Brasil ultrapassa EUA em número de novas infecções diárias por Covid-19

Anúncio feito pela OMS nesta quinta-feira (4) consolida condição do país como pária global. Política genocida de Bolsonaro a favor da disseminação do vírus coloca o Brasil em 2º lugar entre as nações que mais enfrentam barreiras nas fronteiras com outros países, atrás apenas do Reino Unido. “Nós vamos entrar numa situação de guerra explícita”, prevê o neurocientista Miguel Nicolelis

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A estratégia genocida de Jair Bolsonaro de deixar que mais pessoas se contaminem por Covid-19 no país, além de letal aos brasileiros, tornou-se uma ameaça real ao combate mundial à pandemia. Nesta quinta-feira (4), a Organização Mundial de Saúde  (OMS) anunciou que o Brasil ultrapassou os EUA em número de novas infecções diárias. Foram 59,9 mil registros no Brasil, ante a 57,8 mil novos contágios entre os americanos. De acordo com a OMS, um em cada novo caso mundial da doença é brasileiro.

Alertados pela comunidade científica internacional sobre os perigos das novas variantes do vírus, mais países passaram a incluir o Brasil na lista de nações para as quais as fronteiras estão fechadas. Segundo dados da ‘Folha de S. Paulo’, de uma lista de 150 países, 17 já impuseram restrições ao país. O Brasil empata com a África do Sul e só fica atrás do Reino Unido, que agora tem de lidar com 25 destinos com barreiras.

As medidas levam em conta pessoas que passaram pelo Brasil antes da chegada aos países. O quadro consolida a condição brasileira de pária internacional, alcançada desde que Bolsonaro tomou posse e implementou uma política desastrosa que destruiu a imagem do país no Planeta.

Seja com a devastação e incêndios criminosos de florestas tropicais ou com ataques diplomáticos a parceiros estratégicos como a China, o dedo podre de Bolsonaro está sempre por atrás de ações que horrorizaram o mundo nos últimos dois anos. Agora, a explosão de infecções e óbitos acendeu um novo alarme entre autoridades de saúde, que temem os efeitos de novas variantes, resultantes da livre circulação do vírus. 

Na quarta-feira (3), mais um recorde de óbitos foi batido, com o registro de 1.840 vítimas fatais pelo consórcio de veículos de imprensa e 1.910, de acordo com a contagem do Ministério da Saúde. “Nós vamos entrar numa situação de guerra explícita”, prevê o neurocientista Miguel Nicolelis, em entrevista ao jornal ‘El País’. “Podemos ter a maior catástrofe humanitária do século XXI em nossas mãos”, alerta o professor da universidade de Duke, nos EUA.

Genocídio

“Se você tiver 2 mil óbitos por dia em 90 dias, ou 3 mil óbitos por 90 dias, estamos falando de 180 mil a 270 mil pessoas mortas em três meses. Nós dobraríamos o número de óbitos”, calcula o professor. “Isso já é um genocídio, só que ninguém ainda usou a palavra. O que são 250 mil mortes sendo que a vasta maioria poderia ter sido evitada?”, questiona.

Nicolelis adverte ainda para  colapsos do sistema de saúde em série, o maior deles no estado de São Paulo. Pelo andar da carruagem, argumenta, o país poderá chegar a 3 mil óbitos diários nas próximas semanas, caso medidas mais severas não forem adotadas imediatamente pelos governos federal, estadual e pelos municípios, prevê o cientista.

Lockdown urgente

Para mitigar os efeitos da crise e salvar vidas, Nicolelis defende duas medidas integradas: um lockdown nacional de pelo menos 21 dias e o pagamento do auxílio emergencial para manter as pessoas em casa. Além disso, será necessário a criação de uma comissão nacional para tomar a frente das ações, uma vez que o Executivo se nega a lidar com a crise.

“A população nunca teve uma mensagem correta da gravidade da pandemia porque não temos nenhum estadista no país”, observa Nicolelis. “Faltou decisão política e visão estratégica. Faltou as pessoas eleitas pensarem não nos lobbys econômicos e políticos que as sustentam, mas nos cidadãos como prioridade. É preciso bancar uma decisão”, adverte.

Variantes, uma bomba relógio

O cientista sustenta que, enquanto o espaço aéreo brasileiro estiver aberto, outras linhagens do vírus chegarão, somando-se às que já estão em circulação. O potencial é devastador. “Acabaram de detectar a variante da Califórnia em Minas Gerais, porque alguém veio de avião dos Estados Unidos e trouxe ela”, exemplifica o professor.

“Nós recomendamos fechar os aeroportos em agosto. Repetimos em setembro. E evidentemente a Infraero não deu bola. Temos no Brasil a reunião de todas as variantes, inclusive as nossas próprias. Essa é a bomba relógio”, aponta.

Da Redação, com informações de ‘UOL’, ‘Folha’ e ‘El País’

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