Lula: soberania também significa desenvolver a indústria nacional

Ao falar na festa de 100 anos do PCdoB, Lula disse que o Brasil precisa, urgentemente, reconstruir a soberania nacional

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Para se reerguer, o Brasil terá de reconstruir sua soberania. E isso significa não só proteger seu território e suas riquezas, mas também se desenvolver industrialmente para dar uma vida melhor aos brasileiros. Foi o que defendeu Lula ao discursar no evento que marcou os 100 anos do PCdoB, no último sábado (26), no Rio de Janeiro. 

“Nós vamos ter que reconstruir uma coisa chamada soberania nacional. Soberania nacional significa que nós precisamos de democracia, mas também precisamos ser donos do nosso nariz”, afirmou Lula, destacando a necessidade de os brasileiros tomarem conta do espaço aéreo, das fronteiras e da biodiversidade.

E prosseguiu: “(Soberania) Também significa a gente tomar conta das nossas riquezas minerais. E isso significa que a Petrobras vai ter voltar a ser do povo brasileiro. Significa que vamos ter que ter a coragem de não deixar privatizar os Correios, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal… Significa que o BNDES vai ter que voltar a ser um banco de investimento no desenvolvimento industrial. Significa que a gente vai ter que ter nova política industrial. Vamos ter que discutir que nicho de indústria vamos querer neste país”. 

Lula lembrou que, desde o golpe de 2016, que tirou Dilma Rousseff do poder, os governos Temer e Bolsonaro atuaram apenas para entregar o patrimônio nacional e destruir os direitos e a qualidade de vida do povo trabalhador, sempre com base em mentiras. Uma dessas mentiras é o ataque à Petrobras, que tem tido seu patrimônio vendido e fatiado em nome da “livre concorrência” e em prejuízo da população, que hoje paga preços absurdos pelos combustíveis e pelo gás de cozinha. 

“Quando eles começaram a fatiar a BR Distribuidora, o que eles diziam? ‘Nós vamos precisar da livre iniciativa porque, se nós tivermos mais empresas, vai ter mais concorrência, e a concorrência vai baixar o preço’. Pois eu vou dar números para vocês. Em 2008, com a crise econômica, o preço do barril de petróleo chegou a US$ 147, e o preço da gasolina no meu governo era apenas R$ 2,60. (…) Hoje, tem 392 empresas importando gasolina dos Estados Unidos, pagando em dólar”, observou Lula.

Outro ataque à soberania se deu por meio do desmonte da indústria naval e do petróleo e gás, que estava diretamente atrelado ao uso da Petrobras em favor dos interesses nacionais, lembrou o ex-presidente. “Nós tomamos a decisão de que todos os navios, plataformas e sondas tinham que ter 70% de componente nacional para a gente desenvolver a engenharia, a tecnologia e a indústria brasileira. Eles acabaram com isso. (…) Por isso eu tenho dito: se preparem. Brasileiras e brasileiros, se preparem, porque nós vamos abrasileirar o preço do combustível, do gás de cozinha e do óleo diesel neste país (assista ao discurso de Lula no vídeo abaixo).

O preço que o Brasil paga

Com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o Brasil se tornou um trágico exemplo de como uma país que abre mão de sua soberania deixa seu povo totalmente indefeso diante das incertezas internacionais. O desmonte e entrega da Petrobras, como bem detalhou Lula, é o caso mais evidente. 

Se, em 2008, os brasileiros continuaram pagando preços razoáveis pelos combustíveis apesar da grande crise econômica que se abateu sobre o globo, é porque havia no país um governo que fortalecia a estatal e a dirigia de forma a sempre priorizar os interesses nacionais. Bolsonaro, ao contrário, enfraqueceu a empresa, dolarizou os preços e paralisou as refinarias, tornando o Brasil dependente da importação de gás e combustíveis. Resultado: os preços não param de subir e impactam também no preço dos alimentos, pois o frete para transportá-los fica mais caro.

E há mais exemplos. Nos governos do PT, a Petrobras ampliava suas fábricas de fertilizantes, e o motivo era muito simples: um país como o Brasil não poderia jamais correr o risco de ter sua produção de alimentos interrompida, pois esse fato representaria uma grave ameaça à economia e à segurança alimentar da população. 

Pois Temer e Bolsonaro passaram a fechar essas fábricas com o argumento de que era mais barato importar, e o Brasil, que chegou a produzir 42% do fertilizantes que utiliza, hoje não produz nem 5%, segundo o Sindicato Nacional das Indústrias de Matérias-Primas de Fertilizantes (Sinprifert). Agora, com as sanções que os Estados Unidos impuseram sobre a Rússia, o país tem suas safras ameaçadas. 

Da Redação

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