Com 1,1 milhão de casos, Brasil tem mais infectados do que Rússia e Índia juntas

Enquanto mundo registra mais de 9 milhões de doentes, país tem 1.111.348 e 51.407 mortes por Covid-19. Omisso em relação à tragédia, presidente Jair Bolsonaro não emitiu nota ou fez pronunciamento sobre as mais de 50 mil vidas perdidas. 16 estados e o Distrito Federal têm entre 34% e 39% da população confinada, aponta a plataforma de monitoramento Geocovid-19. Segundo diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, baixa testagem esconde reais números de casos

Com 1.111.348 e 51.407 mortes por Covid-19, segundo balanço do consórcio de veículos de imprensa desta segunda-feira (22), o Brasil parece longe de chegar ao pico da doença. Com a atualização dos dados, o país já tem mais infectados do que Rússia e Índia juntos, nações que estão em terceiro e quarto lugar no ranking mundial da pandemia, com 592 mil e 440 mil doentes, respectivamente. Nas últimas 24 horas, foram computados 24.358 novos casos e 748 óbitos. A taxa de isolamento social também é baixa, com 16 estados e o Distrito Federal mantendo entre 34% e 39% da população confinada, de acordo com dados da plataforma plataforma de monitoramento Geocovid-19. Estados como São Paulo registraram alta circulação de pessoas nas ruas. No Rio de Janeiro, praias lotadas chamaram a atenção da mídia nacional e estrangeira.

O diário inglês ‘The Guardian’, por exemplo, estampou uma foto de uma praia lotada na capital carioca e destacou o silêncio do presidente Jair Bolsonaro sobre as mais de 50 mil mortes registradas no sábado no Brasil. Negligente e omisso em relação à tragédia, Bolsonaro não emitiu uma nota, tampouco fez pronunciamento sobre as mais de 50 mil vidas perdidas. Ao contrário: nesta segunda, o presidente apontou “exagero” em relação ao combate ao coronavírus no país e disse que a Organização Mundial da Saúde (OMS) cometeu “equívocos”.

“A gente apela aqui aos senhores governadores e prefeitos que obviamente com responsabilidade comecem a abrir o comércio. Porque novas informações vêm do mundo todo, vêm da OMS, através dos seus equívocos, que talvez tenha havido um pouco de exagero no trato dessa questão lá atrás”, disse Bolsonaro. Ele também voltou a ignorar os conselhos de autoridades de saúde, insistindo no discurso de relaxamento do isolamento social.

”Eu sempre falei. Vida e emprego, uma coisa está completamente atrelada à outra e não podemos, em alguns locais isolados daqui do Brasil, fazer com que o efeito colateral do tratamento da pandemia seja mais danoso que a própria pandemia”, afirmou Bolsonaro.

Na direção contrária, o diretor do programa de emergências da OMS, Michael Ryan, chamou atenção nesta segunda-feira para as subnotificações e o preocupante registro de mais de 55 mil novos casos da doença no país, anunciado na sexta-feira (19). Durante coletiva para tratar da evolução da pandemia em escala global, Ryan lembrou que o país testa pouco e os resultados positivos dos testes feitos são altos. “Acredito que a taxa de positividade foi de 31% no Brasil, o que geralmente significa que provavelmente há mais casos por aí que não estão sendo relatados”, advertiu Ryan.

Segundo o diretor, “essa tendência ou esse grande número de casos não refletem testes exaustivos, mas, como eu disse, provavelmente subestimam o número real de casos”. Ryan ressaltou também que a quadro pandêmico no Brasil  é reflexo de uma tendência em toda a América Latina, que registrou um aumento de 25% no número de casos na semana passada.

Já o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, observou os que todos os países enfrentam “um delicado equilíbrio entre proteger seu povo e minimizar os danos sociais e econômicos”. Ghebreyesus voltou a frisar, no entanto, que não existe conflito entre economia e saúde, como sugere Bolsonaro. “Não é uma escolha entre vidas e meios de subsistência. Os países podem fazer as duas coisas”, disse ele.

Da Redação, com agências internacionais

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