Isolamento internacional é o preço da subserviência a Trump

Até o ex-conselheiro da Casa Branca, John Bolton, aconselhou Bolsonaro a abrir “linhas de comunicação” com o Partido Democrata nos EUA, se levar em consideração o interesse do Brasil na relação com os americanos

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Governo Bolsonaro isolado internacionalmente

O isolamento internacional do governo Bolsonaro vai além dos conflitos ambientais que se acentuaram nos últimos dias. Os atuais inquilinos do Palácio do Planalto pagam o preço de sua política de alinhamento incondicional ao governo Trump. Uma “parceria” que também sinaliza ameaças futuras diante das dificuldades eleitorais enfrentadas pelo atual presidente dos EUA.

Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, o ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton sintetizou a dimensão do isolamento de Bolsonaro e seu governo. Segundo o jornal, Bolton aconselhou Bolsonaro a abrir “linhas de comunicação” com o Partido Democrata nos EUA, se levar em consideração o interesse do Brasil na relação com os americanos.

“É bom que as relações pessoais entre os líderes sejam positivas. Mas os países buscam seu próprio interesse nacional. É exatamente assim que deve ser. Então, o presidente Bolsonaro, olhando para a eleição em novembro e tendo o interesse do Brasil em mente, precisa garantir linhas de comunicação abertas com os democratas”, afirmou Bolton, apontando para as dificuldades do atual presidente do Brasil.

Nesse ano e meio de governo, Bolsonaro colecionou uma lista de prejuízos ao país e vexames internacionais. A base de Alcântara foi entregue, a tentativa de apoio aos EUA em possível invasão da Venezuela rendeu um fiasco para os Exército e nas relações comerciais segue valendo o “American First”. A única “contrapartida” da administração Trump foi a doação de 2 milhões de doses de cloroquila.

Angela Merkel: “É preciso dizer que 30 anos após a reunificação da Alemanha, 30 anos após o fim da Guerra Fria, o mundo está se posicionando de uma nova maneira”. Foto: Reprodução

Para complicar ainda mais a situação de Bolsonaro no tabuleiro internacional, a Europa aposta em se afastar da influência e da dependência dos Estados Unidos. Em declaração pública, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que a defesa da Europa pelos EUA não é mais algo que pode ser dado como certo. A líder alemã defendeu uma Europa unida para “se afirmar em um mundo de outros grandes atores, como China, EUA, Rússia”.

“É preciso dizer que 30 anos após a reunificação da Alemanha, 30 anos após o fim da Guerra Fria, o mundo está se posicionando de uma nova maneira. O que tínhamos como certo, por exemplo, que os Estados Unidos defenderiam a União Europeia, não é mais evidente, está mudando”, afirmou Merkel durante uma coletiva de imprensa com o primeiro-ministro da Baviera, Markus Soeder.

Vexame no Comando Sul

A conquista mais comemorada pelo governo Bolsonaro, a indicação de um general brasileiro para o Comando Sul, liderado pelos Estados Unidos, nesta semana também expôs o governo Bolsonaro à nova situação vexatória. Em solenidade na sede do Comando, em Miami, o general brasileiro David Bellon foi saudado pelo secretário de Defesa, Mark Esper , como o “novíssimo acréscimo”.

“Novamente, brasileiros pagando para ele vir aqui e trabalhar para mim (work for me) para fazer diferença em segurança”, deixou claro o secretário de Defesa dos EUA. Assim, diante de Trump, Esper anunciou o general brasileiro, que não esboçou qualquer reação de contrariedade com a situação. “Nosso novíssimo acréscimo ao nosso quartel general: general David, um dos mais afiados nas forças armadas brasileiras”, completou Esper.

A situação e o fato inéditos na história apenas confirmam o grau da subserviência do governo Bolsonaro à administração Trump. Esper se referia ao general David Bellon, que acaba de se integrar ao comando. No Comando Sul das Forças Armadas dos EUA há um general brasileiro desde 2019, Alcides Valeriano de Faria Júnior, que recebe ordem diretamente do Exército daquele país.

Da Redação, com Agências

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