Bolsonaro os acusou de parar o país para prejudicar seu governo. E, diante do desenvolvimento de uma vacina pelo Instituto Butantan, Bolsonaro atacou o governador de São Paulo, João Doria, e desacreditou o imunizante, referindo-se a ele como “vachina”.

Os ataques à China, aliás, são uma constante no discurso de Bolsonaro e de seus filhos e integrantes do governo. No episódio mais recente, em 5 de maio, o atual presidente sugeriu que os chineses teriam criado o novo coronavírus como parte de uma “guerra bacteriológica”.

Após a declaração, o Instituto Butantan denunciou que os ataques ao país asiático ameaçam a entrega de insumos para a produção da Coronavac. E o governo chinês reagiu. “O vírus é o inimigo comum da humanidade. A tarefa urgente agora é que todos os países se unam na cooperação antiepidêmica e se esforcem por uma vitória rápida e completa sobre a epidemia. Opomo-nos firmemente a qualquer tentativa de politizar e estigmatizar o vírus”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin.

CPI investiga diplomacia

Ao fazer uso político da diplomacia, Bolsonaro coloca outros países na posição de suspeitos, num movimento semelhante ao que fez com os governadores internamente. Assim, atrasa o combate efetivo ao vírus sem assumir a responsabilidade por seus atos.

A farsa, porém, fica cada vez mais evidente e começa a ser investigada esta semana pela CPI da Covid, que convocou para depor, nesta terça-feira (18), o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo. O primeiro chanceler de Bolsonaro, além de explicar a escolha do governo de atacar com tanta frequência um parceiro tão fundamental como a China, terá também de esclarecer por que atuou nas instâncias internacionais contra a vacinação de brasileiros.

Sim, é preciso lembrar que Araújo articulou contra a adesão do Brasil ao consórcio de vacinas Covax Facility, formado em 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), conforme revelou a revista Época. Como justificativa para a sabotagem, Araújo dizia às pessoas próximas que fortalecer a OMS seria o mesmo que fortalecer o “globalismo”.

Bolsonaro e seus ministros constantemente acusam adversários de agir por motivações ideológicas. É uma tática para disfarçar o fato de que este é, na verdade, o modus operandi deles. Na pandemia, a politização serviu mais uma vez para encobrir os reais objetivos deste governo, que optou pela imunidade de rebanho sem vacina mesmo sabendo que causaria a morte de centenas de milhares de pessoas. A verdade, porém, em breve estará clara para todos os brasileiros.

Da Redação

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