Indicados do governo para o Banco Central aprovados pelo plenário do Senado

Aílton Aquino e Gabriel Galípolo passaram anteriormente por sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal

Pedro França/Agência Senado

Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino foram aprovados pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado

O Plenário do Senado aprovou as indicações do governo para a diretoria do Banco Central. Gabriel Galípolo recebeu 39 votos favoráveis e 12 contrários e vai para a Diretoria de Política Monetária; e Ailton Santos, com 42 votos a favor e 12 contra, assumirá a Diretoria de Fiscalização.

As indicações (MSF 27/2023 e MSF 28/2023) foram aprovadas mais cedo pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) seguiram com pedido de urgência para votação no Plenário do Senado.

Na CAE, o debate transparente com os senadores sobre os gastos tributários afastou a tese de que o povo não cabe no orçamento. Para Galípolo, a inclusão dessa parcela da sociedade no orçamento não passa de “uma questão de escolha” do governante.

Essa foi a tônica das sabatinas de Galípolo e do advogado Ailton de Aquino – indicado para a Diretoria de Fiscalização do banco – realizadas na manhã desta terça-feira (4/7). Os dois foram aprovados na comissão e as indicações foram remetidas para votação em plenário.

“As medidas até aqui implementadas produziram no primeiro semestre a valorização da nossa moeda, previsões de um déficit primário menor, aprovação de uma nova regra fiscal, projeções de crescimento mais elevado, menor inflação e o mercado já projeta taxas de juros mais baixas e cortes na taxa de juros futura”, disse Galípolo.

Veja abaixo a série de vídeos “Banco Central de Bolsonaro: o sabotador da economia brasileira”, em oito episódios

Vontade popular deve ser respeitada por economistas  

Durante a sabatina, Galípolo afirmou que nenhum economista deve impor seus saberes e ideologias sobre economia e sobrepô-los à vontade democrática, muito menos utilizá-los para interditar o debate sobre a política econômica do país.

“Durante muito tempo, nós, economistas, usamos a necessidade de debate técnico para tentar interditar o espaço da economia para o debate democrático ou público. Não cabe a nenhum economista, por mais excelência que tenha, impor o que ele entende ser destino econômico do país, à revelia da vontade democrática”, enfatiza.

Juros elevados são um problema

O líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), relatou aos parlamentares um recente diálogo que manteve com empresários do setor de transportes e as dificuldades enfrentadas pelo setor, principalmente pelas montadoras, que têm decidido pela paralisação das atividades por conta dos pátios lotados.

“Evidentemente que a questão dos juros nos atrapalha. Um empresário me dizia que o problema é que ele financiava um caminhão por R$ 12 mil e, hoje, sai a R$ 18 mil o juro do financiamento. Essa diferença, muitas vezes, é impeditiva para que alguém troque de caminhão ou amplie sua frota. Assim como cidadãos comuns querem trocar um carro, uma geladeira ou uma televisão, e quando você parte para o financiamento fica algo extorsivo”, aponta o senador.

A senadora Teresa Leitão (PT-PE), vice-líder do PT no Senado, destacou que diversos índices econômicos têm melhorado, menos a taxa básica de juros, que está em 13,75%. Para ela, os senadores devem pensar na possibilidade de utilizar de suas prerrogativas para cobrar o presidente do BC, Roberto Campos Netto, a dar explicações para a manutenção da taxa Selic.

“O Banco Central pode atuar de forma objetiva para fomentar a inclusão financeira e reduzir as taxas de juros para os setores mais vulneráveis da sociedade. É para esses que entendemos que a economia deva girar”, avalia a senadora.

Otimismo com o futuro da economia brasileira

O primeiro homem negro da história indicado para compor a diretoria do BC, Ailton Aquino, mostrou confiança e otimismo em relação ao futuro do país e da economia brasileira.

Em sua apresentação, o advogado lamentou o descaso promovido pelas gestões anteriores que terminaram por encolher a área de supervisão da autoridade monetária, que não realiza concurso público há dez anos.

“O BC é instituição de Estado que preza pela ética e pela excelência. Temos hoje um sistema financeiro moderno, complexo e mais sólido, no qual se destaca o papel do Banco Central como regulador”, disse. “Um trabalho desafiador supervisionar todo o universo de instituições bancárias e não bancárias em um país tão vasto e complexo como o nosso. Mas é um trabalho fundamental”, complementa o indicado à diretoria de fiscalização do BC.

Duração dos mandatos dos indicados

O Comitê de Política Monetária (Copom) é formado pelo presidente do BC e mais oito diretores. O Copom decide a taxa de juros da economia a cada 45 dias. Após aprovação pelo Senado, ambos terão mandato até fevereiro de 2027.

Do PT no Senado, com Agência Senado

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